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quinta-feira, 1 de setembro de 2005

A minha escola

Não tenho por hábito nem os princípios me autorizam a falar e escrever sobre a minha vida privada e a da minha família. Contudo, a opção que hoje concretizei sai parcialmente da esfera do privado para ganhar uma minúscula expressão pública que me liberta do recato que estas situações aconselham. Como o 4R não é propriamente a Caras, a VIP ou a Maria, nem tem coluna social, julgo que não me levarão a mal a narrativa.

O meu filho João (3 anos) teve o seu primeiro dia de escola. De há mais de um ano que me debatia com o embaraço da escolha, mesmo que orientado para encontrar o melhor que pudesse proporcionar à criança. O desafio não estava só em encontrar uma “boa escola”, impunha-me que optasse por um modelo de escola que correspondesse, ainda que parcialmente, ao que entendo dever ser uma escola, enquanto projecto educativo e modelo organizacional.

A opção recaiu sobre a Associação Escola 31 de Janeiro, localizada na Parede, Concelho de Cascais. Não tive de recolher muita informação, dado que há muito dispunha da mesma, tendo acompanhado de perto a sua evolução nos últimos seis anos. Como o próprio nome sugere, trata-se de uma velha instituição de origem republicana, fundada em 1911, de carácter associativo, sem fins lucrativos e que desenvolve um projecto educativo que consegue conciliar de forma feliz a exigência, o rigor e a inovação pedagógica.

É uma escola sobrevivente. Integra-se num grande movimento que se desenvolveu a partir do último terço do século XIX e que se saldou por uma rede extensa de escolas comunitárias, sedeadas em associações culturais ou “sociedades de instrução”, resultantes da iniciativa dos cidadãos preocupados em “derramar a instrução pública” por todos os estratos da sociedade. Desse grande movimento, poucas conseguiram resistir até aos nossos dias. Desde a década de 50 do século XX que a generalização da “escola pública” levou ao encerramento destes pilares da cidadania, incapazes de concorrer com a gratuitidade e a progressiva cartelização das escolas do Estado.

Mais do que um resquício do passado, esta escola e este modelo é um projecto de futuro. Queiram os cidadãos tomar nas suas mãos a educação dos seus filhos e a organização autonómica das nossas escolas que o resquício se transformará num amplo movimento de reforma da sociedade portuguesa.

A minha opção está feita.

11 comentários:

O Reformista disse...

Espero que o seu filho tenha pleno sucesso.
Mas como disse as escolas públicas gratuitas acabam com a concorrência. Através dela o Ministério torna-se "dono do ensino" do que se ensina. Iguais. Não precisam e se esforçar para captar alunos.
Prefiro um sistema que apele à liberdade de inciativa e à liberdade de escolha. À multiplicidade e à competição.

Tonibler disse...

oh reformista:

A escola gratuita é um bem que é dado, por direito, a cidadãos como este, de nome João e que tem apenas 3 anos. Não é ao pai dele.

Agora, se pegarmos no custo que o estado tem em produzir educação, aí concordo consigo. Mais valia que pagasse a quem o sabe fazer melhor.

Suzana Toscano disse...

Felicidades para o João e que os pais possam sempre encontrar nas escolas um precioso aliado na formação integral do seu filho.
Penso que as escolas públicas podem e devem competir com as privadas, é a única forma de garantir a liberdade de ensino e ao mesmo tempo torná-lo acessível a todos. Mas é preciso que levem a sério essa competição, as escolas públicas deviam até ser garantia de qualidade e exigência e há ainda muitas que o são. Pena é que não se reconheça publicamente quais são as que merecem essa distinção.

O Reformista disse...

Caro Tonibler

Uma precisão. Eu não disse nada sobre o financiamento. A gratuitade não vem de ser público ou privado. Vem do Estado pagar ou não. E tanto pode, se quiser (se quisermos) assumir os encargos das públicas como pagar as privadas.
Defendo um a tabela pública financiadora por aluno. Por isso falei em competição e não em concorrência.

Tonibler disse...

Caro reformista,

Não entendendo exactamente a diferença prática de competição e concorrência, vou arriscar.

Eu confesso estar-me nas tintas para quem produz educação, desde que o faça com qualidade e deixe de o fazer se não fôr capaz. E não vejo melhor forma de o deixar de fazer que não seja pela via financeira.

O Reformista disse...

Caro Tonibler
(pedindo desculpa pelo abuso aos
donos do blog)

Tocou num ponto importante. Só está interessado nos resultados (escolas boas).

Ora o importante para termos os resultados que queremos (escolas boas) é saber (e aplicar) quais as circunstâncias e políticas que induzem os bons resultados. Que induzem a bons reultados de uma forma geral e não por excepção que confirma a regra

Quando falo de competição e concorrência estou a salientar uma particulariedade: Na concorrência o factor preço é uma dos aspectos a ter em conta ( o meu serviço pode não ser muito bom mas é mais barato). Na competição simples não (tabela única-o preço não é factor de escolha)

Tonibler disse...

Caro Reformista
(eles depois podem ir usar espaço do meu...)

Esse é que me parece o erro. Bons resultados não são escolas boas. Bons resultados são boa educação, que é esse o objectivo. O objectivo não é ter boas escolas, é ter boa educação. Se boas escolas forem um meio para isso, bom, senão que se danem as boas escolas.

Parece imbecil dizer isto, mas é que neste país o objectivo parece ser ter boas escolas e, depois, toda a desculpa é boa para ter maus resultados. E bons resultados conseguem-se focando políticas nos objectivos, não nos meios, que serão sempre diferentes conforme as circunstâncias.

A competição, como diz, não é assim tão diferente em termos práticos. Tabela única faz com que se construam as margens reduzindo o custo e nós, contribuintes, não deveríamos ter problemas em pagar mais por melhores resultados(absolutos).

O que me custa é pagar liceus ao preço de Oxford para ter os putos semi-analfabetos...

crack disse...

Resumindo a apreciação à blogosfera, porque não se trata de reflectir sobre este problema mas sobre uma situação específica, entendo que a usurpação de identidade coloca questões de natureza ética bem mais sérias do que o anonimato. Temos exemplo disto neste blog e neste post, em que alguém se divertiu a comentar em nome de dois ex-secretários de estado, uma da equipa de David Justino, o outro, ZMCanavarro, da equipa que lhe sucedeu.
Acontece que a falsificação em ambos os comentários é grosseiramente feita, porque contraria o estilo e a actuação de qualquer dos pretensos protagonistas.
Começando por ZMCanavarro - depois de ter pretendido ser delfim de Justino, passando o tempo a lamber-lhe as canelas mendingando substituir Abílio Morgado, ao mesmo tempo que o atraiçoava pelas costas no partido propondo-se substituir o ministro, conseguiu ser nomeado secretário de estado de Maria do Carmo Seabra e a sua passagem pelo ME caracterizou-se pela acção de comissário político ao serviço dos mais "inexplicáveis" interesses do aparelho laranja. O seu imitador coloca-o aqui a insurgir-se contra a escola privada, quando sabemos que não só manteve como aumentou as benesses do Estado ao ensino privado, completamente subjugado que foi pelo poderoso lobby do ensino particular, responsável directo pela sua nomeação para o governo. Não sabe o imitador dos contratos de associação que "nasceram" às mãos de Canavarro, mas era bom que se informasse.
Já quanto a Mariana Cascais, a imitação está melhor, mas peca pela truculência e estilo. No seguimento do comentário de "Canavarro", até se compreenderia a azeda referência ao desporto escolar, já que foi ele uma das mentes brilhantes que alimentou aquele biberão.Já a referência aos serviços centrais e ao supérfulo, dificilmente a faria a verdadeira personagem, sabendo-se como nunca foi capaz de perceber exactamente o que faziam esses serviços, apesar de achar que os tutelava, com proximidade e critério.
Esperemos que esta brincadeira de mau gosto tenha sido um acto isolado, porque, a "pegar", nada acrescenta à percepção dos factos e constitui-se apenas como uma agressão gratuita ao autor do post, permitindo leituras como a que PJ faz no seu comentário.

Tonibler disse...

O que sei é que pagamos o suficiente para pôr os putos todos em Oxford e aquilo que sai é o que sabemos.

Parecem-me todos muito conhecedores do meio, mas o meio é verdadeiramente irrelevante. Só estou interessado no fim...

Fernando Reis disse...

É lamentável que haja pessoas que se fazem passar por outras. Podem criar grandes equívocos.
Infelizmente há sempre pessoas que não conseguem exprimir o seu ponto de vista sem violar as regras básicas da cidadania.
E os blogs são uma das melhores formas de afirmação da cidadania, em que todos podemos participar com as nossas opiniões.
É pena que haja cidadãos que usurpam os direitos que têm e violam os direitos de outros cidadãos.
Concorde-se, discorde-se, mas respeite-se a opinião dos outros.
Não façam como muitos queriam fazer a seguir ao 25 de Abril, e ainda ontem ouvi, espantado, alguém dizer: "se fosse a mandar, fuzilava já uns quantos..."
Triste, muito triste, que haja pessoas que só valorizam as suas próprias ideias.

Miguel Pinto disse...

Depois de analisar esta sequência de comentários [em particular o comentário do Dr. Justino] e a intervenção sagaz do crack, penitencio-me pelo facto de ter ampliado no meu blog a provocação da “pseudo” Mariana Cascais. A cobardia é deplorável e não encontrará refúgio no meu blog.