Os resultados deste barómetro hoje publicados são suficientemente interessantes para que possa deixar passar em claro. Alguns destaques:
PS/Governo – Perdem 9 pontos relativamente aos resultados de Julho. Uma queda que possivelmente não ficará por aqui (derrota mais que certa nas autárquicas, aumento da contestação social visível, OE 2006, etc.). Trata-se de uma clara inversão do “estado de graça” para a anunciada desgraça perante a opinião pública. Em pouco mais de seis meses, o PS/Governo consegue inverter as expectativas, algo só ultrapassado pelo governo de Santana Lopes. Sabe-se que a estratégia é “carregar” agora para libertar na segunda metade do mandato. Barroso também pensava assim e depois viu-se!
PSD – Beneficia com a “desgraça” do Governo sem que tenha feito alguma coisa por isso. A oposição tem sido “mole” e esse facto reflecte-se na cotação do seu líder: a pior, juntamente com Sócrates (-21%). Marques Mendes não ganha a credibilidade pública por que tanto tem pregado e é entendido como líder “a prazo”. Há potencial para recuperar e consolidar o eleitorado do centro-esquerda, mas para que isso aconteça é preciso algo mais.
Outros Partidos – À esquerda capitalizam o descontentamento, à direita quase não se dá por ele.
Cavaco / Marcelo – O primeiro já se vê ultrapassado pelo segundo o que significa que o Centro e a Direita têm dois bons pré-candidatos, ou seja, tem Plano A e Plano B. Nunca visto!
Soares / Alegre – Soares perde 40 pontos percentuais, Alegre aguenta como 2.ª figura da esquerda, logo a seguir a Vitorino. Manifestamente a opinião pública não gostou da entrada de Soares na corrida presidencial. Isto promete!
Boa surpresa – A de Maria de Lurdes Rodrigues. Os ministros com saldo positivo são geralmente identificados como os menos expostos e que não “mexem” muito, estilo “mula silenciosa”. Maria de Lurdes, é a única que consegue recolher apreciação positiva mesmo tendo assumido o odioso de “atacar” os professores. Os meus parabéns!
8 comentários:
Para quem vive neste país de olhos abertos estes resultados não surpreendem em absolutamente nada.
O problema é que muitas pessoas há que vivem de "Eyes wide shut" (como a actual liderança do PS, que apostou num cavalo decrépito, mas que não quer dar o braço a torcer e está a ver a PR por um canudo), e por esse motivo continuam-se a ver as barbaridades que se vêem (e ouvem... e lêem...) por esse país fora...
Agradável noticía é sem dúvida a prestação da actual Ministra da Educação (ME), mas que bem vistas as coisas acaba por não surpreender muito nesta altura do ano, quando as coisas são vistas à luz da enorme "barraca" que houve o ano passado com a colocação de professores e abertura das escolas, e das confusões que se seguiram nas guerras internas, facadas nas costas e tiros no pé, dentro do Ministério da Educação (que quem por lá esteve, e tem conhecimentos sabe muito bem do que estou a falar)... ou seja, depois do holocausto, umas "bácorazinhas" de nada (como a dos tribunais do Açores não valerem nada perante os tribunais do Continente), e inocentes não aborrecem ninguém, chegando mesmo a ser hilariante!
Por acaso, acho esses resultados surpreendentes. Não o da ministra da Educação, nem os das presidenciais, mas os do PS/PSD. Nem são coerentes com o da ministra, por exemplo.
Sobre a oposição "Mole"
Creio que nestes seis meses a oposição laranja tem sido aquela que devia ser. Era cedo demais para críticas bota abaixo e para liderar o descontentamento popular, sobretudo quando o PSD acabava de ser responsável pelos seis meses mais surrealistas de Governo desde Vasco Gonçalves.
Era preferível deixar esse trabalho à sociedade civil e apostar no trabaho autárquico. Tanto mais que as medidas de fundo e que causa maior impopularidade têm a concordância do PSD. Aliás as sondagens dão razão à estratégia de Marques Mebndes
Creio que depois de 9 e Outubro o PSD e Marques Mendes estarão mais consolidados.
Mas será então altura de se levantar um Grupode Estudos e se fazerem os debates prometidos.
Concordo com o Reformista, teria sido bem lamentável ver o PSD a fazer a oposição irresponsável e trauliteira que o PS adoptou na anterior legislatura. Também por isso está a pagar agora, o pior é que não são só esses, somos todos nós!
Caro Reformista,
por acaso está a falar de um daqueles Grupos de Estudos do PSD como aqueles que existiam no tempo do Prof.CS, e que após as maiorias foram vetados ao esquecimento e abandono pelos orgãos do partido?
Sobre o Grupo de estudos.
1. Confesso que de 80 a 96 estive fora da vida partidária pelo que agradeço toda a informação sobre os grupos de estudos desse tempo.
2.Desde de 1996, quando voltei ao PSD, que participei no grupo de estudos nacional no subsector da saúde. Só aos do tempo de Durão Barroso se poderão chamar grupos de estudos. Contudo mesmo neste tempo o GE da Saúde não era mais do que meia dúzia de pessoas. À sua frente tinha alguém que tinha sido escolhido pelo facto de ser amigo do Dr.Durão Barroso e que, não me conhecendo, me convidou para ser o subcoordenador em função dos ecritos que tinha deixado nos grupos de estudo anteriores.Foi um tempo de reflexão muito rico e que me permitiu desenvolver e consolidar as minhas ideias- do que resultou um livro "A Reforma da Saúde- A Saúde no Estado de Mercado Social". Contudo sempre tive a noção, mais uma vez confirmada, de que quando chega a hora da verdade quem for escolhido para Ministro é que vai decidir as políticas sem ligar peva ao trabalho do grupo de estudos e às pessoas que nele trabalharam.
3. Mas ainda não perdi a esperança de que um dia tenhamos um Grupo de Estudos como elemento central do debate e das decisões políticas. Só assim um País poderá andar para a frente
Prof. David Justino
Sou daqueles que vêm com bons olhos a liderança de Marques Mendes, assim como veria igualmente com bons olhos o PSD ser liderado pela Dr. Manuela Ferreira Leite ou por António Borges. Mas veria com muito maus olhos a liderança de Luis Filipe Meneses, que diga-se de passagem está a trabalhar afincadamente para ser o próximo presidente do PSD e com boas hipóteses de êxito.
Eu por mim espero que os primeiros se entendam, até porque as suas aptidões se complementam. E na linha do comentário anterior que tal se António Borges ou Ferreira Leite dirigissem o Grupo de Estudos com um novo e importante estatuto político que aliás bem merece?
Caro David Justino, não tenho qualquer dúvida sobre o seu conceito de oposição nem sobre o que pensa que deve ser uma intervenção política séria e responsável, já o demonstrou - se fosse preciso - largamente. Mas é muito frequente ouvir confundir as coisas e a época eleitoral é particularmente fértil nisso. Daí o meu comentário que, obviamente, se destinava apenas a precisar o conceito, pondo em relevo o péssimo serviço que o PS prestou ao país quando optou por um caminho diferente.
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