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segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Nulidade em directo e por satélite

Já aqui, creio, se falou do assunto. Mas para mim continua a ser um enigma o critério que leva as TV, em especial a televisão do Estado que é aquela que pagamos com a nossa contribuição para as indemnizações chamadas compensatórias, a mandar "enviados especiais" para a cobertura dos mais diversos fenómenos, às vezes aos locais mais estranhos. Na maior parte dos casos a informação que os repórteres fornecem em directo e por satélite, nada acrescenta ao conteúdo dos despachos das agências noticiosas com que os pivots dos telejornais iniciam a notícia.
Hoje foi a vez de a RTP dar cobertura em directo à libertação de Mehmet Ali Agca, o homem que em 1981 tentou matar o Papa João Paulo II. O jornalista luso enviado à Turquia para relatar a libertação em directo repetiu exactamente a introdução da notícia feita na redacção. E as imagens transmitidas não ofereciam nada de especial, ao invés, exibiam a habitual confusão dos paparazzi. No final, ouvidas as palavras de Ali Agca, confirmou-se o que se sabia: libertou-se um louco cuja loucura não se curou nos anos que passou pela prisão.
O repórter regressa agora a casa, pendura o seu colete Coronel Tapioca, e a RTP, com a nossa ajuda, pagará as facturas da nulidade transmitida em directo e por satélite. Haverá nisto alguma racionalidade, alguma explicação? Se calhar existe. Se alguém a conhecer e a quiser partilhar, antecipadamente este contribuinte agradece.

4 comentários:

Catarina disse...

Gostaria imenso de, finalmente, ser eu a ter a oportunidade e o prazer de esclarecê-lo, caro JM Ferreira de Almeida, num assunto tão incompreensível. Mas ainda não é desta vez que poderei ilucidá-lo! É que não encontro qualquer racionalidade e explicação para essa reportagem! Ainda se fosse num local de perigo, guerra, combate... ainda encontraria alguma explicação: o jornalista pediu, insistiu e conseguiu ser enviado para depois, no conforto do seu quarto de hotel, pescar algumas notícias dos seus colegas e enviá-las à redacção como suas. E todos pensariam: isto é que é um jornalista! Corajoso! Bravo português... da estirpe dos grandes descobridores do passado!!... Mas assim.... :)

Suzana Toscano disse...

Pois daqui também não lhe virá qualquer ajuda. Partilho da sua perplexidade mas deve haver critérios misteriosos de concorrência e de mercado que levam a que jornalistas de todas as estações estejam ao mesmo tempo em directo nos mesmos locais a contar as mesmas coisas com os mesmos protagonistas sem acrescentar absolutamente nada.

Pinho Cardão disse...

Caro Ferreira de Almeida:
Mas não há qualquer racionalidade nisso, é mesmo uma perfeita loucura de desperdício de dinheiro.
Também eu, que não tinha ainda visto este seu texto, falava da absoluta falta de racionalidade daqueles que continuam a propugnar por maior défice para potenciar crescimento, contra todas as evidências teóricas e empíricas.
Parece que uma loucura geral invadiu os responsáveis deste país, aos mais diversos níveis. Parece não, é mesmo um facto.
Como vamos sair disto, é que já não sei!...

Bartolomeu disse...

Bem... o turco foi para o Sheraton, o reporter da tv, não faço ideia onde ficou. O hotel do turco é bestial, já lá estive. Os quartos do 4º piso têm uma vista total e fabulosa, que domina toda a cidade. Se o turco conseguir instalar uns misseis de longo alcance no terraço do hotel, vai conseguir cumprir aquilo que prometeu à imprensa... estoirar com os gajos todos.
O jornalista tuga... bom, se deu um saltinho à capadócia, já não perdeu a viágem. Até podia ter feito uma reportagem para vender ao canal história, ou para mostrar aos amigos... sei lá...