Não conheço pessoalmente o Professor Carmona Rodrigues, e apesar de já termos estado bastante próximos em cerimónias institucionais, nunca fomos apresentados, nunca falámos e creio mesmo que nunca nos cumprimentámos, nem protocolarmente, nunca me fez qualquer favor, nunca lhe fiz qualquer favor, somo-nos perfeitamente indiferentes a nível pessoal. Conheço pois o Presidente da Câmara de Lisboa quase da mesma maneira como a maioria dos portugueses o conhece.
De há uns dias a esta parte, e como de há muito se especulava, a comunicação social vem noticiando a sua condição de arguído.
Não o conhecendo, como disse, tinha-o por uma pessoa de bem e, também por isso, votei nele para a Câmara Municipal.
Tinha-o como pessoa de bem e continuo a considerá-lo como pessoa de bem. Sei que quem vê caras não vê corações, mas continuo a pensar que aquele rosto não me engana. Aquela cara parece-me a cara de um sujeito honesto, com vontade de servir a população de Lisboa e não de se servir dela.
Sem mais qualquer dado, aqui fica, no entanto, o meu testemunho e os votos de que tudo se possa esclarecer, no imediato ou no muito curto prazo. E, se se considerar inocente, pois que tenha força para resistir!...
Não o conhecendo, como disse, tinha-o por uma pessoa de bem e, também por isso, votei nele para a Câmara Municipal.
Tinha-o como pessoa de bem e continuo a considerá-lo como pessoa de bem. Sei que quem vê caras não vê corações, mas continuo a pensar que aquele rosto não me engana. Aquela cara parece-me a cara de um sujeito honesto, com vontade de servir a população de Lisboa e não de se servir dela.
Sem mais qualquer dado, aqui fica, no entanto, o meu testemunho e os votos de que tudo se possa esclarecer, no imediato ou no muito curto prazo. E, se se considerar inocente, pois que tenha força para resistir!...
10 comentários:
Mas e Lisboa, caro Pinho Cardão? O homem pode ter a cara mais simpática do mundo, mas que governe Lisboa ou saia da frente, e em boa verdade governar, nunca governou, mas aparecer no meio de todos estes casos que lhe trouxeram a condição de arguído, isso apareceu.
Em boa verdade, o que deve Lisboa a Carmona?
Contudo não posso deixar de admirar e concordar com a lúcida intervenção do Dr. Marques Mendes.
Isto embora todos saibamos que o PSD parte para as eleições muito fragilizado (aonde vai arranjar um candidato?)e que a capitalização do aperto da Reforma da Função Pública vai ser capitalizada pelo PCP com possíveis reflexos negativos na política do Governo.
António Alvim
Subscrevo, Pinho Cardão.
Nesta época de novos inquisidores como muito bem referiu noutros posts, seria importante que alguém pudesse dizer, e fazer-se ouvir, que a condição de arguido não desqualifica ninguém.
Infelizmente à pequena política tudo se sacrifica. E um estatuto (de arguido) que deveria proteger, acaba afinal por ser um manto de ignomínia lançado publicamente, que uma vez colado à pele dificilmente descola. Por mais que se prove a inocência.
Como à pequena política - à política das conveniências - se sacrifica um dos pilares do Estado de Direito como deveria ser o princípio da presunção da inocência, transformado no seu contrário, no principio de presunção de culpabilidade, mesmo que as suspeitas não passem de confabulações policiais...
O tempo confirmará, assim o espero, que Carmona Rodrigues é um homem sério, recto e honesto.
E ingénuo. Profundamente ingénuo para se não aperceber que em política não valem solidariedades pessoais e tudo se sacrifica às conveniências.
Não será, por certo, o último dos homens sérios, facilmente descartáveis. Haverá sempre quem generosamente se preste a este papel. E quem dele se aproveite...
Quanto a Lisboa, questão que preocupa cmonteiro, essa é outra história. Há muito que se percebia a deriva. Há muito que se pressentia a inevitabilidade deste desfecho. Responsabilidades de Carmona? Certamente que sim. Mas só de Carmona?
É isso mesmo, caro Ferreira de Almeida, estamos em pleno absurdo: num estado de direito, a presunção de inocência torna-se presunção de culpabilidade!...
E assim qualquer sujeito inocente pode tornar-se culpado...até ser absolvido.
Mas mesmo absolvido, meu caro Pinho Cardão, dificilmente ele deixará, aos olhos da turbe, de ser culpado. Pois não foi julgado e condenado nessa instância sem recurso que constitui o tribunal da opinião publicada? E quem contestará o sentido de justiça punitiva dos novos Torquemadas?
Avance, pois, a próxima vítima que esta já deu o que tinha a dar e o sistema é voraz. Não suporta que se passe muito tempo sem alimento...
Falta saber quem será. Um dos novos moralistas? Quem sabe...
É o que faz escrever a correr sem a preocupação de rever. No comentário anterior os "olhos da turbe" são, obviamente os "olhos da turba".
Num mundo da política politiqueira não há lugar para pessoas ingénuas. É um mundo muito perigoso!
Essas pessoas acabam sozinhas nas suas louváveis convicções, tantas vezes injustamente. Mas das responsabilidades políticas não se livram.
Vítimas da justiça de “praça pública” é num instante que de inocentes viram a culpados. E quando dão por ela, já é tarde demais...
Subscrevo o post. E os comentários tão "toniblerianos" da ingenuidade.
Meus caros,
Nem sei muito bem por onde discordar ou concordar... Sim, é verdade que a condição de arguído não faz de ninguém culpado ou incapaz. Sim, é verdade que a condição de arguído torna Carmona imóvel, inerte, parado, sem poder, sem peso, inútil. Sim, é verdade que a culpa da situação de Lisboa não é só dele. Não, não é mentira que ele não tenha sérias culpas na situação actual e que Lisboa está muito pior com ele.
Carmona não tem uma ideia, uma iniciativa, uma novidade, nada. Com Carmona, o cidadão lisboeta não notou absolutamente nenhuma melhoria no seu dia a dia, em contrapartida, Carmona faz o que pode para piora-lo: Persegue os condutores, rouba com a EMEL e a Policia Municipal, deixa as vias de comunicação degradarem-se até a um ponto que faz lembrar os anos 70, não resolve o problema do estacionamento, não resolve o problema dos transportes e das acessibilidades. O panorama cultural é nulo, o panorama desportivo é nulo, a recuperação das zonas degradadas não existe, os planos de recuperação da baixa não existem, a recuperação de edifícios não existe, o desinvestimento na higiene urbana é das coisas mais vergonhosas a que esta cidade já assistiu, and so on and so on...
Em contrapartida, Carmona fez o possível para se manter nos assuntos "quentes": Ainda em eleições tentativa de corrupção (sim, é o termo) de Manuel Monteiro, oferecendo-lhe o lugar de administrador da EMEL em troca do seu silêncio, denunciado pelo próprio Manuel Monteiro, aprovação de remunerações ilegais aos administradores da EPUL no tempo de Santana Lopes, aprovação dos projectos para a Av. Infante Santo em moldes nunca publicamente esclarecidos, aprovação de urbanização em terrenos para o futuro TGV sabendo que o promotor será indemnizado em 60 milhões dos meus euros sem assentar um único tijolo (benditos direitos adquiridos), bragaparques, parque mayer e quejandos...
Simultaneamente as jogadas políticas de bastidores onde Carmona sempre esteve presente, que levaram ao afastamento de Maria José Nogueira Pinto, uma pessoa válida, por apoio às ambições políticas desmedidas de Paula Teixeira da Cruz também ajudaram à ingovernabilidade da câmara, e a sua posição pouco clara, hesitante e em permanente dúvida sobre o que fazer em relação à postura desrespeitosa dos seus vereadores perante a lei e perante os eleitores mas sobretudo perante os munícipes, colocaram-no sempre no centro de todas a fundadas ou infundadas suspeitas, as quais ele nunca esclareceu, nem tão pouco tentou. Limitou-se apenas e sempre a fugir, e mais uma vez o fez neste 25 de Abril. Fugir, sempre.
Sim, podemos dizer que Carmona é um sujeito que deve ser um tipo simpático...
Mas deve ser presidente da câmara Municipal de Lisboa? E é só isto que está em questão, não é a sua condição de arguído.
PS: sugiro a leitura do Miguel Sousa Tavares este fim de semana no Expresso.
Parece-me que este caminho - de afastar sumariamente quem é constituído arguido - é muito perigoso.
Desde logo, perturba o equilíbrio de poderes. Concede ao poder judicial um poder enorme sobre o poder político. Na prática, os juízes passam a ter direito de veto sobre quem é eleito em eleições livres. Naturalmente, esse poder acabará por ser enviezado em favor da área política da preferência da maioria dos juízes. Tornar-se-ão, assim, o primeiro poder, sem nunca serem submetidos a escrutínio.
Por outro lado, dado o mau funcionamento da nossa justiça, traduzido na sua lendária lentidão, a nódoa que cai sobre um arguido permanece durante anos. Assumindo a sua inocência - a qual, aliás, terá de ser assumida até prova em contrário - um arguido permanecerá enquanto tal durante vários anos. Este estigma será o beijo da morte no que diz respeito à sua carreira política.
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