O que a empregada disse foi: a máquina da roupa não lava bem, a senhora queixa-se de que a roupa fica áspera e antes não ficava. Um dos filhos, de visita a casa da mãe, resmungou, que maçada, é preciso tratar disso.Dias depois a senhora contou a outro dos filhos a avaria da máquina, gasta água e luz e lava mal, ele foi experimentar o botão dos programas, a máquina arrancou, concluiu que era incompetência da empregada e esqueceu o assunto. Semanas passadas, corriam na família os protestos da empregada por ter tido que passar a lavar a roupa à mão, alguém decretou que a máquina não prestava e que mais valia mandar a roupa à lavandaria. Outro alguém comentou que era com certeza fácil o conserto, as máquinas são todas iguais e já tinha resolvido um problema idêntico numa máquina parecida. Mexeu aqui e ali, abanou, ajustou, depois disso a máquina só lavou meio programa e a roupa ficou a boiar na água. Torça-a à mão, disse o habilidoso à empregada, a máquina não vale o arranjo e uma nova custa mais do que levar os lençóis a lavar fora, assim gasta-se menos água e electricidade. O assunto foi esquecido até se começar a somar a conta da lavandaria, mais os protestos da senhora porque a empregada perdia imenso tempo na rua, roupa para cá, roupa para lá, deixava-a sozinha em casa, vejam lá se isto se admite. A empregada passou a espaçar as idas à lavandaria até que alguém a censurou pela roupa suja acumulada no cesto, a patroa aproveitou para se queixar que na véspera não tinham encontrado a sua blusa preferida, ralharam com a empregada por ir à rua tantas vezes, por não ter a roupa pronta, por ter estragado a máquina, por gastar tanta electricidade, por não ser responsável,ela respondeu que sem máquina nada feito e que a culpa foi de se meterem a mexer sem saber, a conversa azedou, disse que então ia embora, então vá, afinal a máquina tem arranjo ou não, o melhor é comprar uma nova, não, telefona-se primeiro à assistência da marca, gastaram dinheiro na lavandaria, no arranjo da máquina, pediram desculpa à empregada que falou logo em aumento de ordenado e a patroa comentou que afinal aquilo da roupa áspera mal se notava, depois de arranjada a máquina até parece que ficou pior, se era para tanto barulho, tanta despesa e ficar pior, mais valia nunca se ter queixado da máquina.
14 comentários:
Com este "swap" ficou a ganhar a empregada; arriscou, é certo, mas o risco originou uma compensação: recebeu aumento de ordenado e uma "aura" que lhe permite no futuro, perante uma situação de desacordo com a patroa, colocar-se em bicos-de-pés e avisar: lembre-se do episódio com a máquina de lavar roupa...
;))
Ahahahahahah! Problemas domésticos muito Portugueses mas que me fizeram dar uma sonora gargalhada. É que um dos (entre varios outros) meus problemas domésticos com as empregadas e motivo pelo qual varias não aceitaram estar ao meu serviço ou se foram embora de minha casa quando perceberam que eu falo a sério é precisamente o tratamento da roupa. Sou muito minucioso com a questão da roupa e há várias peças que não quero que sejam lavadas na máquina. Têm que ser lavadas à mão. O problema é que hoje em dia as empregadas não estão para ai viradas...
Eu tenho uma empregada há 30 anos ( sempre a mesma ) e não faço ideia nenhuma como é que ela lava a roupa...
Caro Luís, eu tenho várias peças de roupa pelas quais tenho um carinho especial por estarem associadas a momentos ou eventos em particular. São peças que vão muito além da perspectiva utilitária de cobrir o corpo e proteger do frio. Daí ser tão exigente quanto ao tema. Sou-o, aliás, em tudo quanto toca o estado da casa e do que me rodeia.
Uma vez que o tema do post é afinal dedicado às tarefas doméstica, com especial incidência específica na lavagem de roupa suja (o que eu não tinha percebido até ler os comentários dos estimados Zuricher e Luis Moreira), aqui lhes deixo um tema musical relacionado:
http://www.youtube.com/watch?v=clrmt-sb-P4
O qual confirma as vossas afirmações; não ha máquina que substitua o trabalho manual... aplicado, vigiado, controlado e... saneado.
;))
O que eu queria dizer é que a senhora nunca se queixou da máquina mesmo quando avaria.
Uma excelente parábola.
Cinco em cinco.
Lá em casa não há destes problemas. Não temos empregada, nunca tivemos, aliás. É coisa de país subdesenvolvido. Falo a sério. Vejam as estatísticas. Comparem, quanto ao assunto, a Índia com a Noruega, por exemplo.
Caro Luís Moreira guarde bem essa empregada, isso já não existe, mas aposto que não tem um monte de pessoas a decidir sobre o arranjo da máquina e a dar ordens contraditórias à empregada!
Cara Drª Suzana, vai desculpar-me mas discordo do conselho que dá ao nosso amigo Luis Moreira.
Se a empregada já o serve ha 30 anos, está na altura de a entregar para abate e adquirir uma nova, mais sofisticada e familiarizada com as tecnologias mais recentes.
Estes equipamentos domésticos apesar de não possuirem componentes electrónicos como os actuais, já possuem um design desactualizado e os processos de funcionamento arcaicos tornaram-se obsoletos pela demora na execução das tarefas. Além de que, tendem a não reconhecer e a não executar com facilidade e eficiência as ordens que lhes são dadas.
;))
A Drª Suzana é que tem razão. Com uma empregada destas não há tecnologia nem mais nem menos recente.
Olhe que não, caro Luís Moreira, olhe que não. Pelos vistos o caro Amigo não está ainda familiarizado com a alta tecnologia que é possível importar do Brasil... de Copacabana...
eheeh dessa tecnologia sei pouco. Aí está como a D. Emília afinal não é perfeita.
Suzana
Toda a gente ralha e ninguém tem razão! No fim é o descrédito total. Prejuízos, ineficiências, perdas de tempo, reivindicações, culpabilizações, insatisfação, enfim, um sem acabar de coisas a evitar. À portuguesa, pois com certeza!
O caro Luís Moreira parece um pouco fora da modernidade, a valorizar a experiência, a lealdade e a autonomia de decisão da empregada ;)
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