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terça-feira, 12 de janeiro de 2010

As formigas, o computador e o aquecimento global



Agora mesmo, estou perante a prova definitiva do aquecimento global. Ao abrir o computador, umas dezenas de formigas ocupam todo o écran, correndo por ele nos mais desvairados rumos e nas mais incertas direcções.
Como estou a escrever sobre o acontecimento, e em tempo real, vejo que algumas, mais calmas, se passeiam entre as teclas e outras espreitam pelos intervalos e interstícios das mesmas. E acabo de soprar numa, que me apareceu na mão, fazendo-a aterrar sobre a secretária.
Claro que já tenho a explicação científica para o fenómeno, rapidez intelectual só possível a quem vive no campo. Com as chuvadas intensas, as habitações destruídas e víveres dizimados, as formigas procuram refúgio dentro das casas, passando pelos locais mais improváveis e chegando aos sítios mais incríveis. Naturalmente apresentam-se magras e esqueléticas, de meter dó. Mas nem esse facto tem dissuadido a minha querida consorte, em conluio estreito com a empregada, de lhes darem caça com armas químicas e por todos os meios possíveis, quero admitir, que legais. Assim perseguidas, inteligentemente intuíram, observando a minha índole pacífica, que o lugar onde poderiam ter alguma protecção era ao abrigo do meu computador. E aqui estou eu, soprando formigas entre cada palavra que escrevo, a enxotá-las para a secretária e depois para o chão. Dando-lhes assim mais uma oportunidade, que a competência e jurisdição para o seu adequado tratamento deixa de ser minha.
No fim, não teria formigas sem chuvadas e não teria chuvadas sem aquecimento global. E sem aquecimento global, sem chuvadas e sem formigas não haveria este post. Para alguma coisa o aquecimento há-de servir!...

11 comentários:

Catarina disse...

Agradável leitura para uma manhã de terça-feira!
Admiro a sua criatividade e... a das formigas também! Por intuição sabiam que o lugar mais seguro seria o computador do caro Pinho Cardão. Os animaizinhos, por muito ínfimos que sejam... detectam mais que muitos seres humanos! :)

Bartolomeu disse...

Pois, pois... o meu caro amigo agora, deita as culpas para o tempo, mas aquilo que eu acho que atrai as formiguinhas ao seu computador, são as migalhas de uns docinhos que o acompanharam d' Avignon au Portugal. N'est pas vrai, monsieur Pino Cardão?

jotaC disse...

Caro Drº Pinho Cardão:
Excelente humor, apesar de uma manhã invernosa!
Num país de macambúzios como o nosso, cada vez mais, vai sendo raro apanhar alguém com tanto humor, classe e simplicidade...

Anónimo disse...

Já investigou o meu Ex.mo Amigo se não existe uma tese de mestrado ou mesmo de doutoramento sobre o fenómeno? Ou este post é uma sugestão a uma qualquer instituição universitária para criação de uma especialização pós-bolonha sobre formigas à chuva?

éf disse...

Enquanto não chegarem as baratas, não há azar.

Margarida Corrêa de Aguiar disse...

Caro Dr. Pinho Cardão
Eis uma teoria da "conspiração" perfeita!
Haja boa disposição e momentos de descontracção, que bem precisamos! Mas com classe, como diz o nosso caro jotaC. É que nos tempos que correm vai sendo uma raridade...

Suzana Toscano disse...

estou com o caro Bartolomeu, isso são as migalhas de uns docinhos franceses comidos enquanto navega e escreve no 4r. As formigas são assim atraídas por vários pólos de interesse, sabendo-se a salvo enquanto comem, lêem, dormem e no fim levam umas sacudidelas suaves só para não pensarem que estão em território conquistado!

Pinho Cardão disse...

Cara Suzana e Caro Bartolomeu:
Nada disso!...
Enquanto computo não como
Enquanto computo não bebo
Nem de laranja provo um gomo
Nem pinga de água recebo...
As formigas foram para o meu computador unicamente porque conhecem o meu bom feitio, incapaz de fazer mal a um ser vivo!...

Caro Ferreira de Almeida:
Não tenha dúvida que aí estava uma excelente tese. E seguramente original!...

Bartolomeu disse...

Já não comeis nem bebeis
Mui nobre Pinho Cardão?
Cuidai que não percais
Essa vossa viril paixão

;)))

Pinho Cardão disse...

Apenas enquanto computo,caro Bartolomeu...
Caso contrário, com as mãos ocupadas com o docinho, como é que computava?

Bartolomeu disse...

Impossível não seria
Dado a vossa grande destreza
Mas o doce derreteria
Disso, tenho a certeza

;)))