Calhou assistir a uma parte do debate parlamentar quinzenal com o governo.
Surpreendente só o facto de, ao que parece, o Sr. Engº Sócrates desta vez não ter tirado da cartola nenhum daqueles anúncios de boas novas com que consegue desviar a atenção dos media das interpelações mais incómodas. O tema do debate era a política orçamental, e dessa cartola não sai nada de favorável à imagem do governo.
Mas o que me chamou mais a atenção foi a a agitação do ministro das finanças a cada intervenção crítica, fosse da direita, fosse da esquerda. Imagino a pressão, o stress do ministro que não pode deixar de sentir o peso da responsabilidade pelos resultados da condução das finanças públicas em Portugal nos últimos anos. Faça Teixeira dos Santos o que fizer, é inexorável que a História o registe como o ministro das finanças responsável pelo maior déficite, pelo maior dívida soberana, mas sobretudo pelos maiores desvios de que há memória entre as previsões e a realidade.
Vítima das circunstâncias? Em parte. Mas sobretudo, como aqui Tavares Moreira e Pinho Cardão o têm demonstrado, vítima dos erros de política de um governo que tarda em os assumir como hoje de manhã se viu no Parlamento.
A imagem de um ministro profundamente desiludido é bem a imagem de um governo cansado. Não, não são as escassas semanas de uma governação em ambiente político difícil. São os quase cinco anos de maioria que pesam. Enormemente.
14 comentários:
Excelente acuidade visual, caro Drº Ferreira de Almeida!
Também eu reparei que enquanto o PM escrevia tópicos sobre questões levantadas pela oposição, o MFinanças poucas ou nehumas "dicas" segredava ao ouvido esquerdo do PM, o que seria expectável atendendo à especificidade do assunto.
Estranhei ainda o ar de "vencido" do MFinanças perante a realidade dos números...
Excelente acuidade visual, caro Drº Ferreira de Almeida!
Também eu reparei que enquanto o PM escrevia tópicos sobre questões levantadas pela oposição, o MFinanças poucas ou nehumas "dicas" segredava ao ouvido esquerdo do PM, o que seria expectável atendendo à especificidade do assunto.
Estranhei ainda o ar de "vencido" do MFinanças perante a realidade dos números...
Caro Ferreira de Almeida, o ministro Teixeira dos Santos em larga medida está a colher o que semeou. Repare, ele aceitou dar a cara enquanto ministro das Finanças deste governo e do anterior. Portanto, se aceitou dar a cara por este tipo de políticas, não pode agora queixar-se de ser em cima dos seus ombros que desaba tudo.
Bem fez o Professor Campos e Cunha...
Caro Ferreira de Almeida:
Ser governo é difícil e ser governo em situação de crise, ainda mais.
Por isso, qualquer governo deve ter como procedimento ético mínimo dizer a verdade sobre a política que desenvolve, os objectivo, os meios, os resultados,as contas públicas, o esforço pedido em novos ou maiores impostos, as implicações das suas decisões.
Nada disto o Governo fez. A situação era sempre apresentada como cor de rosa, os objectivos sempre atingidos, o controle orçamental rigoroso, o emprego a aumentar, a actividade económica em progresso. E sempre melhor que os outros países. Tal como a tesouraria das empresas acaba por não resistir a uma continuada má gestão, e é a falência, os resultados da política económica seguida traduzem-se no elevado endividamento e no desemprego.
Neste momento, o Governo, Sócrates e Teixeira dos Santos estão confrontados com a realidade, que nada tem a ver com a imagem virtual que dela procuraram dar. Mentindo e mistificando.
Erros, todos podemos ter e temos. Querer transformar os erros em virtudes é má fé e mentira. Perante tal comportamento não pode haver contemplação.
No fundo, embora a arrogância se mantenha, eles já o começam a entender. Memo que disfarcem, o rosto já diz quase tudo.
Mas me caro Ferreira de Almeida, não foi também ele o ministro do menor défice?...
Caro CMonteiro:
Os ministros do menor défice fomos nós, através dos impostos que pagámos. Porque a despesa pública, essa, subiu sempre.
Atribuir à diminuição da despesa a contenção do défice é uma das maiores mistificações de que os cidadãos foram vítimas.
As minhas desculpas ao FAlmeida, que me antecipei com uma das respostas possíveis...
Para quando um fortalecimento e renovação da verdadeira alternativa destes mediáticos (infelizmente para o país é só isso que são) governantes...
Esperemos que, como foi noticiado, Paulo Rangel avance: as bases em que me incluo precisam de uma lufada renovadora que incuta confiança ao país...
Fez muito bem, Pinho Cardão.Embora eu suspeite que o caro cmonteiro já conhecesse a resposta...
São as minhas pequenas provocações habituais, não me levem a mal.
Mas diga-me meu caro Amigo Dr. Pinho Cardão: Para o mau culpa-se o ministro do PS, e para o bom o mérito já é dos outros?...
já agora;
http://opostit.wordpress.com/
passem por lá de vez em quando.
Claro, CMonteiro, o mérito é sempre nosso...
Pois já lá estive. Bons êxitos nessa nova aventura. E entãoo Tonibler?
Já vi! Obrigado!
O Tonibler? Bem, meu caro, o Tonibler - o blogue original - teve um princípio, um meio e inevitavelmente um fim. O Tonibler, o blogger, anda por aí, em grande forma oratória como sempre e com um blogue novo.
Agora limitamo-nos a fazer boa vizinhança.
O peso da realidade começa a abater-se sobre nós. Temo que o aperto a sério, com início marcado lá para o rectificativo do orçamento de 2011, seja esmagador. Oxalá esteja enganado.
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