1. O INE acaba de divulgar a estimativa rápida da variação do PIB em 2008: 0%.
2. Ao longo do ano transacto e a partir de uma previsão governamental de uma taxa de crescimento de 2,2% subjacente ao OE para esse ano, foram-se sucedendo as revisões em baixa até aos míseros 0,3% sinalizados já no início de 2009 pela dupla Governo-BdeP...
3. Mas nem esse mísero 0,3% ao que parece se conseguiu atingir...a contribuição mais negativa da procura externa líquida até essa pequena parcela esfumou.
4. O 4R emitiu em Julho de 2008 a previsão de crescimento de 0,7%, na época considerada um exercício de mau gosto, pessimismo militante, quando a dupla Governo-BdeP ainda sinalizavam crescimentos acima de 1%...
5. Em Setembro baixamos a previsão para 0,5%...mais pessimismo!
6. Agora se percebe melhor o pessimismo do 4R, bem como o resultado das políticas de “animação” da economia em curso desde há meses.
7. Dizia há poucos dias o Dr. Eduardo Catroga que a insistência na realização de grandes projectos de obras públicas pode significar estarmos a cavar a nossa própria sepultura...aqui no 4R desde há muito que alertamos para essa consequência...mas somos pessimistas, claro, a nossa opinião é sempre descontada com base nessa premissa!
8. Em Post editado em 28 de Janeiro último avançamos uma previsão de recuo da economia em 2009 de -3 a -2%, explicando que o principal factor de tal recuo será - tal como em 2008, vemos agora – o fraco desempenho da procura externa líquida, que admitimos vir a ser bem pior do que o avançado pelo BdeP.
9. Cabe acrescentar que a estratégia de "combate" à crise, através da concentração de enormes recursos de capital em obras/projectos que não vão gerar qualquer rendimento no futuro, está condenada ao fracasso e pode arrastar o País para um beco sem saída...
10. Essas obras/projectos vão gerar dois fluxos negativos de rendimento no futuro: (i) o fluxo dos juros da dívida necessária para financiar a despesa (chamada) de investimento; (ii) o diferencial entre receitas e despesas de exploração, com as primeiras inferiores às segundas.
11. Mas, pior do que isso, essa estratégia vai roubar recursos que seriam fundamentais para apoiar os sectores mais dinâmicos da economia – aqueles, precisamente, que podem contribuir para um melhor desempenho da procura externa líquida...
12. Já entramos no Euro em marcha-atrás...agora vamos atacar a crise também em marcha-atrás? Será que a marcha-atrás se tornou o grande desígnio nacional?
E não venham a dizer-nos que no 4R se alimentam pessimismos. Querem ainda mais evidência?!
10 comentários:
Caro Tavares Moreira,
Isto é o que se chama um post muito pessimista.
1. É muito positivo saber que o BoP vai acertar uma previsão de crescimento. Aliás, poucas previsões para 2008 vão ser tão certeiras como a próxima previsão do banco central para o ano passado. Não é para nada que se tem uma equipa de 1300 pessoas dedicadas a isso...
2. Não é verdade que as obras não vão gerar rendimentos no futuro. Basta que se reúnam certas condições e esses empreendimentos serão um sucesso financeiro. Por exemplo, o novo aeroporto terá um fluxo de passageiros absolutamente notável, bastando para tal que se feche o velho. O TGV Lisboa-Porto só precisa que se ponham as portagens da A1 a 500€ que o sucesso será garantido.
Por isso, é muito fácil balancear os juros da dívida e os proveitos do projecto como facilmente lhe demonstrarão os 18 pareceres do MIT que Pino&Lino vão arranjar.
3. Não posso aceitar que a marcha-atrás seja um desígnio nacional. Só se estiver a aderir à campanha negra de há 4 anos que dava o primeiro-ministro como adepto da prática ou a referir-se à recente proposta de casamento entre praticantes, porque cá eu não vou nessas coisas.
Caro Tonibler,
Tenho de confessar que seus comentários são para mim uma fonte de inspiração de altíssima voltagem, não sei como agradecer-lhe.
Neste caso em particular, irei propor a meus companheiros de 4R que mandemos emoldurar o seu comentário...é uma peça imperdível!
Por mim, contribuo já para a peça!...
Quanto é? Quanto é?
O que acabo de ler faz-me lembrar uma troca de impressões com laivos de azeda, entre mim e um colega meu, ambos engenheiros civis. A discussão decorreu de duas perspectivas diferentes de entender o mesmo acto económico. Eu, embora muito afecto às obras públicas como é natural, com uma visão mais ampla de que é imperativo ter em muita linha de conta componentes fundamentais da nossa situação actual, lembrei a dívida externa, o cerceamento de crédito por tabela, o que se vai arranjando não dá para tudo e os efeitos desalentadores em termos de futuras receitas, sustento que o emprego não pode cegamente direccionar os investimentos, enquanto que o meu colega, desvairado com a crise proveniente da falta de obras, o que põe em causa a mão-de-obra e a aplicação de equipamentos pesados, defende a teoria, até politicamente muito duvidosa, que a conjuntura financeira do país ter-se-á que resolver, a bem ou a mal, o que é preciso é apresentar obra e depressa, para estancar, ou pelo menos minorar, o desemprego. De um lado, acho eu,o egoísmo feroz corporativo, contra a visão integrada da nossa actual situação, até para não a agravar e sobretudo para não hipotecar a margem de manobra das gerações que aí vêm, pelo fardo brutal das responsabilidades que queiram ou não assumirão e do outro o desenrrasca-te zé, desde que se obtenha boa imagem junto dos votantes, por tão magníficas obras de engenharia!. Bom é ser-se político, fazer demagogia e ganhar a todo o custo eleições, sem escrúpulos. E depois aqui dél rei que me andam a "sacanear". Que raio de povo este!
O que acabo de ler faz-me lembrar uma troca de impressões com laivos de azeda, entre mim e um colega meu, ambos engenheiros civis. A discussão decorreu de duas perspectivas diferentes de entender o mesmo acto económico. Eu, embora muito afecto às obras públicas como é natural, com uma visão mais ampla de que é imperativo ter em muita linha de conta componentes fundamentais da nossa situação actual, lembrei a dívida externa, o cerceamento de crédito por tabela, o que se vai arranjando não dá para tudo e os efeitos desalentadores em termos de futuras receitas, sustento que o emprego não pode cegamente direccionar os investimentos, enquanto que o meu colega, desvairado com a crise proveniente da falta de obras, o que põe em causa a mão-de-obra e a aplicação de equipamentos pesados, defende a teoria, até politicamente muito duvidosa, que a conjuntura financeira do país ter-se-á que resolver, a bem ou a mal, o que é preciso é apresentar obra e depressa, para estancar, ou pelo menos minorar, o desemprego. De um lado, acho eu,o egoísmo feroz corporativo, contra a visão integrada da nossa actual situação, até para não a agravar e sobretudo para não hipotecar a margem de manobra das gerações que aí vêm, pelo fardo brutal das responsabilidades que queiram ou não assumirão e do outro o desenrrasca-te zé, desde que se obtenha boa imagem junto dos votantes, por tão magníficas obras de engenharia!. Bom é ser-se político, fazer demagogia e ganhar a todo o custo eleições, sem escrúpulos. E depois aqui dél rei que me andam a "sacanear". Que raio de povo este!
Caro Pinho Cardão,
permito-me sugerir um próximo conclave do 4R para atribuição dos "Comentários de Ouro", avançando já com a candidatura deste último do nosso amigo Tonibler...
caro antoniodosanzois,
Seria talvez interessante que esse seu ilustre colega clarificasse melhor o sentido da expressão "a conjuntura financeira do País ter-se-á que resolver, a bem ou a mal...".
Suscita particular curiosidade a alternativa de resolução "a mal"...quererá dizer que vamos pagar com "língua de palmo", como se dizia no meu tempo de juventude, os compromissos absurdos que estamos agora a assumir?
Será isso uma opção responsável?
Ou a "crise" já nos tirou de todo a (já muito escassa) capacidade de discernir o que devemos e não devemos fazer?
Caro TM:
Completamente de acordo!...
Caro Dr. Tavares Moreira
Tentando satisfazer-lhe a curiosidade, "às apalpadelas" , mas nos precisos termos em que se coloca o problema, estou convencido, como de resto se ouve frequentemente em todos os quadrantes da vida portuguesa, com especial força junto dos nossos inefáveis políticos, a nossa integração na UE "salvou-nos de vez de desgraças, mesmo das mais profundas ou chocantes". Já não havendo descobrimentos, nem o ouro do Brasil, nem remessas de emigrantes co o folgo antigo, no entender destes sujeitos, mais alguma coisa aparecerá para lá dos estafados apoios da europa, certamente em ordem a podermos continuar a chupar e a viver à custa de terceiros. Que raio de mentalidade ! Coisas decorrentes de uma democracia avançada!Os meus afectuosos cumprimentos
Caro Dr. Tavares Moreira
Tentando satisfazer-lhe a curiosidade, "às apalpadelas" , mas nos precisos termos em que se coloca o problema, estou convencido, como de resto se ouve frequentemente em todos os quadrantes da vida portuguesa, com especial força junto dos nossos inefáveis políticos, a nossa integração na UE "salvou-nos de vez de desgraças, mesmo das mais profundas ou chocantes". Já não havendo descobrimentos, nem o ouro do Brasil, nem remessas de emigrantes co o folgo antigo, no entender destes sujeitos, mais alguma coisa aparecerá para lá dos estafados apoios da europa, certamente em ordem a podermos continuar a chupar e a viver à custa de terceiros. Que raio de mentalidade ! Coisas decorrentes de uma democracia avançada!Os meus afectuosos cumprimentos
Caro antoniodos anzoes,
Registo o escalrecimento, bem interessante de resto, acrescentando apenas que - quem sabe - a salvação da insolvência financeira em que o País se encontra não estará nos (agora redescobertos) milagreiros Eurobonds que o ex- Presidente Sampaio se propõe emitir...
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