As palavras e o tom da intervenção do ministro Santos Silva numa reunião do PS ocorrida ontem, não são mais nem menos graves que muitas outras que tem proferido na sua qualidade de oficial de infantaria da maioria. Valha a verdade, também não são muito diferentes de episódios protagonizados por outros ministros de outrora. Põem a nu a profunda e acelerada degradação da vida pública. A reicindente falta de elevação. O completo abandono do saber-estar, o absoluto desprezo pelos valores básicos em que se deveria apoiar a política. Demonstra, afinal, o império da mediocridade que domina a vida pública nacional.
Todos sabem que Santos Silva joga na quinta divisão da credibilidade política, sobretudo depois de proclamar que, com a eleição do actual Presidente da República, estaríamos de novo condenados à ditadura. Não seria por isso grave se a degradação começasse e se quedasse por esta personagem. Mas Santos Silva é excessivamente próximo do Primeiro-Ministro para que a questão a ele se confinasse. Os seus comportamentos, não censurados pelo Engº José Sócrates, só acentuam a sensação de que há que mudar radicalmente de paradigma. De politicas, certamente. Mas seguramente de políticos.
4 comentários:
Absolutamente de acordo. A posição de Manuela Ferreira Leite, ao recusar comentar o caso por se tratar de um assunto interno do PS, foi justíssima, mas nós, simples cidadãos, que não somos dirigentes de qualquer partido, podemos e devemos comentar e reprovar não só as palavras infelizes mas o que elas revelam sobre a noção que o sujeito tem do debate político. Sobre a proximidade de José Sócrates, esta não está apenas na hierarquia do governo e do partido, mas na maneira de ver a política: lembremos o "não é assim que me vencem", como se tudo se resumisse a combates que se ganham ou se perdem.
Caro Ferreira de Almeida:
Tive um professor, o Prof. Francisco Pereira de Moura que definia economia como aquilo que fazem os economistas. Aplicando o conceito, política será o que fazem os políticos.
Do que concluo que, para mudar de política, só mudando os políticos. A política é uma consequência.
Que política é que se pode esperar do "prazer de malhar" de Santos Silva?
Caro Ferreira de Almeida,
Santos Silva cumpre, a rigor, o seu papel de oficial de diligências da política...é um comissário que actua em total conformidade as instruções do seu comitente...nada mais há a dizer.
Acabo de ouvir na TV o ministro Santos Silva tentar branquear a sua atitude afirmando que se tratava de debate democrático. Portanto qualquer cidadão pode à vontade "malhar" no dito ministro, já que o debate democrático não é crime. E não me acusem de incitação à violência: foi ele que disse.
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