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segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Ventos e tempestades


As intempéries lembram-nos que somos só habitantes. Não possuímos nada e nada está garantido.Os ventos furiosos derrubam construções, estufas e árvores de grande porte, o frio gela os rios, o peso da neve parte como paus de fósforo os postes de electricidade e cria o caos nos orgulhosos aviões, nos comboios de alta velocidade e nas autoestradas de circulação rápida. As imagens das cheias violentas no Brasil mostram que ruíram morros sobre estâncias de luxo ou que se desmoronam favelas como castelos de cartas, desaparecem pontes e estradas no turbilhão que ontem era apenas um pacífico rio indolente e doce e que logo voltará a sê-lo.
Resta-nos esperar que as fúrias se acalmem para que se reparem os estragos e se retome a normalidade. Lições de humildade às civilizações.

11 comentários:

António Viriato disse...

Cara Suzana Toscano,

Permita-me que introduza alguma precisão, na sua visão sombria dos efeitos das intempéries : os postes das linhas eléctricas não partem com o peso da neve, quando muito vergariam com a acumulação do gelo ao longo dos cabos, mas, essencialmente, quebram pelos violentos esforços de tracção exercidos nas cabeças dos mesmos, pela força dos ventos intensos, de velocidades elevadas, acima dos 140-150 km/h, como provavelmente foram os que se verificaram, no final do ano de passou.

Analogamente, as casas e as favelas inopinadamente erguidas em encostas de declive acentuado, sobre terrenos pouco sólidos, que intensamente se alagam, dando origem a inevitáveis deslizamentos de terras, tornam-se causa provável de catástofres anunciadas.

Os elementos têm a sua fúria, naturalmente, e produzem consequências, com certeza, mas, ainda mais, se a nossa previdência lhes franquear a porta à chegada, como creio dizia o saudoso Zeca, a propósito de uns seres aziagos, sugadores do sangue da manada...

Espero que acolha com bonomia esta minha modesta contribuição para a tertúlia animada que poir aqui se reúne.

Bom início de semana, para todos os confrades da 4R e, se me concedem o atrevimento, preparem-se também para a fúria dos elementos socretinos, tão ou mais nocivos do que os naturais...

AV_11-01-2010

Catarina disse...

Resta-nos é esperar que os organismos governamentais responsáveis tomem as devidas medidas preventivas para que tal tragédia não volte a acontecer. Com estas alterações climatéricas há que tornar os governos mais responsáveis...

Suzana Toscano disse...

Tem toda a razão, caro António Viriato, nós é que desafiamos os deuses, convencidos de que os superamos. Mas de vez em quando lá vem a natureza ensinar-nos a ter mais juízo...o pior é que raramente nos serve de emenda!

Suzana Toscano disse...

Há-de voltar, catarina, é muito mais difícil evitar pequenos ou grandes erros em cada lugar do que tentar conter as alterações climáticas à escala global.

jotaC disse...

Na minha terra, quando eu me criava, não se falava em alterações climáticas mas os Invernos eram rigorosos! Chovia e nevava com fúria, a força da chuva aliado ao vento derrubava muros e árvores, os terrenos agrícolas eram inundados, os nevões cobriam os pastos e estragavam o verde dos campos e não havia escola, lembro-me de uma vez durante oito dias…
E lembro-me também que não havia seguros, nem reformas, nem subsídios, nem ajudas do estado, e toda a gente da aldeia ficava entregue a si própria e à solidariedade dos vizinhos!

Margarida Corrêa de Aguiar disse...

Pois é, Suzana, um pouco mais de respeito pela força da natureza não seria má ideia. E um pouco mais de precaução e consciência na gestão das dificuldades climatéricas também seria bom.
Quando ouvi há pouco num telejornal a notícia de que as autoridades entendiam que a culpa do caos na A24 foi dos condutores, fiquei a sorrir e a pensar que quando as estradas não oferecem condições de utilização devem ser essas mesmas autoridades a barrar a sua circulação.

Adriano Volframista disse...

Cara Susana Toscano

"Changez le naturel, il revient à galop"
La Rochefoucault

Cumprimentos
joão

António Viriato disse...

Corrijo : catástrofes e imprevidência, nos lugares onde figuram os termos errados.

Bartolomeu disse...

http://www.youtube.com/watch?v=9_ALElMLpRA

We need return to innocence!!
Em algumas culturas e religiões, tanto nórdicas como da américa do sul e da áfrica austral, a terra é considerada a grande mãe, a grande deusa, aquela que, tal como uma mãe humana, alimenta educa e protege os seus filhos. Sá por curiosidade, na cultura ameríndia, a grande deusa tinha o nome de Gaia.
Os fenómenos metereológico violentos a que temos assistido últimamente, parecem-se com um forte ralhete de uma mãe que em "desespero de causa", decide aplicar um castigo exemplar aos seus filhos muito queridos, por forma a que entendam definitivamente que têm cometido grandes asneiras.

Pinho Cardão disse...

Caríssimos:
Não deixem de dar atenção ao generoso conselho do António Viriato de se preparem também para a fúria dos elementos socretinos, tão ou mais nocivos do que os naturais.
Com a diferença de que estes são fugazes, mas os primeiros têm-se revelado duradouros e devastadores.

Suzana Toscano disse...

caro João, conheço essa frase e uso-a muito quando acontece uma pessoa que parece muito educadinha e contida mas isso contraria a sua natureza, vê-se que é um esforço para disfarçar o seu verdadeiro carácter, e logo à primeira prova surge o natural. A natureza pode ser contida ou domesticada mas dificilmente (ou nunca) é vencida.