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terça-feira, 3 de janeiro de 2006

- Fumadores? Coitados são doentes!

A entrada em vigor da lei antitabaco em Espanha está a ser acompanhada com preocupação por parte da comunicação social portuguesa. Hoje de manhã, quase de madrugada, um locutor analisava ponto por ponto a lei castelhana e achava que a maioria eram um “insulto” e desafiou os ouvintes fumadores e não fumadores a darem opiniões. O primeiro a ligar foi um fumador inveterado. O locutor esperava concordância com os seus conceitos. Tramou-se. Não é que o fumador estava plenamente de acordo com a lei espanhola, defraudando o locutor e as suas considerações? Saiu-lhe o tiro pela culatra! A forma como o ouvinte falou, com aquele timbre próprio dos fumadores de longa data que sabe que irá morrer agarrado ao seu cigarrito, não deixou quaisquer dúvidas.
Comecei a analisar os nossos dados epidemiológicos concluindo que os portugueses são, no contexto mundial, um dos povos que menos fumam. É verdade e, felizmente, continua a diminuir (excepto as mulheres). O pior é que sendo poucos são mais perniciosos do que os nacionais de outros países. A grande maioria não respeita os direitos dos não fumadores. Parece que têm um prazer mórbido em expelir o fumo para cima dos incautos que se atrevem estacionar ao seu lado. Não poupam ninguém, sejam velhos, sejam doentes, sejam crianças, sejam os próprios filhos! Quem estiver mal que se mude, deve ser a sua máxima.
Mas os meus comentários não ficam por aqui. No J.N. de hoje anuncia-se que até Julho estarão definidas novas regras. Recordo que os governos anteriores já tinham produzido legislação nesse sentido. Primeiro no tempo de Durão Barroso, mas foi aligeirada, posteriormente, por Santana Lopes, às tantas para não perturbar muitos ministros que eram fumadores. Mas, mesmo esta não foi promulgada, aguardando-se a elaboração de um novo decreto-lei. É patético, no mínimo, o argumento, segundo o qual a “demora prende-se com a vontade do Governo em ouvir todas as partes, de forma a que se encontre um consenso básico que assegure a eficácia futura na aplicação das novas regras”. Ora abóbora, não me gozem! Será que também irão ouvir os cangalheiros? Mas qual consenso básico? Às tantas ainda vão produzir uma luso-quimera permitindo que tudo continue praticamente na mesma.
No entanto, o meu desalento ainda não tinha terminado quando li as declarações do muito estimado Prof. Fernando de Pádua que defende a comparticipação dos medicamentos utilizados na desabituação tabágica! Aqui está uma solução tipicamente portuguesa. Comparticipação? Era o que mais faltava! Então, a rapaziada tem "carcanhol" para comprar maços de cigarros e não tem para comprar uns míseros discos de nicotina ou o antidepressivo adequado à situação? Agora tenho que pagar também a desintoxicação? Numa altura em que o Governo descomparticipa o máximo que pode, colocando muitos doentes crónicos em sérias dificuldades?
E, já agora vamos lá a ver se consigamos ter mais cuidado com o rótulo de doente. - Fuma? É um doente! - Bebe? Coitado é doente! - Droga-se? Coitado é doente! - Rouba? É doente! - Matou? É doente! - Mentiu? É doença! - É corrupto? É doença, o pai também já era! – Não respeita as regras de trânsito? – Que se há-de fazer, aquilo é mesmo doença! – É um vigarista? É doença!
Bom o melhor é ficar por aqui se bem que tenha tido uma vontade dos diabos de gritar uma asneira. Não o faço, porque senão ainda me arrisco a ser considerado também como doente e ainda por cima malcriado…

7 comentários:

Carlos Monteiro disse...

Caros,

O cmonteiro responde no Tonibler.

Tonibler disse...

Concordo com o monteiro.

Arrebenta disse...

Metadiálogos de Boliqueime (XXIII) - As Lésbicas

-- Ó, vó, que é que é uma lésbica?...

(Maria, Modesta e Modista, larga as pinças da calças que está a coser e olha para o netinho)

-- Filho, isso é a coisa mais nojenta que Deus Nosso Senhor fez!...
-- Mas é o quê... uma lésbica?...
-- Uma lésbica é uma mulher perdida, que entrega a boca da servidão dela à boca da servidão de outra mulher perdida como ela!... Esfregam-se durante horas, umas nas outras!... É gente para arder no Inferno para sempre!...
-- Ó, vó, e o que é um "homem-ssexual"?
-- Isso é a mesma nojice, mas em homem, são depravados que metem a "gaita" na mão uns dos outros, e até na boca, a avó, só de falar nisso até fica cheia de afrontamentos...

(pausa)

-- Ó, vó... o avô é "homem-ssexual"'?...
-- Não, meu amor, isso eu posso garantir que não é..., o teu vovô só faz sexo para procriar... deixa cá ver... sim... daquela vez que a tua mãe nasceu.... foi muito bom... saudades...

(Cai o naperon, ao som de "Sódades" de Cesévora Ávida)

Massano Cardoso disse...

Meus caros cmonteiro e tonibler

Não consigo ter acesso aos comentários do vosso post "Fascismo antitabagista". Por este motivo escrevi nos comentários do post "Os grandes incompetentes" (sem qualquer segunda intenção, palavra) um texto que sendo um pouco longo permite conhecer melhor a minha posição e rebater alguns pontos defendidos pelo cmonteiro, um possível candidato a ex-fumador...

Carlos Monteiro disse...

Alguma coisa se passou que impediu a publicação de comentários (espero não ser novamente o "choque tecnológico" ao ataque), mas já transcrevi o seu comentário para o meu post. E já respondi.

Quanto a ser candidato a ex-fumador, é verdade. Mas repare que cada vez que falo nisto apenas me dizem para mandar o maço de tabaco fora. Coisa que faço antes de ir comprar outro logo a seguir. Um dia destes irei tentar ajuda na clínica "Não fumo mais", mas são 80 contos em moeda antiga, e sem comparticipação do Estado...

O Reformista disse...

1. Deixar de fumar é possível. Num estudo que fiz na minha lista de utentes por cada um que fuma há dois que deixaram de fumar!
Esta é apimeira dismistificaçºao que importa fazer.

2. O tabaco faz mesmo mal.Rouba anos de vida!(doenças respiratórias,enfartes, neoplasias, doenças circulatórias...)

3. Também faz mal aos outros. Tenho uma doente que não fuma mas que o marido era uma daqueles fumadores... E é ela que tem uma neoplasia do pulmão.

4. Para o estado, se as comparicipações resultassem, de facto era um bom negócio com o que pouparia futuramente nas despesas SNS.
Mas prefiro que seja o doente a pagar (ou veríamos os preços dos medicamentos para a desabituação a subir por aí acima- os preços são feitos com base nas leis do mercado e atendendo aquilo que o cliente pode pagar-a comparticipação não altera aquilo que os doentes pagam. Só aumenta os lucros da indústria).
Costumo chamar a atenção aos meus doentes para o facto que o tratamento não sai mais caro queo tabaco que deixa de fumar. E que em termos futuros é um grande investimento económico...

Tonibler disse...

Caros,

Eu sou um fumador que deixou de fumar há um mês, por isso sei que é possível e muito mais fácil que estava à espera inicialmente. Deitava abaixo 2 maços, mínimo, por dia útil e 1, mínimo, por dia não útil. Há 20 anos.
Mas sei perfeitamente que sou doente. Tenho um vício. Como os alcoólicos, como os heroinómanos.
Sei que não posso voltar a tocar num cigarro, nem num charuto, nem numa cigarrilha. E isto é igual a qualquer vício e, logo, é uma doença que deve ser acompanhada como qualquer doença. Por isso, caro Reformista, é possível deixar de fumar sim, mas o vício não tem cura.

O argumento do risco conhecido, do custo para o SNS, da facilidade, não me lixem! A vida é um risco. Esse argumento serve para se cobrar a recolha de cadáveres de acidentes de viação às famílias. Fossem de Metro!...