Depois de dias e dias, horas e horas e deslocações várias gastas na Repartição de Finanças, na Conservatória e no Notário, para obter as necessárias correspondências dos artigos e inscrições, depois de acertados, entre o Notário e a Conservatória do Registo Predial, os precisos termos da escritura de herança e partilha de bens, para não haver problemas no registo, depois de entrega, há meses, da escritura na Conservatória, dizem-me agora que nova documentação tem que ser apresentada, de nada valendo quer as diligências anteriores como a própria escritura notarial.
De modo que, em desespero de causa, vou passar a usar o Código Tonibler para os Serviços Públicos, à disposição no Blog Tonibler e que, com a devida vénia, reproduzo.
1. Nunca pergunte se é ali. Se entra num serviço público e pergunta "olhe desculpe, é aqui que posso pedir o papel para porra nenhuma?", o camarada está completamente lixado e a sua vida vai entrar numa obscuridade crónica. A senhora do balcão vai endrominá-lo, mandá-lo para um serviço a 53 km dali, onde lhe vão responder que deveria ter tirado a senha no primeiro local onde foi. A solução é espetar com o seu problema em cima do balcão, refilar pelo facto do problema não estar já resolvido e por ter que se deslocar ali.
2. Está ali para achar um culpado. Quando entra num serviço público, o culpado é o funcionário que tem à sua frente. Culpado de quê? Daquilo que você não quer ser. E o seu desígnio de vida é encontrar um culpado para aquela situação. A explicação é simples, o funcionário público está ali para salvar a pele dele, não para resolver a sua situação.
3. Fato e gravata, sempre! Nenhum doutor se apresenta de calças de ganga. Um funcionário público não respeita idade, sexo, conhecimento, ou o que fôr. Só respeita o doutor. O doutor é o funcionário público superior, ainda mais inútil que aquele que tem à sua frente, só que tirou um curso de pedopsicologia curativa no Politécnico de Indanha, e meteu-se no PS aos 16 anos. Se o camarada se apresentar de fato e gravata, há a hipótese de ser amigo de um doutor ou, pior, ser mesmo um doutor.
4. Nunca fale baixo. Falar baixo é o primeiro sinal de que o camarada é um choninhas à espera de ser esquartejado pela calanzice. Dirija-se de forma clara e a 60% do volume para manter o sujeito em linha.
5. Nunca admita a culpa. Pouco interessa se o camarada foi lá com 2 meses de atraso ou se nunca pagou aquilo. A culpa não é sua. De quem é? Simples, veja a regra número 2.
6. Você é o patrão. Recorde várias vezes aos funcionários à sua frente que quem paga aquela m... é você e que você é o patrão deles. Se algum levantar os olhos, você olha para o anúncio do livro amarelo...
7. Pergunte pelo seu dinheiro. Todos os serviços têm um pagamento de qualquer coisa e, se não tiver, há sempre o serviço que você pagou com os impostos. Por isso, se a coisa não estiver a ir no sentido que lhe interessa, diga que quer o seu dinheiro para se ir embora. Obviamente que não vai receber dinheiro nenhum, mas dá ao funcionário a sensação de que lhe está a dever dinheiro e isso é pior que ter a culpa.
8. Escreva. Não há nada que um funcionário público tema mais que uma queixa escrita. Podem levar-lhe o filho mais velho, mas não escrevam nada que o possa implicar e, principalmente, possa implicar mais trabalho.
9. Afirme que foi você que fez a lei. Sempre que as regras anteriores não estiverem a resultar, recorra à lei. Claro que você não vê um boi da lei nem faz a mais pequena ideia de que lei está o estúpido a falar. Só sabe que a lei foi uma parida qualquer que um burro de um deputado resolveu inventar para lhe lixar a cabeça. Se você afirmar que quem fez a lei foi você, isso dá-lhe o poder de a alterar momentaneamente a seu favor. Note que sem cumprir a regra número 3, convém não aplicar esta.
10. Use as regras. Senão estive a escrever para o boneco.
De modo que, em desespero de causa, vou passar a usar o Código Tonibler para os Serviços Públicos, à disposição no Blog Tonibler e que, com a devida vénia, reproduzo.
1. Nunca pergunte se é ali. Se entra num serviço público e pergunta "olhe desculpe, é aqui que posso pedir o papel para porra nenhuma?", o camarada está completamente lixado e a sua vida vai entrar numa obscuridade crónica. A senhora do balcão vai endrominá-lo, mandá-lo para um serviço a 53 km dali, onde lhe vão responder que deveria ter tirado a senha no primeiro local onde foi. A solução é espetar com o seu problema em cima do balcão, refilar pelo facto do problema não estar já resolvido e por ter que se deslocar ali.
2. Está ali para achar um culpado. Quando entra num serviço público, o culpado é o funcionário que tem à sua frente. Culpado de quê? Daquilo que você não quer ser. E o seu desígnio de vida é encontrar um culpado para aquela situação. A explicação é simples, o funcionário público está ali para salvar a pele dele, não para resolver a sua situação.
3. Fato e gravata, sempre! Nenhum doutor se apresenta de calças de ganga. Um funcionário público não respeita idade, sexo, conhecimento, ou o que fôr. Só respeita o doutor. O doutor é o funcionário público superior, ainda mais inútil que aquele que tem à sua frente, só que tirou um curso de pedopsicologia curativa no Politécnico de Indanha, e meteu-se no PS aos 16 anos. Se o camarada se apresentar de fato e gravata, há a hipótese de ser amigo de um doutor ou, pior, ser mesmo um doutor.
4. Nunca fale baixo. Falar baixo é o primeiro sinal de que o camarada é um choninhas à espera de ser esquartejado pela calanzice. Dirija-se de forma clara e a 60% do volume para manter o sujeito em linha.
5. Nunca admita a culpa. Pouco interessa se o camarada foi lá com 2 meses de atraso ou se nunca pagou aquilo. A culpa não é sua. De quem é? Simples, veja a regra número 2.
6. Você é o patrão. Recorde várias vezes aos funcionários à sua frente que quem paga aquela m... é você e que você é o patrão deles. Se algum levantar os olhos, você olha para o anúncio do livro amarelo...
7. Pergunte pelo seu dinheiro. Todos os serviços têm um pagamento de qualquer coisa e, se não tiver, há sempre o serviço que você pagou com os impostos. Por isso, se a coisa não estiver a ir no sentido que lhe interessa, diga que quer o seu dinheiro para se ir embora. Obviamente que não vai receber dinheiro nenhum, mas dá ao funcionário a sensação de que lhe está a dever dinheiro e isso é pior que ter a culpa.
8. Escreva. Não há nada que um funcionário público tema mais que uma queixa escrita. Podem levar-lhe o filho mais velho, mas não escrevam nada que o possa implicar e, principalmente, possa implicar mais trabalho.
9. Afirme que foi você que fez a lei. Sempre que as regras anteriores não estiverem a resultar, recorra à lei. Claro que você não vê um boi da lei nem faz a mais pequena ideia de que lei está o estúpido a falar. Só sabe que a lei foi uma parida qualquer que um burro de um deputado resolveu inventar para lhe lixar a cabeça. Se você afirmar que quem fez a lei foi você, isso dá-lhe o poder de a alterar momentaneamente a seu favor. Note que sem cumprir a regra número 3, convém não aplicar esta.
10. Use as regras. Senão estive a escrever para o boneco.
6 comentários:
Muito bem!
Funciona mesmo? O melhor é perguntar ao autor...
Caro Pinho Cardão, andou a ler "Der Process", do senhor Kafka?
Imagino que sim dado que tais coisas como as que descreve no início jamais poderiam acontecer numa administração pública Simplex, Pracex e outros «éx» afins que, como dizem os jornais, estão implementados e são um estrondoso sucesso nas relações do estado com os cidadãos!
Caro Zuricher:
De facto, é kafkiano. Diligências e mais diligências, voltas e mais voltas, e quando tudo parecia certo, com a escritura de herança e partilhas assinada e validada pelo notário, este pelos vistos não é considerado de confiança para a Conservatória. E um sujeito metido no meio desta embrulhada...
Caro Pinho Cardão,
Grato pela referência.
Caro Salvador Massano Cardoso,
O meu caro deve ser daqueles sortudos de quem a administração fiscal se esqueceu. Eu, como recebo um postalito umas duas vezes por ano já tenho algum traquejo. Aliás, os funcionários do meu bairro fiscal, como as bactérias, já começam a criar defesas....
Caro Pinho Cardão,
Penso que tanto o Tonibler como o Pinho Cardão vivem noutro país! No Portugal socialista, todos os serviços públicos são eficazes, eficientes e inovadores...!
Os serviços públicos no Portugal socialista são de tal forma fantásticos que os nossos amigos socialistas até convidam uns amigos, que conhecem outros amigos que por sua vez conhecem alguém que por acaso realizou um pequeno mas fantástico estudo para a OCDE, com o objectivo sensato e humilde de elaborar um estudo durante uma semana tendo como base estudos nacionais e socialistas sobre a verdade socialista dos serviços públicos socialistas e reuniões com zelosos funcionários públicos socialistas e até, vejam lá, um comunista, mas dizia eu, com o objectivo de produzir um estudo com uma capa muito semelhante à dos estudos elaborados pela OCDE sobre o obra socialista nos serviços públicos socialistas...!
Assim, penso que estão a ser muito injustos para com o melhor Primeiro Ministro do Mundo e quiçá de Portugal - José Pinto de Sousa!
Pois é, caro Fartinho, estudos a mais que não consigo ler. Por isso, estou tão pouco cultivado!...
Enviar um comentário