Há muito sabemos que a comunicação social se rege por leis próprias e se louva em comportamentos que condena no comum dos cidadãos.
As escutas estão proibidas por lei, a não ser com expresso mandato judicial. Não para a comunicação social que, aproveitando ilicitamente os acontecimentos que cobre, capta conversas pessoais ou particulares, através de microfones sofisticados e da imagem abusiva. Capta e difunde, o que significa uma total conivência das hierarquias das redacções na ilegalidade.
Ontem e hoje foi amplamente difundida uma dessas conversas entre o Ministro português das Finanças e o seu congénere alemão.
As escutas estão proibidas por lei, a não ser com expresso mandato judicial. Não para a comunicação social que, aproveitando ilicitamente os acontecimentos que cobre, capta conversas pessoais ou particulares, através de microfones sofisticados e da imagem abusiva. Capta e difunde, o que significa uma total conivência das hierarquias das redacções na ilegalidade.
Ontem e hoje foi amplamente difundida uma dessas conversas entre o Ministro português das Finanças e o seu congénere alemão.
Se tal critério editorial é criticável, mais digno de censura é o aproveitamento que o Secretário-Geral do Partido Socialista dele está a fazer. Não já pela adulteração da conversa, entrando por um processo de intenções, lamentavelmente cada vez mais habitual nos políticos (no caso, o ministro português limitou-se a receber uma mensagem do ministro alemão), mas sobretudo pela utilização de uma ilegalidade para fazer política. Baixa política.
11 comentários:
Caro Dr. Pinho Cardão,
Tratando-se de duas figuras públicas em representação dos respectivos países, num local público (onde a imprensa tem acesso aberto), onde estão a decorrer trabalhos políticos públicos (ou que o deveriam ser)... não vejo onde está o drama.
Acho mais "chocante" este tipo de conversas e negociatas não ser assumido publicamente, em vez de ser feito "em privado". Assim como acho cada vez mais triste ver esta forma de funcionamento da Europa, basicamente uma subserviência completa à Alemanha.
Triste. Mas nada que me espante.
País de bosta!!! Então o homem não estava a fazer o seu trabalho? Alguém questiona se o(s) ministro(s) estava a defender o interesse nacional?
Isto é mesmo um estado inviável, quando se vê aquela conversa e não se elogia os intervenientes. O atrasado mental do Seguro deveria estar a explicar porque é que ele não estava a ter a mesma conversa, em vez de vir para a rua gritar como uma maluca.
Não entendo esta gente. Que gente!
Caro AF:
Desta vez, discordo de si. A conversa, embora num local onde os media tinham acesso, não era pública. Os ministros têm direito a trocar impressões entre si sobre os diversos assuntos de forma privada. Todos temos o direito de ter conversas pessoais, mesmo no decorrer de uma sessão pública. O que se passou foi uma escuta ilegal. Ponto final.
Caro Tonibler:
Pois é, país desgraçado este quando o principal dirigente da Oposição tem, no caso em apreço, o comportamento que tem.
Caro Dr. Pinho Cardão,
Se eles estivessem a combinar uma jantarada ou a falar de assuntos que só a eles dissessem respeito, concordaria consigo. Não é o caso. Estavam a falar de assuntos que envolvem o destino de milhões de pessoas. Em representação das mesmas. Na qualidade de Ministros das Finanças. Para mim isso faz toda a diferença. Não reconheço aqui qualquer expectativa de privacidade.
O actual secretario-geral do PS é um desastre consumado e o que tem dito ao longo do pouco tempo que leva no cargo faz-me concluir que é muito razoavelmente oco mental. Posso estar errado mas o que me parece de tudo o que tenho visto da pobre criatura é que não lhe interessa nada de substantivo seja sobre o que for. O seu único interesse é dizer mal. Sobre o quê? Isso é irrelevante. O fim em si mesmo é dizer mal, achincalhar e denegrir. Que criatura...
Uma pequena nota para o caro AF. Muitas vezes o destino de milhões de cidadãos é mais bem conduzido a recato e de forma discreta, secreta mesmo, do que a toque de bombo na praça pública. O segredo é a alma do negócio e isto é válido na gestão seja do que for, tanto duma qualquer empresa como da coisa pública.
Dr. Pinho Cardão
Não compreendo porque é que nestes encontros de alto nível a comunicação social circula livremente ao ponto de gravar conversas privadas, seja com quem for, sela qual for o tema.
Quanto ao Secretário Geral do PS não há que estranhar. Não sabe o que fazer à vida, tudo serve para que lhe prestem atenção. Baixo nível, em duas palavras.
Caro Zuricher,
Em relação à sua nota, eu diria que as evidências apontam no sentido contrário, no caso dos Estados! Mas sendo esse o caminho, então porque não dispensamos de uma vez por todas esta maçada hipócrita da democracia? Conduzam-se todas as negociações em segredo, assim já não há o perigo destas escutas ilegais!
Creio que um dos principais problemas actualmente é exactamente essa "empresarialização" de tudo. É pensar no Estado como uma coisa semelhante a um negócio, a uma empresa, e aplicar-lhe regras semelhantes.
Os estados (Europeus) financiam-se na banca privada, são "avaliados" por agências privadas. Mecanismos que funcionarão(?) muito bem para empresas privadas, mas que são (digo eu) manifestamente inadequados para estados soberanos.
Acho que José Seguro fez burrada pois, na conversa a que tivemos acesso, apenas ouvimos o ministro alemão a ser "gentil" com o ministro portugês, aparentemente, na lógica sequencial de um diálogo.
Ora, só ouvindo todo o diálogo poderíamos saber se as palavras do alemão eram, ou não, a resposta a uma solicitação. Assim, não o sabendo, Seguro deveria ter ficado caladinho, quando muito poderia ter criticado a posíção de cócaras a que nos começamos a habituar...
Caro AF:
Então, pela sua teoria, as escutas e a sua divulgação são legítimas ou não de acordo com o teor da conversa. Como não se sabe antecipadamente o teor da conversa, escuta-se e grava-se. Não vejo qualquer diferença com os métodos pidescos que a nossa lei aboliu.
Caro Pinho Cardão,
Percebo o que diz; culpa minha, expressei-me mal.
O que eu quis dizer é que dois Ministros das Finanças numa reunião onde estão a ser decididas matérias que dizem respeito (democraticamente) a todos os seus representados, devem assumir que não estão num local privado. E por isso, realmente tem razão, não faz a mínima diferença se combinam jantaradas ou arranjinhos ao mais alto nível.
Optando por ter conversas desse teor (aliás do teor da conversa aqui em causa) deveriam ter a consciência que estão sob o escrutínio da opinião pública.
Isso, ou proíbam a captação de imagem e som. Ter cobertura pública e depois lamentar-se quando são "apanhados" em conversas menos ... convenientes... é que não me parece muito correcto.
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