Foi noticiado que um deputado brasileiro foi enterrado na vertical, a seu pedido, para demonstrar a sua integridade. Se em vida nunca se baixou perante ninguém, também não o iria fazer uma vez morto.
Ao ler esta notícia recordei-me de Georges Clemenceau, duas vezes primeiro-ministro francês, que foi enterrado também na vertical. Ouvi pela primeira esta história quando andava no 3º ano da faculdade pela boca de um assistente, que quis desta forma ilustrar a verticalidade do carácter de um ser humano ao exigir continuar de “pé” após a morte. Confesso que fiquei surpreendido com a atitude e, ao mesmo tempo, perpassou-me pela cabeça que também era uma boa forma de poupar espaço nos cemitérios.
Claro que existem muitos rituais de enterramento e esta forma não é nova. Mas, atendendo às formas habituais, “deitado” ou cremado, que comportam riscos – não para os que morrem, como é óbvio – contrapõe-se a notícia de que num cemitério australiano os enterramentos são feitos na vertical. Tratam-se de enterros ecológicos, já que o retorno à terra é feito sem parafernália. O corpo é colocado num saco e enfiado num buraco com três metros de profundidade, permitindo, igualmente, poupar espaço. E bem precisamos face ao superpovoamento das necrópoles. A alternativa, cremação, exige o consumo de 90 kg de gás, com os respectivos inconvenientes, além da poluição atmosférica decorrente do processo de incineração.
Parece que a Austrália é pródiga nestas coisas de estar ou não em pé. De facto, um professor de Camberra, através das suas pesquisas, alertou para o facto de sermos capazes de pensar melhor quando estamos deitados, ao passo que em pé podemos correr o risco de ficarmos mentalmente baralhados. Face a estes factos, talvez não fosse má ideia por os políticos em decúbito para poderem pensar melhor (!) e enterrá-los de pé como sinónimo de verticalidade em vida. Mas, pelo andar da carruagem, vão continuar a pensar de pé e a serem sepultados deitados, baralhados e ocupando mais espaço. Cremá-los também é um risco, porque não sabemos ao certo quais os tóxicos que poderão ser libertados, além dos habituais…
5 comentários:
TRÊS PERGUNTAS E TRÊS RESPOSTAS
Primeira pergunta: Cavaco Silva vai ganhar à primeira volta?
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Resposta: NÃO.
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Para que o "professor" ganhasse seria indispensável que nunca mais aparecesse em público, até à véspera das eleições.
Ora, por óbvias razões, ele terá de aparecer inúmeras vezes, e,
de cada vez que aparecer,
o português comum relembrar-se-á do político que mais anti-corpos gerou no seu eu profundo,
daquele que o tratou abaixo de cão, daquele que viu nele o perpétuo-suspeito-até-prova-em-contrário,
daquele que usou os SEUS Fundos Comunitários, que o poderiam ter tornado num cidadão europeu de pleno direito, como mero papel de forrar paredes de bancos privados de duvidosa proveniência,
finalmente,
daquele ser autoritário deprimido e encurralado,
um Salazar menor,
sem cadeirinha,
a quem o Grande Português Sarcástico,
por fim acordado,
já não podia perdoar mais nada,
e que onde,
em efígie,
tudo terminou,
toureou vergonhosamente,
e em directo,
na Praça de Touros do Garrafão da Ponte,.
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Segunda pergunta: Manuel Alegre pode ficar à frente de Mário Soares?
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Resposta: NÃO.
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Manuel Alegre é um epifenómeno dos Dias da Rádio, e hoje em dia impera a televisão, o vídeo e a Internet, e cuja projecção não ultrapassa algumas eructações internas das paredes do Largo do Rato.
A ficção da sua passagem à inevitável segunda volta faz parte da mesma propaganda orquestrada por determinados sectores da Comunicação Social,
muito bem pagos e industriados.
A Extrema Direita revanchista,
que se escondeu por detrás dos moderados do P.S.D. e do C.D.S.,
terá,
algures,
por um processo que só a História poderá mais tarde desenvolver,
apostado nesta parceria contra-natura, Cavaco/Alegre, porque sabe perfeitamente que Alegre,
numa inevitável segunda volta,
nunca lograria congregar em seu redor as tais massas afectivas de Centro e Centro-Direita
-- onde se ganham as maiorias --,
a cujo coração o Velho Leão Soares sabe tão bem falar.
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Terceira pergunta: Francisco Louçã pode bater Jerónimo de Sousa?
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Resposta: NÃO.
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Francisco Louçã é um epifenómeno do Guterrismo, que pensou assim entalar a Esquerda dogmática através de um compressor,
discreta e aparentemente,
colocado mais à esquerda.
Acontece que o P.C.P. -- partido que volta não volta, pelo seu carácter de fénix, me deixa particularmente espantado -- soube tirar da cartola um surpreendente coelho,
Jerónimo de Sousa,
de todos os políticos recentemente surgidos, o único que poderá receber uma nota positiva,
pela sua eloquência,
carácter dançante do discurso e pertinência dos alvos.
A mesma velha Extrema Direita revanchista sabe bem que é contra estes homens,
que sofreram na pele as coisas A SÉRIO,
que vai ter de lutar:
já se encontraram em violentos e sangrentos frente-a-frente, pelo menos duas vezes, no último meio Século: a Longa Noite Salazarista,
e o Infindável Crepúsculo Cavaquista do THE GREAT PORTUGUESE DISASTER (1985/1995).
Caro Arrebenta,
nunca vi um texto tão bem escrito sobre as presidenciais como este que acabou de escrever... pena que em substância estejamos a viver em planetas diferentes... de qualquer forma não deixa de ser um ponto de vista algo aterrador e possível...
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