1. Confesso não ter achado graça nenhuma às críticas endereçadas por um destacado porta-voz do principal partido do Governo ao FMI, acusando-o de “hipocrisia institucional”...para além da dificuldade em interpretar tal conceito e da total ineficácia da iniciativa, estas críticas, bem como a sua sonante divulgação pública, sinalizam um estado de nervosismo ou de insegurança que não augura nada de bom...
2. Também não achei graça ao anúncio da Standard & Poor’s de colocar sob alerta amarelo o rating atribuído à dívida pública portuguesa, o que pode vir a traduzir-se num “down-grade” como próximo episódio...se já é muito difícil (e caro) o acesso ao mercado financeiro com o rating actual (lixo), muito mais difícil e caro ficará após um “downgrade (para lixo de 2ª escolha)...
3. Já quase nem vale a pena falar do completo desvario das hostes Crescimentistas, que agora disparam em todas as direcções – nomeadamente contra si próprios, neste caso com pontaria assaz afinada – divulgando propostas que em cada dia se revelam mais irrealistas e tontas do que as da véspera (numa espiral de insanidade que admito possa arrefecer após o próximo dia 29, mas ainda faltam 10 dias...).
4. E nem é preciso referir o precioso contributo do TC, com a sua “artilharia” jurisprudencial sempre disponível para agravar o cenário, caso os demais factores não sejam suficientes...
5. Em suma, tudo isto são maus sinais...receio bem que a renovada Troika possa chegar rapidamente à conclusão de que esta gente não tem mesmo emenda, que nem com um segundo resgate haverá solução para tanta falta de responsabilidade ou desvario...por este andar, qualquer dia até a Grécia ficará uma miragem...
26 comentários:
Para mim é incompreensível como há tanta gente à espera que isto corra mal quando não têm alternativa nenhuma. O PS agora já está de acordo com os cortes de salários e pensões. O problema agora é a velocidade.
Dr. Tavares Moreira
Uma pequena parte do país anda de cabeça perdida, o que pensam, defendem e decidem convenhamos que não obedece a um caminho estruturado, com princípio, meio e fim. Ninguém se entende, quando é óbvio que sem um entendimento institucional, político e social alargado a situação tenderá a piorar. A outra parte do país assiste a tudo isto com um encolher de ombros, está a passar mal, vive com grandes dificuldades e privações de uma vida digna e normal e faz um esforço para sobreviver e ajudar a economia. A pequena parte deveria olhar bem para o país e libertar-se dos seus egoísmos.. A Troika deveria também alinhar um discurso credível e consistente. O seu estatuto de credor exige que assim seja.
- Quando TODOS os partidos concordam que a troika devia flexibilizar as metas de um estado cujos cujos postos de trabalho valem o dobro dos portos de trabalho de quem lhes paga, como se isso fosse bom para nós;
- Quando o PR e o TC (é curioso como das suas análises o sujeito que assinou as medidas que levaram o estado à falência e manda as leis para o TC com o roteiro para o chumbo agrafado fica sempre fora da história) defendem esta situação com com unhas e dentes;
- Quando os únicos que aparentemente tentam fazer alguma coisa são considerados como "alinhados com a troika", como se tivessem a colaborar com um genocídio;
- Quando as alternativas a esses únicos são exactamente as bestas que acusam os únicos disso...
...eu diria que a S&P está errada. Não há rating possível para o estado português
Caro Luís Moreira,
Se bem entendo, a velocidade pretendida é o "ponto-morto"...
Cara Margarida,
Ainda há uma terceira parte do País, cujas dificuldades não serão assim tão grandes ou pelo menos não aparentam...
Refiro-me, por exemplo, aos que voltam a entupir a A5 com automóveis (como já não se via há alguns anos), desde as primeiras horas da manhã, fazendo com que as filas comecem logo na portagem de Carcavelos...
Esses, pelo menos trazem excelentes notícias para a Brisa...
Como disse Pacheco Pereira, «esta gente», ou seja, o Governo, trabalha em conluio com a Troika. Pior, «esta gente» trabalha para a Troyka...
Caro Tonibler,
Em 1º lugar, de acordo (na substância, embora com reservas quanto à forma) com a sua conclusão.
Relativamente ao ponto do PR, eu não estou a indulgencia-lo - por exemplo não achei tb qualquer graça à recomendação de bom-senso que dirigiu há dias publicamente à Troika, acho que este tipo de afirmações na melhor hipótese serão ineficazes, nem a populaça satisfazem...
Simplesmente, como estou certo de que o Senhor se ocupa sempre desse capítulo, nem tenho de me dar ao trabalho de o mencionar, sei de antemão que outrem o fará...
pois...
..são os outros!
A unica parte que não terá nada a ver com a S&P e a revisão do rating, será tão somente:
1- o caminho que temos seguido.
2- as politicas aplicadas.
Tudo e todos os outros são responsaveis pela potencial descida do rating...
este tipo de analises quase me parecem a musica da Orquestra do Titanic!...o barco está a pique, mas a banda continua a tocar, sempre na mesma nota!
Caso para dizer: Mudem-se "todos os outros", boa ?
Dr.Tavares Moreira,
Confesso que também não achei graça nenhuma ao que o Marco António disse!Mas enfim!Aguardemos pelo "bom senso"!
Caro Tavares Moreira
A anedota do veículo em sentido contrário na autoestrada e o comentário do seu condutor parece-se mais adequada ao momento, dado que espelha o que se está (vai) passar.
Apenas um pequeno apontamento, a troika mudou de actores sem, antes pelo contrário, mexer no guião.
Aparentemente, parecem ter uma concepção minimalista da comunicação das suas intenções; na verdade, o que têm para acrescentar ao que, desde o ano passado, foi amplamente negociado?
Caro Tavares Moreira, só improvisa quem domina a técnica e o guião o que me leva, mais uma vez, ao programa original....ainda vamos ter saudades do mesmo.
Cumprimentos
joão
Caro Tavares Moreira, saiba que também não gostei da recomendação do PR à Troica, assim como não apreciei a referência que ele fez ao projecto de lei do governo para reduzir as pensões da CGA, quando, ao referir-se ao corte anunciado, o considerou um "imposto". Ou terá sido um “lapsus lingue”?
Caro Pedro,
O pior é se os credores resolvem também mudar-se, deixando o bravo mutuário lusitano entregue às malvas!
Caro João Jardine,
Essa do condutor em contra-mão, numa AE, assenta que nem uma luva a esta infeliz situação...
E creio que tem razão quando diz que ainda vamos ter saudades deste PAEF...
Caro Tiro ao Alvo,
Os lapsus linguae que refere são bem pouco auspiciosos, na minha perspectiva - embora deva reconhecer que desempenham uma importante função social, qual seja a de ajudar à confusão... Esclarecem, baralhando...
Lapsus línguae porquê?
Caro Alberico.lopes,
Receio que essa sugestão de aguardar pelo bom senso nos possa fazer ficar indefinidamente na sala de espera...
Por não ter sido um lapsus linguae é uma injustiça a S&P chamar à república portuguesa de lixo. Há tantos estados que defendem o país que são chamados de lixo que misturá-los com a república portuguesa é uma enorme injustiça. Bolas, eles não são Portugal!
Caro Tonibler,
O aviso da S&P vai no sentido de nos (não o Senhor ou eu,salvo seja, mas a dívida desta interessante República)classificar como lixo de 2ª escolha, não de 1ª como ainda nos orgulhamos de ser, actualmente...
...o que é uma injustiça para vários estados do mundo que estão a fazer de tudo para defender o país e que têm classificações desse tipo.
Não creio que se trate de uma injustiça...todos (os Estados)têm o direito inalienável ao estatuto de lixo, não somos nem mais nem menos que os outros e vice-versa...
Só resta saber se a eventual decisão da S&P não estará ferida de inconstitucionalidade, por ofensa a algum dos sagrados pricípios (igualdade, proporcionalidade, confiança, endividamento ilimitado, etc...).
Ora por exemplo, este pequeno sinal:
"Segundo o relatório de um grupo de trabalho interministerial agora tornado público, a redução da taxa de IVA na restauração "representa uma medida activa de estímulo à economia, com especial enfoque no emprego, podendo gerar efeitos positivos semelhantes aos observados noutros países europeus que reduziram a taxa do IVA na restauração".
È caso para perguntar porque não foi o assunto estudado antes de a taxa de IVA ter sido subida."
(in: http://abcdoppm.blogs.sapo.pt/1149717.html )
a) um sinal da culpa do TC?
b) um sinal dos Crescimentistas?
c) um sinla da incompetencia de quem nos governa ?
RESPOSTA CORRECTA: só pode ser alinea C).
E lá está, bem que aqui pela lusitania, podemos andar entretidos com SPIN's e "defesas cegas das nossas damas"...
...que o que isto demonstra bem é que nos vão ao bolso...para nada!
(sim, já sei que me vão cair em cima e chamar Crescimentista e outros epitetos...o habitual! mas o que está em causa não sou nem eu, nem tão pouco a minha opinião...é tão somente as conclusões de um estudo...que sai agora, quando deveria ter precedido a medida em causa)
Caro Pedro,
Não é preciso qualquer estudo para se perceber que a redução do IVA sobre a venda de artigos de consumo - restauração ou qq outro negócio - será indutora de maior consumo e, consequentemente, mais actividade...
E também é evidente que se não tivessem sido as medidas dirigidas à travagem do consumo - as de inciativa governamental e as ditadas pelo simples funcionamento dos mercados, como o encarecimento do crédito - a economia nunca mais se equilibrava e cairíamos numa crise sem qq saída que não fosse a bancarrota generalizada, com consequências sociais infinitamente mais gravosas do que as acontecidas até agora.
A partir daqui, o seu questionário torna-se irrelevante, não me leve a mal por esta conclusão.
A resposta pode ser qualquer uma, tanto faz.
Caro Tavares Moreira,
(óbvio que não o levo a mal. Julgo ser algo reciproco e não serem necessárias estas ressalvas)
Assim sendo, e estando nós de acordo que há “inevitabilidades que são invitáveis” (perdoe-me a liberdade linguística)
…para as quais “a resposta pode ser qualquer uma, tanto faz.”
parece-me que á luz desta realidade, se na analise Qualitativa das medidas pouco haverá a debater…
…será na Quantidade em que as mesma se aplicam que reside o busílis da questão.
Porque assim como concordamos facilmente com o que me explicou, também é obvio que do “tanto faz”, de uma maneira (austeridade) ou de outra (crescimento),
qualquer uma das vias levadas ao “exagero” as consequências são completamente negativas e contraproducentes.
Ora se até aqui estivermos de acordo…só sobrará espaço para debater na perspectiva Quantitativa…na definição de “até onde se sobe, sem sufocar?”
e no “até onde se pode descer, sem esburacar?”.
É nesta dicotomia que reside o “segredo dos deuses” e a solução do nossos problemas!
Mas se a cada tentativa de avaliar a aplicação, de debater os “Quantitativos” das medidas, saltam logo epítetos de “Crescimentistas”…
Ou na inversa de “Au-histericos”… não iremos nunca a lado nenhum!
E este sim, é talvez o maior “mau sinal” do nosso Pais : Elites e Intelectos "tendencialmente sectaristas" e sem abertura ao debate!
(e isto de parte a parte, de um lado e do outro - sem qualquer tipo de acusação a alguém em particular)
Enquanto este “sinal vermelho” de evolução social, não se transformar num “sinal verde”…julgo ser muito difícil conseguirmos dar a volta ao Presente.
...e só lá iremos com a contribuição de Todos! com abertura de espirito e sem "clubismos"!
...sem epítetos, nem á prioris!
não acredito que haja outra via, e mesmo esta julgo todos termos consciencia que não será facil para ninguem.
Caro pedro,
De clubismos, no sentido político do termo, ando afastado há muitos anos e sou incapaz de emitir um juízo sobre estes temas sob tal tipo de influência - este Post é bem uma prova disso mesmo, creio.
Quanto à essência da questão, existe um ponto fundamental a debater: sem financiamento não há Crescimento.
E onde é que vamos encontrar fontes de financiamento para o Crescimento com as finanças públicas desordenadas e, consequentemente sem acesso aos mercados?
Se encontrarem uma alternativa aos mercados, válida, eficaz, em custo e em montante que assegure o financiamento da economia sem perturbações, em ambiente Euro ou fora dele, muito bem...
Doutro modo, não sou capaz de entender esta conversa de "primeiro o Crescimento".
Mas até agora ninguém se mostrou capaz de mostrar que tal alternativa existe...
De acordo com o princípio da igualdade dos cidadãos perante o bitoque, o único que tem que ser respeitado pelo TC, o IVA da restauração tem que descer porque as cozinheiras têm mais direito ao emprego que os outros todos. A bem da nação.
“a renovada Troika possa chegar rapidamente à conclusão de que esta gente não tem mesmo emenda”.
1. Insurgem-se os nossos ortodoxos economistas contra membros do governo, contra a oposição, contra tudo e contra todos. Perdão, contra a Troika, essa divindade estrangeira que estrangula o país, não.
2. A ela, presta-se a maior vassalagem. A uns funcionários, pagos pelos portugueses a peso de ouro, para os espoliarem, do BCE, CE e BCE, a esses mercenários, ajoelham-se os nossos dogmáticos neoliberais e prestam-lhes todas as homenagens.
3. A razão de ser desta atitude prende-se com o ataque ao estado social que a Troika impõe e que o governo seria incapaz de concretizar sem a sua ajuda. Para os neoliberais o estado deve ser mínimo, isto é, a escola pública deverá privatizar-se, bem como a Saúde ou a protecção social. O património do estado deve ser privatizado, mesmo ou sobretudo as empresas que dão lucros ao estado (como os Correios ou as Águas, os Combustíveis, etc,). Depois, como não há receitas do estado, quando se fez tudo para as diminuir, haverá que praticar cortes sociais. Que se traduzem em menores receitas recomeçando novo ciclo da espiral recessiva.
4. Tudo isto a realizar por um partido que se diz Democrata Social. Democrata Social uma ova, tudo isto são políticas de um partido da ultra direita.
5. Seria bom que estes nossos ortodoxos escutassem as palavras do Relatório da UNCTAD de 2013:
Ao contrário do crescimento impulsionado pelas exportações, as estratégias de procura dirigidas podem ser realizadas por todos os países ao mesmo tempo e sem efeitos de empobrecer o vizinho… se muitos países em desenvolvimento logram coordenadamente ampliar a sua procura interna, as suas economias poderiam converter-se nos mercados da outra e estimular o comércio regional… Por tanto, mudar o enfoque das estratégias de desenvolvimento dos mercados internos não significa minimizar a importância do papel das exportações. Ao adoptar uma estratégia de crescimento com um papel mais importante para a procura interna, os países devem lograr um equilíbrio adequado entre o aumento do consumo das famílias, o investimento privado e a despesa pública. O fomento da capacidade aquisitiva da população é um elemento chave neste sentido. Isto pode alcançar-se através de uma política de rendimentos, com transferências sociais específicas e planos de empregos do sector público. A criação e redistribuição de rendimentos às famílias é fundamental para esta estratégia de desenvolvimento, já que as famílias tendem a gastar uma maior proporção dos seus rendimentos no consumo, em bens e serviços produzidos na região.
Não escutam. Para eles vale a lei de Say. E daí não arredam pé.
As cozinheiras e os cozinheiros, convém não esquecer, caro Tonibler;o género masculino tem vindo aliás a adquirir grande notoriedade nesta arte, nos últimos anos, ao ponto de suplantar o ouro género...
Ou o Senhor entende que deveria existir distinção na taxa do IVA dependendo do género do pessoal de cozinha?
Mas confesso não me espantaria que os nossos brilhantes legisladores, se se aperceberem da sua sugestão, venham a introduzir uma variante de IVA para a restauração com taxa especialmente baixa quando o pessoal de cozinha for feminino...
Passará a ser conhecida como a taxa Tonibler, tornando-se tão famosa como a taxa Tobin!
Mas isso seria uma enorme honra. Até poderiam honrar-me se juntassem a lei ao Plano Rodoviário Nacional, aos Códigos do Direito todos, às leis do orçamento e aos discursos do Seguro (brilhante a sugestão da banca assumir os calotes do estado às empresas....) e publicar aos sábados com o Expresso a colecção "Estupidez" em fascículos.
Essa sugestão de forçar a banca (CGD certamente, os restantes não vejo bem como a não ser com a ameaça de retirar os Coco's, ameaça que teria um efeito boomerang letal...)a financiar as dívidas do Estado, nos vários escalões central, regional e autárquico, ao empresariado lusitano, afigura-se uma das maiores descobertas deste século...
Nem repararam que isso está na prática sendo feito todos os dias quando os bancos adquirem maciçamente dívida pública, Acontece simplesmente que o(s) Estado(s) resolve(m) dar outra utilização aos fundos mutuados...quando nada o(s) impedia de solver(em) a dívidas aos seus credores...
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