Faz honra de primeiras páginas há já dois dias, um diálogo no Facebook entre pilotos da TAP, Associa-se agora ao episódio um curso que a empresa quer que os seus trabalhadores frequentem sobre ética nas relações entre o pessoal da TAP, curso que, segundo o sindicato, custará a módica quantia de 2 milhões de euros. Os responsáveis dizem que não senhor, o curso nada tem que ver com as mensagens trocadas nas redes sociais.
Para lá da estranha coincidência de a TAP ter acordado para o problema da falta de ética dos seus trabalhadores no preciso momento em que se incendiavam as relações entre pilotos por causa das ditas mensagens, é extraordinário com se formou uma onda de inusitado interesse motivado por conversa que, por muito censurável que tenha sido, se confina às relações entre pessoas, umas que supostamente difamaram, outras que pretensamente se consideram ofendidas. A SIC abriu mesmo um forum para discutir o caso, interrogando gravemente até onde se poderá ir nas redes sociais! E os noticiários entrevistam eméritos professores de direito para saber que constitucionais princípios estão em perigo de extinção com o caso!
Espanta tudo isso. Não tanto o interesse da comunicação social que liga a isto tal como faz reportagem sobre a pata partida do piriquito da minha vizinha. Espanta pelo cúmulo da desresponsabilização individual que o caso traduz. Se a conversa, seja no Facebook ou à mesa do café, é ofensiva da dignidade e honra de outrém, corresponderá a um banal episódio de difamação, que o difamado deve saber resolver pela forma que achar mais adequada à reposição da honra ofendida. E se a TAP entende que a falta de ética revela alguma infracção a obrigações laborais, chama os responsáveis à responsabilidade. Não se oferece para os vacinar contra a doença. Nem nos oferece a todos a noção da crise de consciência do dever que parece ter conquistado todos os sectores da vida.
Para lá da estranha coincidência de a TAP ter acordado para o problema da falta de ética dos seus trabalhadores no preciso momento em que se incendiavam as relações entre pilotos por causa das ditas mensagens, é extraordinário com se formou uma onda de inusitado interesse motivado por conversa que, por muito censurável que tenha sido, se confina às relações entre pessoas, umas que supostamente difamaram, outras que pretensamente se consideram ofendidas. A SIC abriu mesmo um forum para discutir o caso, interrogando gravemente até onde se poderá ir nas redes sociais! E os noticiários entrevistam eméritos professores de direito para saber que constitucionais princípios estão em perigo de extinção com o caso!
Espanta tudo isso. Não tanto o interesse da comunicação social que liga a isto tal como faz reportagem sobre a pata partida do piriquito da minha vizinha. Espanta pelo cúmulo da desresponsabilização individual que o caso traduz. Se a conversa, seja no Facebook ou à mesa do café, é ofensiva da dignidade e honra de outrém, corresponderá a um banal episódio de difamação, que o difamado deve saber resolver pela forma que achar mais adequada à reposição da honra ofendida. E se a TAP entende que a falta de ética revela alguma infracção a obrigações laborais, chama os responsáveis à responsabilidade. Não se oferece para os vacinar contra a doença. Nem nos oferece a todos a noção da crise de consciência do dever que parece ter conquistado todos os sectores da vida.
3 comentários:
Olhe, caro Dr. José Mário, conheço um local de trabalho, onde os funcionários, mesmo sem publicar nada no facebook, foram convidados a participar numa formação de protocolo e etiqueta.
Sinais dos tempos, caro Dr., ou então... uma forma, ética de dar dinheiro a ganhar aos formadores.
José Mário
Independentemente do local e da forma, se os comentários dos trabalhadores da empresa ofenderem ou forem lesivos da sua imagem ou violarem o sigilo profissional a que estão obrigados, então a empresa pode e deve actuar junto dos trabalhadores responsáveis através dos meios legais e regulamentares que tem ao seu alcance.
Não é com cursos de “ética” que estes casos devem ser, a meu ver, tratados.
Caro Drº Ferreira de Almeida, diz V. Exa.:
"...E se a TAP entende que a falta de ética revela alguma infracção a obrigações laborais, chama os responsáveis à responsabilidade. Não se oferece para os vacinar contra a doença. Nem nos oferece a todos a noção da crise de consciência do dever que parece ter conquistado todos os sectores da vida."
Digo eu:
Concordo totalmente!
A ser verdade o que a imprensa tem vindo a dizer sobre este assunto, a TAP, sentindo-se lesada, devia ter assumido este comportamento em vez de enveredar por atitudes invasivas da liberdade do cidadão e do trabalhador, utizando subterfúgios que mais parecem "doutrina" a emergir em vários sectores da sociedade.
Cada vez mais me convenço que há muita gente em lugares de decisão, completamente esvaziadas de bom senso...
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