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quarta-feira, 24 de abril de 2013

Back to basics...

Totalmente de acordo com a proibição do uso de máquinas calculadoras nas aulas. Até ao 8º ano. É um back to basics muito bem vindo. A utilização das máquinas de calcular não pode nem deve impedir o treino mental e a compreensão do raciocínio lógico que está por trás do resultado de uma operação matemática. É importante que os alunos compreendam os processos de cálculo. A aprendizagem das tabuadas é uma ajuda importante.
A matemática é considerada uma aptidão básica para lidar com a vida. A cada momento vivenciamos a matemática. Não a podemos dispensar. Ao longo da vida nas mais diversas situações o raciocínio matemático revela-se muito útil na equação de soluções e na resolução de problemas.
A falta de exigência ou preparação no seu ensino, que não tem que equivaler à dificuldade na sua aprendizagem como tantas vezes se quer fazer crer, não permite que os alunos integrem na sua estrutura mental o raciocínio lógico da matemática. O importante é que seja corrigida a complexidade que é colocada na apresentação da função dos números. No sucesso de aprendizagem será fundamental o ganho de confiança e de auto-estima na resolução dos problemas. Se persistirmos no facilitismo não seremos capazes de inverter o problema da aversão e do insucesso que caracterizam a aprendizagem da matemática nas nossas escolas.
A abolição das máquinas de calcular, a par com outras medidas pedagógicas, pode ser uma boa ajuda…

15 comentários:

Pinho Cardão disse...

Cara Margarida:
"...A abolição das máquinas de calcular, a par com outras medidas pedagógicas, pode ser uma boa ajuda…", diz a Margarida.
Pode ser, não. É.
Aliás, uma estúpida pedagofia experimentalista quis abolir a memória no ensino. Mas o que é o homem sem memória?
Memorizar tabuada, estações de caminho de ferro, lugares por onde passam os rios, etc, etc não faz mal a minguém. Além de obrigar a conhecer Portugal.

Bartolomeu disse...

Verificamos que nos últimos dias, o nosso governo tem demonstrado alguma disposição para proceder a alterações e rectificações em algumas áreas da sua competência e responsabilidade.
Esta, que a Srª. Doutora Margarida assinala neste post, constituia motivo de preocupação para pais, professores e sobretudo todos aqueles que conhecem por experiência de vida e, ou profissional, o valor do conhecimento das operações de aritmética.
A minha geração, para com os seus filhos, penso que foi a responsável pelo conceito do facilitismo da aprendizagem nas escolas.
Achámos e exigimos que os programas escolares fossem aligeirados e apoiámos o recurso aos meios informáticos e audio-visuais como sendo a forma por excelência de os alunos assimilarem as matérias curriculares.
Hoje, percebemos que, pensando estar a fazer bem, fizemos mal.
Mas ainda bem que esta constatação se verificou e que nasceu a vontade de emendar o erro.
A par disso, e como é também expresso, na actualidade, a vida social, académica e profissional, não dispensa o uso de meios de electrónicos. Contudo, é evidente a necessidade de se recuperar as capacidades mentais que se foram deixando adormecer, por inércia e cuja falta nos remetem para variadíssimas situações de inépcia.
Espero que agora, haja o bom senso de não pretender mudar o dia para a noite, de uma vez só e sem a necessária adaptação e a prévia estructuração da melhor forma de o fazer.

Alberto disse...

O que eu acho mais estranho é que esta medida que às pessoas da minha geração parece de bom senso, quer pela experiência pessoal quer pela observação das capacidades de cálculo da geração seguinte, continua a merecer grande oposição dos "cientistas da educação" - basta ler os jornais. Quando se quer substituir o bom senso e o uso da razão empírica por "cientificidades" duvidosas dá nisto.

Anónimo disse...

É só mais uma das coisas em que se tentou facilitar demasiado imbuído na filosofia de que se deve facilitar e proteger as criancinhas, coitadinhas. O resultado nisto e como em várias outras coisas é que de caminho se criou uma geração de mentecaptos imbecis, inuteis seja para o que for.

Não desejo a ninguém tentar ensinar a alguns desta geração conceitos até relativamente simples que envolvam cálculos. Eu tentei e perdi a paciencia com as criaturas. É que como não percebiam o valor dos números em si, o que representavam, pois depois sabiam que o resultado era um número mas não sabiam o que fazer com ele.

Fenix disse...

Como mãe de uma adolescente preocupa-me muito mais o apodrecimento da sociedade no que toca a valores da dignidade humana, que grassa no mundo, e ao qual não são de todo alheios os senhores bem pensantes e com muita "cultura" económico-financeira que transpiram raciocínio lógico por todos os poros!

Paulo Pereira disse...

Muito bem !

Anónimo disse...

Pois, minha senhora, entendo bem o seu apoquentamento. Permita-me porém que lhe diga que sem principios morais um homem consegue governar a sua vida. Os principios morais, os valores, são bem vindos mas não são essenciais para governar uma casa. Principios e valores nunca puseram dinheiro na carteira de ninguém. Pelo contrário instrução capaz e exigente sempre foi um bom passaporte para o sucesso pela vida fora. Não advogo a falta de limites auto-impostos, a falta de valores. Mas com realismo não posso deixar de reconhecer que não são fundamentais para a vida.

De qualquer forma não vejo que valores morais e instrução capaz se excluam mutuamente.

Bartolomeu disse...

Discordo da opinião que expressa, Sr. Zuricher.
Os princípios são essencias e fundamentais em qualquer situação e condição das nossas vidas, não sendo de forma alguma, incompatíveis com situações de riqueza, desde que o sentido da moral e da ética se mantenham nos seus devidos lugares e nas medidas certas. Basta-nos um banqueiro Ulriche, caro Zuricher, com a sua peculiar forma de exteriorizar um sentido moral difícil de entender.

Pinho Cardão disse...

Cara Fénix:
Não se percebe o que quer dizer. Acaso ter raciocínio lógico e cultura económico financeira, muita ou pouca, exclui que se tenha valores de dignidade humana, como insinua? Ou quem tem estes últimos valores não pode ter cultura económico financeira, nem raciocínio lógico?
Bom, todos temos direito a um momento infeliz. A Fénix teve agora o seu. Mas apareça sempre. Acontece a todos!...

Fenix disse...

No meu momento "infeliz" apenas quis realçar, que me preocupa muito mais a carência de valores humanos, do que o raciocínio lógico e matemático que porventura falte a esta nova geração. É este mundo cão que me repugna deixar à minha filha como herança!

Anónimo disse...

Caro Bartolomeu, sou essencialmente pragmático. Acho, aliás, que nos tempos que correm o pragmatismo é essencial para cada um atravessar nas melhores condições a borrasca. Acho também que muitas vezes obedecer a códigos de conduta moral impede a necessária acção para resolver os problemas.

Reduzamos esta questão ao absurdo de ter que optar-se por valores morais ou por instrução capaz. É uma situação absurda dado não serem, de todo, mutuamente exclusivos. Mas assumamos que o são. Qual das duas coisas permite a alguém governar a sua vida? Os principios morais ou a instrução capaz e rigorosa?


Um desabafo adicional. A nossa cara blogger Margarida com este seu post tocou num tema que me é muito caro e que está na raiz do facilitismo na educação. Refiro-me ao facilitismo da vida em geral. Vivemos hoje em dia tempos com demasiadas facilidades. As pessoas estão sempre à espera que lhes digam o que fazer, como proceder. Tantos automatismos na nossa vida quotidiana simplificaram e facilitaram a nossa vida, sim. Em demasia, desde onde vejo o assunto. O resultado é que temos as pessoas com os sentidos cada vez mais embotados, as habilidades totalmente inexistentes e cada vez menos preparadas para lidar com a adversidade, algo muito real nos jovens que de tão protegidos, quando confrontados com a mais mínima adversidade não sabem reagir e fazem birra. Exigem o que lhes parece ser seu de direito em vez de lutarem por conseguirem o que querem e não lhes foi dado. Mas também não têm as ferramentas para lutar dado que lhes falta «a máquina calculadora» e já não sabem fazer contas com papel e lápis. A vida hoje em dia de tão fácil, tão automática, está a criar gerações de mentecaptos incapazes de reagir fora da sua zona de conforto, de pensar, mesmo.

Enfim, um pequeno desabafo sobre um tema que me é muito caro. E é-o porque, parece-me, os seus efeitos para todos nós enquanto sociedade ocidental serão nefastos. Já o estão a ser, parece-me. Na Europa o caminho já vem sendo este há mais de duas décadas. Vejo com tristeza que também está a chegar aos Estados Unidos esta história.

Anónimo disse...

Uma pergunta adicional que me esqueci de colocar no segundo parágrafo da minha resposta anterior.

Caro Bartolomeu, quantas pessoas conhece que fossem capazes, hoje, neste preciso momento, de conseguir minimamente viver se houvesse uma tempestade solar como a de 1859 e perdessemos de repente a electricidade bem como vários dos sistemas que fazem parte do nosso dia-a-dia? E, claro, tudo isto ficaria fora de serviço durante meses a fio senão mesmo mais. Quantas pessoas conhece que conseguiriam de repente ficar sem a vida como a conhecemos e da noite para o dia mudar o chip mental para funcionarem como há 100 anos?

Gonçalo disse...

No 6º ano, o calendário escolar aponta para o fim das aulas no dia 7 de Junho com exames a 20 e 27. Terá isto alguma lógica? Deixar miúdos de 12 anos quase duas semanas sós a fazer o quê antes dos exames?
Não tem qualquer sentido e as justificações ou não existem ou são absurdas (teria a ver com os alunos com 4 negativas e com as reuniões de notas - que se resolvem num dia...).

Bartolomeu disse...

Hesitei escrever o comentário seguinte, dedicado ao meu Amigo Pinho Cardão.
Não me pareceu condizente com a sua habitual cordialidade, classificar de um mau momento, o comentário publicado pela nossa Amiga Fénix.
O temor que ela expressa, estende-se a todos aqueles que são pais e não vêm que este país tenha para eles resposta profissional digna e mínimamente compatível com a formação académica que os pais, fazendo das tripas coração, se esforçaram para lhes proporcionar, na expectativa de o futuro lhes fosse mais promissor e que, por reflexo, o país crescesse com eles e eles com o país.
Inversamente a esse desiderato, constatam os pais e os filhos que o país´e quem o governa, não encontra forma de dinamizar a economia, a produção e o empreendedorismo.
São lícitos, portanto, os medos que a nossa Amiga Fénix expressa e, perdoe-me a franqueza, Sr. Dr. Pinho Cardão, a sua observação não concorda mínimamente com a sua atitude de bom anfitrião do "quarta" a que estamos habituados, menos ainda a ironia final "apareça sempre" a qual transpira a "vá chatear outro".

Bartolomeu disse...

Sr. Zuricher, quanto ao pragmatismo, estamos em total acordo, no entanto, entendo que: sendo-se pragmático ou intelectual, ou até um pouco dos dois, devemos possuir fortes bases morais e éticas. Sem elas, derivamos na vida com a mesma facilidade que um navio sem leme, no meio de uma tempestade.
E, sim, a vida das pessoas, actualmente está bastante facilitada, contudo, imensamente burocratizada e é possívelmente essa excessiva burocratização que torna obsuleta a lei do facilitismo, a qual começou por ser a lei da simplificação.
essa lei, se bem se recorda, pretendia canalizar as energias e as competências dos alunos para áreas da aprendizagem capazes de lhes fornecer no futuro, valências que poderiam ser-lhes verdadeiramente uteis, assim como numa prespectiva profissional, às entidades empregadoras.
Agora, as nossas crianças, são uma geração diferente daquela que é hoje a sua progenitora a quem coube, portanto a tarefa de ministrar as primeiras lições de vida.
Já que me coloca uma questão que considero retórica, deixe que lhe retribua com outra: imagine o Amigo Zuricher uma criança nascida num ambiente de indigência que até à idade adolescente não recebeu educação onde pontuassem valores morais, humanos, sociais, mas somente outros, directamente relacionados com crime, consumo e tráfico de droga, prustituição. Acha o Zuricher (pragmáticamente, bem entendido)que esse adolescente ao passar a lidar com a sociedade fora do ambiente onde foi educado, vai conseguir estabelecer um relacionamento harmonioso com essa sociedade? e que vão seguir à risca, as indicações e orientações que receber dessa mesma sociedade?