O conforto que nos rodeia apresenta-se sob inúmeras facetas. Além da sensação de bem-estar associado, traduz, igualmente, a aplicação de princípios higiénicos que estão de tal modo interiorizados que nem nos apercebemos das consequências e incómodos resultantes da sua falta. Mas quando desaparecem, as coisas complicam-se.
A disparidade entre países pobres e ricos manifesta-se de diferentes maneiras. É perfeitamente inconcebível que no Zimbabué as mulheres não tenham acesso a material higiénico. O encerramento de uma fábrica multinacional – devido à crise económica instalada – que produzia pensos e tampões higiénicos tem provocado grandes e graves transtornos às mulheres deste pobre país africano, as quais, para adquirirem os produtos, no mercado negro, têm de despender o equivalente a metade do seu salário. O assunto foi alvo de debate no Parlamento e, até, de um certo escárnio por parte dos deputados, os quais sugeriram que passassem a utilizar peles de animais como antigamente. O que é certo é que as mulheres têm de usar velhos farrapos e até jornais para a sua higiene íntima, correndo riscos para a saúde como é óbvio.
Custa a acreditar que a crescente disparidade no acesso a determinados bens atinja aspectos desta natureza. Estamos perante mais um exemplo, entre muitos outros que poderíamos descrever, que, simbolicamente, representa o não respeito pela dignidade dos seres humanos face aos “direitos” tão propalados pelos homens sapiens “primomundistas”.
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