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domingo, 4 de setembro de 2005

O Cuco e a política

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Dois ou três factos políticos recentes fizeram-me recordar uma imagem utilizada há cerca de sete anos por José Pacheco Pereira para criticar a então política de inaugurações de António Guterres. Chamava-lhe JPP a “política do cuco” dada a irresistível tentação de se fazer festim com obra alheia. O cuco é conhecido precisamente por colocar os ovos no ninho de outras aves, aproveitando a sua ausência momentânea.
Entre as muitas espécies de cucos, destaque-se o "cuco canoro":

Depois de 12 ou 13 dias de incubação, algumas vezes um pouco antes dos outros filhotes nascerem, nasce o cuco, que antes de 10 horas de vida começa a jogar para fora do ninho seus "irmãos" ou os ovos, até ficar só e ter só p/ ele a atenção da fêmea que, em pouco tempo, fica muito menor que seu "filho".

Muito semelhante no seu comportamento é o "cuco rabilongo":

O cuco-rabilongo, ou cuco-real, é parasita dos corvídeos e das pegas-rabudas, de tal maneira que existem poucos casos de cucos-rabilongos em ninhos de outras aves. A fêmea do rabilongo, aproveitando a ausência das pegas, põe o ovo no seu ninho – às vezes dois – e depois abandona a região. O pequeno cuco-rabilongo, ao contrário do cuco-canoro, convive com seus meio-irmãos no ninho, ao invés de eliminá-los. Mas, mesmo assim, tem um processo muito mais sutil e refinado para exceder as pegas que compartilham o ninho com ele. Durante a alimentação dos filhos, as mães se sentem estimuladas a introduzir alimentos nas fauces destes devido à cor rosada e reluzente no interior das mesmas. Uma força irresistível atrai as aves para o ninho habitado pelas criaturas extremamente atraentes que apresentam cores fortes no interior de seus bicos.

Depois de ver alguns cartazes eleitorais e de ouvir o Primeiro-ministro no seu discurso de “rentrée” sou levado a concluir que este governo e alguns autarcas estão a transformar-se numa família de cucos, onde à falta de “ninho” novo se põem os ovos no ninho dos outros. Refiro-me a autarcas que em menos de um ano conseguiram erradicar as barracas do seu concelho, ou de Sócrates que parece ter inventado uma solução milagrosa para facilitar a fixação dos docentes nas escolas.
Confesso que neste exercício só não gosto de fazer o papel de pega-rabuda.


1 comentário:

Carlos Monteiro disse...

Confesso que várias vezes me interrogo sobre o que leva alguém a estar na política: Se é a vontade de servir a "causa pública" ou se é entrar para um clube privado onde se discute, em circuito fechado, a autoria que quem fez o quê e o debate demagógico sobre o mérito ou demérito de decisoes tomadas por uns cuja autoria outros reclamam ser sua. Porém esta atitude tem nuances: Perante uma boa decisão, reclama-se neste blog que ela resulta de uma decisão tomada por outrém, noutro governo de côr diferente. Perante uma decisão desagradável como o incontornável aumento de impostos que derivou de uma MENTIRA que o anterior governo nos enfiou, ela é da exclusiva responsabilidade deste, não havendo ninguém a exigir a sua autoria.

Curioso...