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sábado, 4 de fevereiro de 2012

"Lapsos"...


Este tipo de acontecimentos começa a encher as páginas dos jornais, abrem e fecham telejornais e são motivo de mesas redondas e de desmentidos obrigatórios ou de explicações meio atabalhoadas de funcionários e responsáveis. Nada contra. Para muitos são coisas sem importância, mais valia que dessem atenção à corrupção graúda. Merece, sim , muita atenção. É bom que se saiba que os nossos impostos servem para comprar “fitas gomadas” a preços de dois dígitos, quando num qualquer hipermercado esses produtos são vendidos por preços incomparavelmente mais baixos. Em nossas casas se pudermos comprar mais barato, não compramos mais caro. Esta deve ser a regra que, por maioria de razão, devemos seguir quando gerimos o que não é nosso, é de outros, é de todos. 
Não há outra opção que não seja a correcta e rigorosa utilização dos dinheiros públicos, da gestão cuidada e criteriosa dos recursos. O exemplo é tão ou mais importante que a racionalização, faz parte e induz as boas práticas de gestão, tem um efeito multiplicador de comportamentos e atitudes. É necessário que os princípios e valores tradicionais voltem de novo a ser uma referência. Se a publicidade destes e outros "lapsos" tiver uma função de sanção social e de chamada de atenção para quem tem responsabilidades políticas e de gestão pública de que é preciso combater o desperdício e o excesso já não é nada mau. De repente, toda a gente condena e critica o esbanjamento do Estado, quando há bem pouco tempo era considerado normal. Mudam-se os tempos, mudam-se as necessidades, esperemos que o rigor seja adoptado como um bem necessário e saudável e que não seja apenas um efeito do mediatismo da penúria financeira…

6 comentários:

Bmonteiro disse...

Sem qq pretensão saudosista, relativo ao Premier da 2ª República.
(Contado por um amigo, AjCampo MDN anterior a 25Abr74)
Cena com AOS:

Sexa MOP vai a despacho (engº Arantes e Oliveira);
No final, tem algo mais a expor ao Exmo Presidente do CM;
Diga, diga senhor ministro (que era capaz de estar a par do caso);
Sr Presidente, achei por bem jantar com os engenheiros da empresa americana da ponte de Lisboa e...;
Pois fez muito bem, muito bem e então;
Fomos jantar ao restaurante Tavares e foram 7 contos (com a factura nas mãos);
Pois fez muito bem...muito bem. E tem o visto do Tribunal de Contas?
Isso não senhor Presidente, não houve tempo, não tem;
Deixe cá ver (e vai de despachar);
Quando o ministro pode ver, qual o despacho?
"Como não tem o visto do TC, ao senhor ministro para pagar a despesa"
Conclusão (minha): governados por um refinado sovina.
Pois.

Rui Fonseca disse...

É por demais evidente que são coincidências a mais e revelam qualquer conivência entre os requisitantes e os fornecedores.

Qualquer responsável de uma empresa privada mandaria chamar os funcionários que requisitaram os artigos, os que os recepcionaram e os que conferiram as facturas.

Depressa concluiria que ou tinha empregados incompetentes ou venais.
Qualquer que fosse a conclusão os envolvidos não continuariam na empresa por muito tempo.

Na função pública, porém, não há despedimentos.

Tonibler disse...

Não sei se estes casos são realmente casos e nas notícias que vi não cheguei a perceber se a factura total justifica ou não o total da entrega. Todos nós já passámos por situações em que o fornecedor mete um valor qualquer nas parcelas para justificar um total, por isso parecem-me esse casos mais uma questão de informalidade que outra coisa.

Entretanto o Valentim Loureiro foi dado como inocente numa daquelas "cenas à portuguesa" ...

Bmonteiro disse...

Pois...Tonib
"Valentim Loureiro" o capitão expulso do Exército, no tempo em que os animais falavam.
Recuperado pelo PSD & Democracia Lusitana - perdão, caridade e honra, como valores da Ética Republicana.
Aí vai outro bom exemplo, acabado receber (antiga revista GR, em boa hora fechada):
"Em PO só há um PR, um PM e 16 ministros. Mas apenas em 1992, os respectivos gabinetes compraram 32 BMW série 7, 30 Renault 25 BXI e 10 Mercedes 560 SL - la crème de la crème. A austeridade......quem disse que somos um país pobre?"
do artigo "O GRANDE BAZAR".
Durou até 2010.

Bmonteiro disse...

Ainda p/Toni
e o modo como tem compreendido as despesas desta gente:
"Houve também o célebre caso dos Mercedes que foram comprados para os ministros.
Estes recusaram-nos, por pouco 'dignos' e os carros foram devolvidos à DGP"
Assim se vê, a dignidade desta gente.
(Ou a força do PC)

Margarida Corrêa de Aguiar disse...

Caro Bmonteiro
Não é preciso ser sovina para ser rigoroso e ter bom senso. O Tavares foi fatal.
Caro Rui Fonseca
Uma diferença que faz toda a diferença.
Caro Tonibler
Tudo estaria bem se estes e outros "lapsos" fossem meras questões de "informalidade".