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quinta-feira, 15 de setembro de 2005
O Bastonário dos Médicos e a Burka
Segundo o Diário de Notícias de hoje, a Ordem dos Médicos “está a preparar uma recomendação para que algumas consultas sejam feitas na presença de uma testemunha. A medida tem como objectivo evitar acusações de assédio sexual entre médico e cliente…”
Já há bastantes anos era considerado inconveniente as meninas e as senhoras passearem sozinhas na rua, irem ao café ou até irem ao médico não acompanhadas.
Felizmente, isso passou.
Passou? Não. Segundo o Bastonário, “ é recomendável que, quando haja condições facilitadoras de assédio, a consulta seja feita na presença de uma assistente”. Uma e não um!...E dá o exemplo da ginecologia!...
O Bastonário não diz palavra sobre o código deontológico, sobre a responsabilidade dos médicos, quer é que as senhoras vão acompanhadas!...
Não me admiraria muito que, dinamizados por este exemplo de uma classe de elite, como a dos médicos, a muito menos elitista Associação de Casas de Pasto e Bares recomende, a breve trecho, que as senhoras só podem entrar nos seus estabelecimentos acompanhadas, ou o Edil de qualquer Câmara faça sair alguma postura, politicamente correcta, em que se estabeleça que as meninas não se devem andar sòzinhas na rua.
Daí à obrigatoriedade de andarem vestidas da cabeça aos pés, para dificultar o assédio, é um pequeno passo. E a “burka” virá logo a seguir!...
E eu fiquei com um problema gravíssimo, para o qual preciso de resposta urgente.
No meu último “check-up”, a ecografia abdominal e prostática, bem como o denominado toque rectal foram efectuados por uma médica.
Estarão estes “actos” incluídos naqueles que o Bastonário considera facilitadores de assédio? Nos próximos exames devo ir acompanhado?
Valham-me o Professor Massano ou o ilustre Reformista, digníssimos médicos, nesta minha inquietude!...
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6 comentários:
Caro Pinho Cardão
Quando se fala de assédio sexual, olha-se sempre, ou quase sempre na direcção homem-mulher. Mas o inverso também é verdadeiro.
Este caso é, manifestamente, um sinal infeliz do senhor bastonário que tem como objectivo “proteger” os médicos de queixas por parte de algumas doentes.
Não concordo com a medida. Se uma ou um doente se aperceber de qualquer tentativa menos correcta pode e deve tomar as medidas mais adequadas. Convém não esquecer que muitos doentes preferem não ir acompanhados ou ter alguém presente, além do médico, por se sentirem mais à vontade.
Queria dizer que este fenómeno existe e não é correcto. Aliás, o próprio juramento de Hipócrates é bem explícito neste ponto, o que significa que, em 2.500 de história médica, o fenómeno continua a existir.
Transcrevo de seguida parte do juramento coevo: … “Não praticarei a talha*, mesmo em alguém que realmente tenha cálculos; deixarei essa operação aos práticos que disso cuidam.
Em toda a casa que eu vá, aí entrarei para o bem dos doentes, mantendo-me longe de todo o dano voluntário e de toda a sedução, sobretudo longe dos prazeres do amor, com as mulheres ou com os homens livres ou escravizados”…
*Operação que consiste em cortar a bexiga a fim de extrair uma pedra, um cálculo. Ainda hoje não se compreende por que é que o Juramento proibia esta prática. Talvez se trate, segundo alguns autores, de uma interdição à castração.
Nunca ouvi até hoje falar dessa recomendação.
Se eu conhço o meu bastonário trata-se de uma boutard profilatica para alivir a pressão sobre os medicos nestes tempos mediáticos.
Repare-se que na pretensa recomendação se refere como objectivo "evitar acusações..."
Ora a Ordem dos Médicos quando faz ecomendações fá-lo sempre no sentido de proteger o doente e não o médico (embora haja muita gente que pense o contrário)
Não será antes para prevenir que os médicos sejam violados pelos pacientes?
Ferreira de Almeida,
Em directo no telejornal...
LOL!
O nosso Dr. Pinho Cardão tem uma prodigiosa imaginação. A imagem é muito mais divertida do que algumas defesas da honra a que pude assistir no Parlamento!
É...
Estou espantado.
Estes médicos pensam em tudo.
A questão é; quantas queixas de assédio sexual existirão, para os fazer estabelecer regras nesse sentido?
E pergunto isto por uma razão muito simples, o nosso comportamento (enquanto povo), nunca é o da prevenção (é como a condução, nunca é defensiva até ser necessária). Por norma, só depois da casa ser roubada é que colocamos as trancas na porta e mesmo assim, às vezes, é roubada mais do que uma vez até lá porem uma tranca. Por isso, não posso deixar de pensar que alguma coisa aconteceu para que estejam agora a pensar nas trancas da porta.
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