Às vezes vejo os telejornais, os comentadores e toda esta enxurrada de acontecimentos diários e parece que estou a ver um filme do fim para o princípio, já tínhamos a desenlace à nossa frente e eis que afinal voltamos ao ponto de partida.
Na economia, era só progresso, tecnologia e avanços inacreditáveis, modelos financeiros cheios de MBA’s, doutoramentos e prémios nóbeis, a banca era mesmo o exemplo de modernidade em tudo, na organização, na gestão, no sistema de prémios de produtividade. Agora, o filme começou a rodar ao contrário e afinal os modelos eram ficção pouco científica, os cérebros premiados e conferencistas mundiais vendiam gato por lebre, ou eram vigaristas, mesmo, o tal sistema de incentivos só incentivou a falta de ética e o lucro a todo o custo.
O Estado era a fonte de todos os males, devia reduzir-se à sua insignificância, as instituições podiam ser ignoradas, manipuladas ou simplesmente destroçadas e os políticos feitos à pressa ficavam contentes só com um retrato tipo passe. Agora, espera-se que o Estado actue depressa e bem, seja lá com quem for, onde é que estão os dirigentes bem preparados, os técnicos qualificados, os símbolos de solidez, sobriedade e respeito?
Durante duas décadas era preciso comprar casas, automóveis, ter sucesso e mostrá-lo, endividar, usar o crédito, que vergonha se não tens um empréstimo, bota-de-elástico, então e os investimentos nas acções, é assim que se prepara o futuro?! Agora, afinal era preciso ser prudente, modesto, poupar, não se meter a “jogar” na bolsa, não tarda nada quem tinha o dinheiro debaixo do colchão é que andou com juízo.
Também já está a rodar ao contrário a bobina das reformas aos 50 anos, esse lixo velho, para que é que serve quem não sabe fazer um power point, a experiência que vá para casa coser meias ou ver futebol. Agora já se reconhece que não foi só o desperdício de saber, foi também a quebra de valores, a ruptura de gerações que permitiu a selvajaria de métodos e a total ausência de humanidade nos “negócios” do crescimento do mercado.
E volta também para trás o sonho de uma Europa de competitividade aberta e sem fronteiras, a força de trabalho de onde vier e é bem vinda, queremos os melhores para uma comunidade. Hoje, em Inglaterra, vemos manifestações gigantescas contra os trabalhadores estrangeiros, os que trazem as empresas que ganharam os concursos internacionais, e Gordon Brown diz, muito triste, que não sabe como resolver o problema.
Nem nós. O filme está a rodar para trás, e só agora reparamos nas cenas que faltavam para podermos ter compreendido tudo.
Na economia, era só progresso, tecnologia e avanços inacreditáveis, modelos financeiros cheios de MBA’s, doutoramentos e prémios nóbeis, a banca era mesmo o exemplo de modernidade em tudo, na organização, na gestão, no sistema de prémios de produtividade. Agora, o filme começou a rodar ao contrário e afinal os modelos eram ficção pouco científica, os cérebros premiados e conferencistas mundiais vendiam gato por lebre, ou eram vigaristas, mesmo, o tal sistema de incentivos só incentivou a falta de ética e o lucro a todo o custo.
O Estado era a fonte de todos os males, devia reduzir-se à sua insignificância, as instituições podiam ser ignoradas, manipuladas ou simplesmente destroçadas e os políticos feitos à pressa ficavam contentes só com um retrato tipo passe. Agora, espera-se que o Estado actue depressa e bem, seja lá com quem for, onde é que estão os dirigentes bem preparados, os técnicos qualificados, os símbolos de solidez, sobriedade e respeito?
Durante duas décadas era preciso comprar casas, automóveis, ter sucesso e mostrá-lo, endividar, usar o crédito, que vergonha se não tens um empréstimo, bota-de-elástico, então e os investimentos nas acções, é assim que se prepara o futuro?! Agora, afinal era preciso ser prudente, modesto, poupar, não se meter a “jogar” na bolsa, não tarda nada quem tinha o dinheiro debaixo do colchão é que andou com juízo.
Também já está a rodar ao contrário a bobina das reformas aos 50 anos, esse lixo velho, para que é que serve quem não sabe fazer um power point, a experiência que vá para casa coser meias ou ver futebol. Agora já se reconhece que não foi só o desperdício de saber, foi também a quebra de valores, a ruptura de gerações que permitiu a selvajaria de métodos e a total ausência de humanidade nos “negócios” do crescimento do mercado.
E volta também para trás o sonho de uma Europa de competitividade aberta e sem fronteiras, a força de trabalho de onde vier e é bem vinda, queremos os melhores para uma comunidade. Hoje, em Inglaterra, vemos manifestações gigantescas contra os trabalhadores estrangeiros, os que trazem as empresas que ganharam os concursos internacionais, e Gordon Brown diz, muito triste, que não sabe como resolver o problema.
Nem nós. O filme está a rodar para trás, e só agora reparamos nas cenas que faltavam para podermos ter compreendido tudo.
7 comentários:
Cara Suzana,
Não, não concordo. Aliás, se há coisa que não acontece é "o filme rebobinar".
Desse conjunto de afirmações que faz, quantas se referem a factos em concreto? Apontar um facto que justifique a afirmação(deve estar a pensar este tipo é parvo, mas pegue numa e diga "isto aconteceu ali!")? Se reparar bem, nenhuma. Sim, fazem parte de uma enxurrada, mas não de acontecimentos "fundamentais". Por "fundamentais" quero dizer algo que realmente seja importante no valor criado e não seja mera expectativa, porque esta é, em si, consequência da enxurrada. A enxurrada de que fala, com alguma razão, é uma enxurrada de "fézadas" e de ideias feitas, muitas vezes, de ignorância e de exagero. Não existe nada na economia mundial, tirando talvez os automóveis americanos, que justifique esta crise, que não a ignorância dos economistas. Esta crise é (como quase todas) gerada pela expectativa das pessoas, que é construída com base nas opiniões que se ouvem. No fundo, cada economista que vem falar da crise está a fazer dela aquilo que está a prever e não a prever aquilo ela será.
Por exemplo, o "freeze" do crédito aconteceu depois de toda a gente vir dizer que ia haver um congelamento do crédito. Os estados meteram rios de dinheiro para afastar todas as possibilidades de haver esse congelamento, mas ninguém ia emprestar sabendo que toda a gente achava que ele não deveria emprestar. Agora, existe outra causa para isso que não a expectativa sobre a expectativa? Não.
Eu espero que uma das consequências desta crise seja que aquilo a que chamam de "ciências económicas", tais como as conhecíamos nos anos 80, seja deitado rapidamente no caixote da leitura de casa de banho e se comece a olhar de forma realmente científica (que há quem olhe) para a economia para que as expectativas sejam construídas por cada um de nós e não pelos jornais e por gente com acesso a eles.
Quanto à xenofobia que "regressa", lembre-se que não há preto em Portugal que não ouça um "volta lá para a tua terra" mesmo que tenha nascido na Maternidade Alfredo da Costa. Por isso, não existe regresso nenhum.
http://aoutravarinhamagica.blogspot.com/2009/02/este-caso-nao-e-sobre-socrates-e-sobre.html
Cara Suzana:
A grande sabedoria é preservar e perseverar no que é constante e essencial e fugir aos modismos conjunturais. No entanto, eles tornam-se no politicamente correcto e marginalizam que não vá na onda, seja nas opiniões, como na vida pessoal, profissional,social.
Da minha experiência nas empresas conheço gestores que cometeram as maiores asneiras, que prejudicaram gravemente os accionistas,retiraram valor às empresas, mas, como o fizeram na corrente, continuam a ser considerados de topo e são chamados a dar opinião autorizada sobre a grande estratégia empresarial.
Eu sei que a história não se repete, mas seria bom que as pessoas assimilassem algumas lições da história. O que, infelizmente, se vai tornando impossível, face à minimização do seu estudo nas escolas e ao desaparecimento da filosofia dos programas escolares.
Sem bases, o que conta é a moda do dia. E aí está uma ilustração do que disse.
Sem dúvida cara DRª Suzana, a sensação que tenho, perante a "enxurrada" (copiando a palavra do caro Tonibler)de opiniões, de afirmações e negações, previsões e contradições, relativamente ao futuro das economias, é de estar dentro de um imenso vórtice. Algo terrívelmente embriagante de que não conseguimos escapar, nem afastar, de modo a poder observar de fora, tão pouco de um nível que nos proporcione uma visão global.
O caro Tonibler, afirma, segundo a minha interpretação, que tudo não passa de uma questão de ilusão optica, se assim fosse, deixaríamos de estar a ser chocalhados por um vórtice e passaríamos a estar fazendo parte de um imenso caleidoscópio. Seria mais colorida a imagem, mas não menos manipuladora.
O caro Dr. Pinho Cardão, aconselha que se preste atenção às lições que a história foi deixando gravadas e que delas sejam retirados ensinamentos empíricos.
Assim seja, tendo em conta um dado que a mim me parece importante.
Das anteriores crises, sociais, económicas e políticas, surgiu a solução porque foi descoberto algo. E aquilo que apareceu foi aplicado onde ainda não era conhecido, foi levado para onde fazia falta, onde se desenvolveu e criou riqueza.
Hoje, tudo se conhece e o que se conhece na Europa, conhece-se tambem no resto do mundo e é aplicado em toda a parte.
Por isso, penso, ou surge algo de novo, no campo da indústria, no campo da agricultura, ou até da economia, ou não haverá outro remédio senão retornar ao recurso da valorização da economia interna.
Já Agora: rebusquem lá no vosso Imaginário … que terra é essa Alcochete???
Pois. Se por acaso O Socrates recebeu dinheiro pela viabilização do Projecto, digamos que é impagável, ou está muito mal pago o facto de terem ordenado a retirada p. exemplo do HOTEL do empreendimento. Y não é por perturbação aos passarinho, claro, né. É mesmo por ser um disparate comercial. Uma idiotice profunda y ruinosa. Só mesmo uns Idiotas y Ingleses, com veia apurada para a imbecilidade incluiriam um HOTEL. Que é que Paga esse acto ( Altamete altruístico) ao Socras??? Pois. É impagável. Perguntem a qq ser da margem sul o sentido de existir um Hotel naquele Lugar… RISOTA PEGADA. UAU! o imaginário Inglês é mesmo divertido.
É! É mesmo Issso andou o Homem a salvaguardar que aquele negócio fosse o menos ruinoso possível para aqueles idiotas dos investidores Ingleses y RECEBE agora este Embrulho. Epá. Esta Estória è ridícula. Por Favor não desempenhemos o Papel de Uma Sociedade Civil Ridícula, ao ponto de todos andarem a fazer análises todas pinocas- por tudo quanto é sítio - que não nos fica bem dar seriedade, tanta seriedade a esta papa ridícula y disparatada y bronca. Investir a mente em assuntos DIGNOS está na Hora.
PS.: Temos mesmo que rebobinar esta postura face aos Ingleses tb! Vale.
Eu concordo.
À excepção da globalização que é um passo muito recente e que poderá ou não influir na actual crise mundial, todos os outros sistemas organizacionais, económicos, financeiros e até ideológicos, chegaram até nós como verdades inquestionáveis, assentes em pilares indestrutíveis. É a herança que nos foi legada, com um longo período de experimentação. Ninguém supôs, há uns meses atrás, que fosse chegar a este impasse.
Não sei se aquele srº que disse guiar-se pelas estrelas (talvez por incompetência ou talvez por honestidade intelectual), não estará a fazer melhor figura do que aqueles que, do alto da sua cátedra, vêm a terreiro dizer sempre as mesmas palavras que de tanto repetidas tornaram-se já enfadonhas…
Caro Tonibler, vai ver que os filmes, afinal, rebobinam, já não há assim tantas coisas que nos falta ver!Casos concretos é coisa que não falta, agora se eles resultam de ter havido expectativas erradas ou não já está a falar das causas e não das consequências. Além disso, as expectativas, para me fixar no que disse, não nasceram do nada, elas resultaram de teorias e teorias, bem (???) fundadas em demonstraçãoes académicas, passad depois à prática e testadas cientificamente (?) em modelos de sucesso que depois se generalizaram e se tornaram condição-sem-a-qual-nenhum negócio-era-de-sucesso. Dir-me-à que fomos um bendo global de trouxas, pois será, mas são factos ou não são factos? Podemos também argumentar que é outro facto, não desprezível, o de que vivemos todos uns bons anos de prosperidade de plástico, bem estar de qualquer modo.Muita coisa evoluiu a uma velocidade que só essa prosperidade permitiu, a ciência médica, os transportes,a habitação, a cooperação, os negócios,etc..não estou a desvalorizar isso, mas não devíamos ter desconfiado de tanta facilidade? Porque é que nos admiramos agora deste desmoronar? Devíamos ter sido mais prudentes ou não?E no post encontra alguns exemplos do que devia ter despertado a nossa dúvida e, pelo menos, ter sido mais ponderado. Mas não discordo do que diz,o que me parece é que o que aponta como óbvio estava longe de ser claro para a generalidade das pessoas que confiaram no sistema e não apenas na sua expectatisva optimista individual.
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