Os analistas e oráculos do costume têm a certeza de que quem ganhar as eleições de Julho para a Câmara de Lisboa, ganhará as próximas, em 2009.
Esquecem-se que na política portuguesa dois anos é uma eternidade.
Em 31 anos vamos com 17 governos constitucionais. Achem a média e verão quão curto no tempo é o ciclo político. Basta recordar o que em menos de dois anos aconteceu a Guterres, Barroso, Santana Lopes ou o Carmona Rodrigues.
Para já não falar em casos recentes em que o mandato se exerceu por...1 mês e 10 dias!
5 comentários:
José Mário
Não há certezas de nada e muito menos em política. Por certo que esses analistas não têm a certeza, mas é preciso ser repetidamente "original", porque o passado já lá vai...São os mesmos que contribuem para encurtar os ciclos eleitorais, naquele tom de fatalismo que também já conhecemos. Enfim, os astros parecem não estar do seu lado.
É mesmo, Margarida. Ainda há pouquinho me recordaram que um dos principais arautos do devir da nossa praça, na sequência das eleições alemãs prenunciava (com convicção tal que parecia tê-lo ouvido da própria), que a Sr.a Merckl não se aguentava mais de 3 meses tal com a votação que obteve, e que a Alemanha iria a votos. Vê-se!
A nossa convivência com a instabilidade é tanta que não só não damos grande importância ao acto de um juiz designado pelo Parlamento ter abandonado o cargo um més depois de ser investido, como não nos faz impressão que os nossos sábios olhem para os Estados com tradições de estabilidade e achem que ali são como nós. Não são, e o facto de não serem explica muito...
É isso mesmo, o tempo não é valorizado porque as acções que ele possa permitir também não. É o sound bite que conta, o desfiar de nomes e factos, os assuntos em si passam despercebidos. E continuamos com essa mania de comparar números e factos, sem ir à razão de ser das coisas, apenas porque não estamos na disposição de as corrigir.
Uma pessoa dizia-me hoje que nunca houve nenhum ministro capaz de mudar significativamente as coisas num sector sobre o qual conversávamos. Fizémos as contas ao número de ministros que o sector conheceu, a tal média de que fala o Zé Mário, e foi a minha vez de lhe perguntar o que sentiria ele se o mandassem embora a meio do mandato que agora iniciou e depois o enfileirassem com os que "não conseguiram fazer nada capaz?..." Acho que percebeu.
Exactamente, Suzana.
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