Não tenho nada contra os santos, muitos deles até são interessantes, indo de encontro às necessidades das populações, dos seus mitos e anseios. Há santos para todos os gostos e feitios. Nos últimos tempos foram promovidos a esta categoria inúmeras pessoas, a ponto de haver quem diga que estamos perante uma verdadeira “fábrica” dos mesmos.
Não sou especializado em “santidade”, longe disso, confesso, mas reconheço que muitas pessoas são verdadeiros santos e santas, pela forma como conduzem as suas vidas e enfrentam as vicissitudes e dramas que o “destino” lhes pregou, embora não tenham feito “milagres” segundo o conceito “oficial”.
É interessante verificar que os milagres quase sempre dizem respeito a questões de saúde. Quando não se encontram explicações para um evento, à base dos conhecimentos científicos, é declarado o milagre. De facto, a medicina está longe, e muito longe, de ser considerada totalmente cientificada, se é que algum dia isso possa acontecer.
Dentro das diferentes áreas do conhecimento humano foi a última a ser influenciada pela Revolução Científica dos séculos precedentes. Mas, apesar de tudo, houve sempre uma preocupação racional em explicar as doenças, as suas causas e interferir na sua evolução. A escola hipocrática é considerada como o berço da medicina. Através dos inúmeros escritos que nos chegaram até hoje, é possível verificar a procura e interpretação racional dos fenómenos. Afinal, dados recentes apontam para os egípcios que, mais de 1500 antes dos gregos, deverão ser considerados como os fundadores da “medicina racional e não de um ritual mágico aplicado ao acaso”. É notável a existência de uma “estrutura medicinal e de um método farmacêutico para lidar com a doença”. Muitas plantas foram usadas especificamente para o tratamento de muitas maleitas e, hoje, passados 3.500 anos, verificamos quão correctas eram essas iniciativas. Notável!
Ao analisar estes aspectos, não pude deixar de recordar um brilhante médico português do século XVI, Garcia da Orta, cantado pelo próprio Camões, que, através dos seus estudos e da sua obra, Colóquio dos Simples e Drogas da Índia, deu um contributo extraordinário ao mundo cientifico de então. Verdadeiro milagre da ciência, pago na altura, não pela santidade, mas, pelo julgamento post mortem, e condenação dos seus restos mortais ao fogo purificador da Inquisição!
Quanto ao contributo para a resolução dos problemas de saúde, o que dizer do primeiro santo brasileiro, frade franciscano António de Sant´Anna Galvão, que, ainda hoje, século XXI, consegue curas assombrosas, através das denominadas “pílulas Frei Galvão”. Em que consiste estas pílulas? Simples. Basta engolir papelinhos (três!) escritos com uma oração. Parece que é bom para gravidezes e partos.
Os médicos que estudaram os “milagres” de frei Galvão afirmaram que os casos são inexplicáveis à luz dos conhecimentos científicos actuais”. Seria interessante fazer uma revisão do passado, e não é preciso ir muito atrás, para verificar se os argumentos, então invocados na altura, não seriam explicados à luz dos conhecimentos científicos actuais. O conhecimento biomédico, nos últimos anos, anda quase à velocidade da luz, mas, mesmo assim, estaremos sempre aquém do conhecimento cientifico total e, por este motivo, estarão, à partida, garantidos novos milagres no futuro.
É pena que os milagres não sejam alargados ao ambiente, ao regresso de espécies extintas, à economia, à educação, à paz, à solidariedade e respeito humano. Mas não pode ser, porque trata-se de matéria de fé e, como tal, só diz respeito ao indivíduo.
Se não fosse a medicina o que seria dos santos?
Não sou especializado em “santidade”, longe disso, confesso, mas reconheço que muitas pessoas são verdadeiros santos e santas, pela forma como conduzem as suas vidas e enfrentam as vicissitudes e dramas que o “destino” lhes pregou, embora não tenham feito “milagres” segundo o conceito “oficial”.
É interessante verificar que os milagres quase sempre dizem respeito a questões de saúde. Quando não se encontram explicações para um evento, à base dos conhecimentos científicos, é declarado o milagre. De facto, a medicina está longe, e muito longe, de ser considerada totalmente cientificada, se é que algum dia isso possa acontecer.
Dentro das diferentes áreas do conhecimento humano foi a última a ser influenciada pela Revolução Científica dos séculos precedentes. Mas, apesar de tudo, houve sempre uma preocupação racional em explicar as doenças, as suas causas e interferir na sua evolução. A escola hipocrática é considerada como o berço da medicina. Através dos inúmeros escritos que nos chegaram até hoje, é possível verificar a procura e interpretação racional dos fenómenos. Afinal, dados recentes apontam para os egípcios que, mais de 1500 antes dos gregos, deverão ser considerados como os fundadores da “medicina racional e não de um ritual mágico aplicado ao acaso”. É notável a existência de uma “estrutura medicinal e de um método farmacêutico para lidar com a doença”. Muitas plantas foram usadas especificamente para o tratamento de muitas maleitas e, hoje, passados 3.500 anos, verificamos quão correctas eram essas iniciativas. Notável!
Ao analisar estes aspectos, não pude deixar de recordar um brilhante médico português do século XVI, Garcia da Orta, cantado pelo próprio Camões, que, através dos seus estudos e da sua obra, Colóquio dos Simples e Drogas da Índia, deu um contributo extraordinário ao mundo cientifico de então. Verdadeiro milagre da ciência, pago na altura, não pela santidade, mas, pelo julgamento post mortem, e condenação dos seus restos mortais ao fogo purificador da Inquisição!
Quanto ao contributo para a resolução dos problemas de saúde, o que dizer do primeiro santo brasileiro, frade franciscano António de Sant´Anna Galvão, que, ainda hoje, século XXI, consegue curas assombrosas, através das denominadas “pílulas Frei Galvão”. Em que consiste estas pílulas? Simples. Basta engolir papelinhos (três!) escritos com uma oração. Parece que é bom para gravidezes e partos.
Os médicos que estudaram os “milagres” de frei Galvão afirmaram que os casos são inexplicáveis à luz dos conhecimentos científicos actuais”. Seria interessante fazer uma revisão do passado, e não é preciso ir muito atrás, para verificar se os argumentos, então invocados na altura, não seriam explicados à luz dos conhecimentos científicos actuais. O conhecimento biomédico, nos últimos anos, anda quase à velocidade da luz, mas, mesmo assim, estaremos sempre aquém do conhecimento cientifico total e, por este motivo, estarão, à partida, garantidos novos milagres no futuro.
É pena que os milagres não sejam alargados ao ambiente, ao regresso de espécies extintas, à economia, à educação, à paz, à solidariedade e respeito humano. Mas não pode ser, porque trata-se de matéria de fé e, como tal, só diz respeito ao indivíduo.
Se não fosse a medicina o que seria dos santos?
1 comentário:
Caro prof. M.C., os dois ultimos paragrafos deste interessantíssimo texto, cativaram a minha reflexão.
Creio que à luz do citado conhecimento ciêntífico, alguns "milagres", não merecem essa classificação, porém, outros, inexplicavelmente, sim. Tal como o Prof. muito bem refere no penúltimo paragrafo, ha "fenómenos" que por serem eclusivamente do foro imaterial da fé, da crença espiritual, não podem ser explicados por nenhuma ciência. No que refere ao último parágrafo... bom, sabemos que aqueles que as igrejas decidiram canonizar, foram os que em vida procuraram atingir o nada, o Zen, o Nirvana, a abnegação completa ao poder terreno, ao poder que é atingido através da energia que toda a matéria gera. Ora, esses, continuando santos, não se importariam certamente em afrontar o reconhecimento dos milagres que a ciência exacta lhes questiona.
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