É curioso que quando ouvi o discurso do Primeiro Ministro também me lembrei do cuco, tal como refere o post do David Justino... De facto, em política conta-se demais com o facto de a memória ser curta ou então espera-se que, com o barulho dos comícios, as coisas vão passando sem se dar muito por elas.
É verdade que era preciso mostrar obra feita e deixar para segundo plano a incrível reviravolta que a acção do Governo representa em relação ao programa eleitoral que tinha levado àquela mesma praça os entusiásticos militantes. Mas logo escolheu três factos que em nada se devem aos seus méritos e da sua equipa: "resolvemos o problema da colocação dos professores!!" é falso, porque quem concluiu essa tarefa com muito êxito foi a anterior ministra da Educação Carmo Seabra, este Governo limitou-se a colher os louros; "tivémos um êxito nunca visto no combate à evasão fiscal" como se fosse possível, em apenas 5 meses, melhorar a máquina fiscal de modo a ter resultados espectaculares! Claro que há resultados muito bons, mas tal deve-se ao trabalho intenso anteriormente desenvolvido e à eficácia do Director Geral, que foi praticamente demolido quando a então Ministra das Finanças decidiu muito corajosamente nomeá-lo! "acabámos com a iniquidade das aposentações antecipadas na função pública, era inadmissível as pessoas poderem sair com 49 anos" pena é que não tenha dito isso quando era oposição e o Governo de Barroso revogou a lei que permitia antecipar as aposentações... O que não houve!, sobre o ataque aos direitos adquiridos, as inconstitucionalidades, a agressão aos funcionários, o erro de se impedir com isso a entrada de gente nova! Caíu o Carmo e a Trindade, o PS votou contra todas as leis que introduziram reformas na Administração Pública, incluindo a aposentação antecipada e a Lei da Mobilidade, de que agora são grandes defensores.
Enfim, mais vale tarde do que nunca, mas que as medidas não são da sua autoria, isso não são.
Também achei notável apresentar Mário Soares como o garante da estabilidade e factor de união de todos os portugueses porque "a Presidência da República não é para fazer oposição"... Pois não. Por isso é que Soares fez Presidências Abertas quando achava que Guterres não fazia o seu papel devidamente, por isso é que convocou o Portugal que Futuro, por isso é foi "fixe" quando apoiou a "guerra" à barragem de Foz Côa porque as gravuras não sabiam nadar... Também deve ser por isso que Soares já foi dizendo que não é preciso saber economia e o Primeiro Ministro não se cansou de falar no combate ao défice e na importância da redução da despesa.
Os militantes do Partido Socialistas devem estar um pouco confusos...
1 comentário:
Percebe-se a esperança da memória curta. Mas, por muito desmemoriados que sejamos ainda temos todos bem presente a memória do último Governo.
Bem fazemos por esquecer, mas é impossível.
As consequências são tais que não há dia que não o lembremos
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