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sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Desgaste visível

Calhou assistir a uma parte do debate parlamentar quinzenal com o governo.

Surpreendente só o facto de, ao que parece, o Sr. Engº Sócrates desta vez não ter tirado da cartola nenhum daqueles anúncios de boas novas com que consegue desviar a atenção dos media das interpelações mais incómodas. O tema do debate era a política orçamental, e dessa cartola não sai nada de favorável à imagem do governo.

Mas o que me chamou mais a atenção foi a a agitação do ministro das finanças a cada intervenção crítica, fosse da direita, fosse da esquerda. Imagino a pressão, o stress do ministro que não pode deixar de sentir o peso da responsabilidade pelos resultados da condução das finanças públicas em Portugal nos últimos anos. Faça Teixeira dos Santos o que fizer, é inexorável que a História o registe como o ministro das finanças responsável pelo maior déficite, pelo maior dívida soberana, mas sobretudo pelos maiores desvios de que há memória entre as previsões e a realidade.

Vítima das circunstâncias? Em parte. Mas sobretudo, como aqui Tavares Moreira e Pinho Cardão o têm demonstrado, vítima dos erros de política de um governo que tarda em os assumir como hoje de manhã se viu no Parlamento.

A imagem de um ministro profundamente desiludido é bem a imagem de um governo cansado. Não, não são as escassas semanas de uma governação em ambiente político difícil. São os quase cinco anos de maioria que pesam. Enormemente.

14 comentários:

jotaC disse...

Excelente acuidade visual, caro Drº Ferreira de Almeida!
Também eu reparei que enquanto o PM escrevia tópicos sobre questões levantadas pela oposição, o MFinanças poucas ou nehumas "dicas" segredava ao ouvido esquerdo do PM, o que seria expectável atendendo à especificidade do assunto.
Estranhei ainda o ar de "vencido" do MFinanças perante a realidade dos números...

jotaC disse...

Excelente acuidade visual, caro Drº Ferreira de Almeida!
Também eu reparei que enquanto o PM escrevia tópicos sobre questões levantadas pela oposição, o MFinanças poucas ou nehumas "dicas" segredava ao ouvido esquerdo do PM, o que seria expectável atendendo à especificidade do assunto.
Estranhei ainda o ar de "vencido" do MFinanças perante a realidade dos números...

Anónimo disse...

Caro Ferreira de Almeida, o ministro Teixeira dos Santos em larga medida está a colher o que semeou. Repare, ele aceitou dar a cara enquanto ministro das Finanças deste governo e do anterior. Portanto, se aceitou dar a cara por este tipo de políticas, não pode agora queixar-se de ser em cima dos seus ombros que desaba tudo.

Bem fez o Professor Campos e Cunha...

Pinho Cardão disse...

Caro Ferreira de Almeida:
Ser governo é difícil e ser governo em situação de crise, ainda mais.
Por isso, qualquer governo deve ter como procedimento ético mínimo dizer a verdade sobre a política que desenvolve, os objectivo, os meios, os resultados,as contas públicas, o esforço pedido em novos ou maiores impostos, as implicações das suas decisões.
Nada disto o Governo fez. A situação era sempre apresentada como cor de rosa, os objectivos sempre atingidos, o controle orçamental rigoroso, o emprego a aumentar, a actividade económica em progresso. E sempre melhor que os outros países. Tal como a tesouraria das empresas acaba por não resistir a uma continuada má gestão, e é a falência, os resultados da política económica seguida traduzem-se no elevado endividamento e no desemprego.
Neste momento, o Governo, Sócrates e Teixeira dos Santos estão confrontados com a realidade, que nada tem a ver com a imagem virtual que dela procuraram dar. Mentindo e mistificando.
Erros, todos podemos ter e temos. Querer transformar os erros em virtudes é má fé e mentira. Perante tal comportamento não pode haver contemplação.
No fundo, embora a arrogância se mantenha, eles já o começam a entender. Memo que disfarcem, o rosto já diz quase tudo.

Carlos Monteiro disse...

Mas me caro Ferreira de Almeida, não foi também ele o ministro do menor défice?...

Pinho Cardão disse...

Caro CMonteiro:
Os ministros do menor défice fomos nós, através dos impostos que pagámos. Porque a despesa pública, essa, subiu sempre.
Atribuir à diminuição da despesa a contenção do défice é uma das maiores mistificações de que os cidadãos foram vítimas.

Pinho Cardão disse...

As minhas desculpas ao FAlmeida, que me antecipei com uma das respostas possíveis...

PoetaMaior disse...

Para quando um fortalecimento e renovação da verdadeira alternativa destes mediáticos (infelizmente para o país é só isso que são) governantes...
Esperemos que, como foi noticiado, Paulo Rangel avance: as bases em que me incluo precisam de uma lufada renovadora que incuta confiança ao país...

Anónimo disse...

Fez muito bem, Pinho Cardão.Embora eu suspeite que o caro cmonteiro já conhecesse a resposta...

Carlos Monteiro disse...

São as minhas pequenas provocações habituais, não me levem a mal.

Mas diga-me meu caro Amigo Dr. Pinho Cardão: Para o mau culpa-se o ministro do PS, e para o bom o mérito já é dos outros?...

Carlos Monteiro disse...

já agora;

http://opostit.wordpress.com/

passem por lá de vez em quando.

Pinho Cardão disse...

Claro, CMonteiro, o mérito é sempre nosso...
Pois já lá estive. Bons êxitos nessa nova aventura. E entãoo Tonibler?

Carlos Monteiro disse...

Já vi! Obrigado!

O Tonibler? Bem, meu caro, o Tonibler - o blogue original - teve um princípio, um meio e inevitavelmente um fim. O Tonibler, o blogger, anda por aí, em grande forma oratória como sempre e com um blogue novo.

Agora limitamo-nos a fazer boa vizinhança.

Eduardo Freitas disse...

O peso da realidade começa a abater-se sobre nós. Temo que o aperto a sério, com início marcado lá para o rectificativo do orçamento de 2011, seja esmagador. Oxalá esteja enganado.