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quinta-feira, 1 de setembro de 2005

A ler ...

O post de "adkalendas" sobre o desemprego dos professores que não obtiveram colocação. Acrescentaria, para além das razões expostas, que esta situação decorre do laxismo com que se aprovaram, um pouco por todo o lado, cursos superiores de formação de professores, quando já se antevia a regressão da população escolar. Um outro problema: a mim ninguém me diz que os milhares de professores que estão agora no desemprego não são melhores profissionais do que alguns que conseguiram colocação. Falta completar o sistema de concursos com um novo modelo de recrutamento e profissionalização dos docentes que permita aferir do mérito e qualidade de quem entra na carreira.

6 comentários:

Tonibler disse...

Não percebo exactamente em que é que o desemprego de professores é negativo. Já bem basta andar este país todo refém dos médicos. Esses sim, são formados à medida e dá naquilo que temos.

O que realmente não se compreende é a forma de colocação e, pior, o duplo pagamento que é exigido ao contribuinte. Se pago a formação de professores a mais, devo recuperar esse dinheiro com um salário mais condizente com a oferta. E com uma oferta destas salário mínimo dava e sobrava.

Tonibler disse...

Mau...Desculpem lá a intromissão no vosso diálogo, mas isso não é a inversão completa do sistema?

O que faz o professor ser bom ou mau é se o alunos atingem um bom ou mau nível de educação de acordo com aquilo que nós, cidadãos e contribuintes, entendemos. Não são os professores que decidem quem é bom ou mau, são os alunos quando mostram o nível de educação atingido.

Pareceu-me, na altura em que o Dr. Justino teve responsabilidades de governo, que entendia seguir o caminho de avaliar quem é bom de facto em vez de estabelecer quem é bom no papel.

Pelos vistos, pareceu-me mal...

Tonibler disse...

Meu caro djustino, não me expliquei bem. Para os efeitos práticos, é irrelevante se é à entrada, à saída ou nos 'entrementes'. Nada disso me parece desculpa para um 'aluno mal educado'.

Embora o estado actual das coisas faça misturar as questões, o facto é que um professor 'à entrada' é um 'aluno à saída'. Para o estado, enquanto garante da educação, isto deveria ter uma separação clara e não tem(teve), como o seu diálogo com o PJ revela. É importante que o estado, como produtor de educação, gere boa educação de professores, como é importante que encontre os melhores professores para produzir educação. Que se una uma coisa à outra, é uma inversão do sistema, porque se assume o sucesso da primeira e, logo, desresponsabiliza a juzante.

Como em qualquer actividade, 'a entrada' é feita porque alguém assume a responsabilidade dessa entrada e, como em qualquer actividade, maturidade profissional não serve de desculpa para o exterior. E o problema sempre esteve por não haver quem assuma a responsabilidade da entrada, porque alguém já definiu o que essa entrada deve ser. Pior, aquilo que chego à conclusão é que haja o que houver, faça-se o que se fizer, a culpa é invariavelmente minha (cidadão, pai, aluno, contribuinte). Porque é que as escolas não contratam quem bem entendem e a gestão responde pelos resultados? Não entendo...

Por isso, confesso que este seu diálogo com PJ me desiludiu...

Tonibler disse...

Caro djustino, a 'suposta' autonomia financeira é um pequeno grande detalhe. Acrescido da segurança absoluta no emprego, temos um ramalhete terrível...

As escolas privadas, tenham fins lucrativos ou não, fazem essa avaliação (dos professores à entrada) todos os dias. E se os resultados produzissem gestores escolares ricos ou no desemprego, a formação de professores não necessitava de avaliação.

Se me está a dizer que esse mecanismo é uma solução num meio em que responsabilidade quer dizer 'lá-se-foi-o-meu-suplemento-de-10-cts.', então acredito perfeitamente. Que isso, a mim, retira qualquer esperança de salvação a um sistema público de produção de ensino, ai isso retira. Porque além do custo financeiro de tudo isto, existe um custo de oportunidade gigantesco que nos é atirado à cara todos os dias que se fala em crise. Se uma solução dessas se enquadra na classe de soluções boas, então feche-se, porque não vale a pena.

Tonibler disse...

Caro PJ (acho que a pergunta irónica também é para mim, se não é ...respondo na mesma),

Numa qualquer empresa que necessite de lucro para sobreviver, as pessoas não entram porque estão certificadas. Aliás, neste país em particular, certificados têm um caracter indicativo, mais nada. Porque uma empresa, como uma escola, vale pelo conjunto das pessoas mais experientes, com as menos experientes. Um conjunto de certificados não produz nada que não seja um conjunto de certificados.

Quando vai para uma cirurgia, não está lá só um cirurgião, está lá uma equipa, alguns dos quais sem qualquer certificação. Mas a qualidade da cirurgia não resulta da menor certificação presente, resulta da capacidade da equipa.

Por isso digo que deveria ser irrelevante a forma como são avaliados os professores à entrada, desde que a equipa tivesse um responsável pela qualidade do que produz. Como? Isso depende das circunstâncias, da forma como cada um trabalha, etc...

Agora, também compreendo que num país em que a equidade é um valor em si mesma, independentemente das injustiças que provoca, isto pode não ser possível.

Carlos Monteiro disse...

Há novidades sobre o assunto em http://tsf.sapo.pt/online/vida/interior.asp?id_artigo=TSF163826