Ontem, o Ministro das Finanças falou, falou, falou. Com power-point, power-point, power-point. Ministro que fala através de power-point é porque não sabe do que fala. Ou porque não quer falar do que sabe. Falou muito, mas disse pouco. E, se bem ouvi, nada disse do essencial: simples conversa “pour épater le bourgeois”.
Não salientou que as receitas não dão sequer para pagar as despesas que prevê, mesmo subtraindo-lhes os juros da dívida. O que significa que o pagamento dos juros só poderá ser feito se nos emprestarem dinheiro para tal.
Como já aconteceu em 2009.
Para os cidadãos leitores saberem:
Receitas totais previstas: 67,3 mil milhões de euros
Despesas totais previstas, sem juros: 75.881 milhões de euros
Défice, não incluindo juros (saldo primário): 8.620 milhões de euros
Juros: 5.335 milhões de euros
Défice global: 13.955 mil milhões de euros
É o aumento da dívida pública neste ano da graça de 2010. A juntar aos 15.367 mil milhões de 2009.
Ao fim de uma hora de power-point, os portugueses ficaram a saber de tudo, menos do essencial. Isto é, ficaram a saber nada.
Não salientou que as receitas não dão sequer para pagar as despesas que prevê, mesmo subtraindo-lhes os juros da dívida. O que significa que o pagamento dos juros só poderá ser feito se nos emprestarem dinheiro para tal.
Como já aconteceu em 2009.
Para os cidadãos leitores saberem:
Receitas totais previstas: 67,3 mil milhões de euros
Despesas totais previstas, sem juros: 75.881 milhões de euros
Défice, não incluindo juros (saldo primário): 8.620 milhões de euros
Juros: 5.335 milhões de euros
Défice global: 13.955 mil milhões de euros
É o aumento da dívida pública neste ano da graça de 2010. A juntar aos 15.367 mil milhões de 2009.
Ao fim de uma hora de power-point, os portugueses ficaram a saber de tudo, menos do essencial. Isto é, ficaram a saber nada.
15 comentários:
"Ministro que fala através de power-point é porque não sabe do que fala"
Exagero da tua parte, não?
A mim, contudo, pelo que vou percebendo aqui onde estou, também me parece que continua a não ser dito aos portugueses o que deve ser dito.
Mas se o Ministro é preso da fala, como dás a entender, por que razão é que a tua oposição não fala claro e faz a direito?
Porque, que diabo, se tem de se abster porque não tem alternativa, pelo menos poderia fazer ela o "discurso claro do estado da Nação"?
Mas, em lugar disso, diz o líder do PSD que o défice de 2010 fica "um bocadinho" acima dos 8,7% (parece que ficou nos 9,3%) e o teu companheiro quarto-repúblico regozijou-se por ser o "Orçamento para 2010 mais que um Orçamento..."
Afinal de contas, talvez um power point os ajudasse a dizer o que sabem, ou sabem mas não sabem dizer.
Ou não sabem?
Falando do essencial...
Tantos problemas latentes
que importa acautelar,
ficaremos impotentes
se os deixarmos propalar.
No meio desta turbulência
da economia nacional,
é nefasta a indolência
de origem institucional.
À orgia de verbosidade
brilhante de exuberância,
reuniu-se a morosidade
para além da tolerância.
Falando do dispensável
esquece-se o essencial,
tornando-se tão cansável
o discurso prudencial.
Caro Rui:
Boa estadia aí pelos States!...
Dois apontamentos:
1. Não tenho nada contra os power-points. Mas usados por um Ministro? Um Ministro falaria dez minutos expondo as linhas essenciais do OE, deixando para o Secretário de Estado alguns complementos substanciais e para o Director Geral do Orçamento as minudências a tratar no power point. Dignificava a função e os colaboradores.
2. Falas na minha oposição. Como tens visto, e viste agora, é frontal. A minha!...
Caro Paulo:
Boa chuto no alvo!...
Boa precisão!...
Caro Manuel Brás:
Sempre claro e oportuno!...
"...Falando do dispensável
esquece-se o essencial,
tornando-se tão cansável
o discurso ministerial...".
A actual credibilidade do Ministro do Estado e das Finanças é função da mistificação que ele próprio interpretou durante 2009.
Há pouco, na televisão, admitia como "medida adicional", caso a conjuntura se agrave, a redução do seu próprio salário. Patético.
Caro Dr. PC,
O problema é que o PSD e o PP alinharam no mesmo dilema. O dilema da "Morte lenta"
Não querem criar ondas para os mercados não reagirem mal. Vamos deixar andar, para um Tsunami varrer connosco mais tarde? Por amor de Deus. Ou será que estamos à espera de Nosso Senhor nos salve sem mortes e feridos?
O maior problema deste orçamento não é o corte insuficiente da despesa, é sim a falta de confiança que todos nós temos neste estado dirigista que temos. Quem tem algum dinheiro vai guardá-lo, vai retardar investimentos até que a "morte lenta" saia do horizonte. E sendo assim, vamos ter um tombo nas receitas previstas muito maior ainda.
É esta falta de percepção das expectativas das pessoas que me assusta mais. Ou então é uma questão ideológica que nos empurra para o fundo.
Caro Pinho Cardão
A questão do OGE coloca-se ao no plano da percepção e qual o efeito que a percepção tem sobre as expectativas e, naturalmente, nas decisões das pessoas e empresas.
Os decisores internos consideraram que se trata de um documento pouco arrojado e, com uma surpresa inesperada: o tamanho do défice.
Os decisores externos ainda não se pronunciaram sobre o assunto e fá-lo-ão dentro de alguns dias, provavelmente com estrondo e de uma forma menos agradável, pelo menos essa é a indicação de uma das agências de notação.
Face ao exposto o que se torna mais complicado é saber se as motivações dos responsáveis pelo documento são as que proclamaram ou se estão escondidas...
Os decisores internacionais querem transparência e desejam comportamentos que possam ser avaliados pelos mesmos padrões e valores que aqueles utilizam. Assim sendo, uma leitura prima facie do documento, parece poder-se entender que existe alguma vontade de mudança, mas que não tem a energia que os credores exigem...
Fica a pergunta, óbvia, os responsáveis pelo OGE avaliaram bem o efeito do mesmo nas expectativas dos credores internacionais?
Naturalmente que a pergunta seguinte é se as reacções forem negativas, onde erraram os responsáveis? Como foi possóvel um erro de tal calibre?
Estão estes responsáveis habilitados para lidar com a presente conjuntura?
Cumprimentos
joão
Tudo culpa dos Fitch(os) da mãe!
Cumprimentos
joão dias
Fitch or Fetch? Eis a questão...
Infelizmente, os nossos políticos aprenderam demasiado com os boys recém-criados das universidades "amigas": que os powerpoints, na sua pior utilização, são para mostrar o que não pode ser dito mas que podem ser lidos sem mostrar coisa nenhuma.
Dr. Pinho Cardão,
100% consigo uma vez mais! Claro e preciso. Ser honesto na politica, e ter sentido de Estado é para muito poucos. Os cidadãos que fazem parte do actual “governo” não têm nem sentido de Estado, nem são honestos. O que não entendo é porque a oposição (PSD e PP) não são capazes de dizer a verdade, e serem claros e directos.
O problema de criar ruído mediático já não existe. Portugal já é notícia na imprensa internacional. Passo a citar apenas um dos muitos artigos sobre o nosso País, desta vez no El Pais (jornal oficial do PSOE- Partido Socialista Obreiro Espanhol)
“Malos presagios para Portugal - La creciente deuda pública frena las perspectivas de crecimiento económico!
LINK – para os interessados http://www.elpais.com/articulo/economia/global/Malos/presagios/Portugal/elpepueconeg/20100124elpnegeco_1/Tes
O essencial é que orçamento que seja aprovado, continua a hipotecar o futuro de Portugal e mais, não vai potenciar em nada projectos empreendedores, nem criar nenhum clima de estabilidade que possa captar investimento e desenvolvimento da economia, para que se voltem a criar mais postos de trabalho e riqueza, isto é o que a qualquer cidadão minimamente inteligente o deve preocupar.
O que fazer? Que o Presidente da Republica tenha a coragem e energia de demitir este governo, fazer um discurso ao País dizendo a verdade, (sem papas na língua, com linguagem popular e simples, sem ser tecnocrata) abordando as várias matérias, economia, educação, saúde, etc..e convoque eleições. Não podemos estar com meias medidas! Para grandes males grandes remédios!
Talvez assim alguns Portugueses despertem....
Um Abraço
Nuno Martins
caro Pinho Cardão,
Mais um tiro no alvo!
Apenas uma breve nota quanto ao aumento do endividamento, o qual será necessariamente superior aos € 14 mil milhões pois haverá muita despsa que vai directamente à dívida, não passando pelo embaraçoso estágio orçamental...
Teremos no final de 2010, com grande probabilidade, a dívida pública directa do Estado a tangenciar a linha dos 90% do PIB...penso eu de que!
- Está? É da Bloomberg?
- ?
- Ah, bom dia! Fala aqui José Pinto de Sousa!
- Quem?
- José Pinto de Sousa!
- ?
- Sócra...!
- Ah! Bom dia! Como está!
- Eu estou bem. O País é que não...!
- Sim, sim ...
- ...não, não! Não entendeu! O País está bem, está com saúde económica e financeira. Ah, para aí 700.000 com fome e sem pão, mas... O que não está nada bem é igualarem-nos à Grécia, esse berço de Atenienses milenares cheios de pó. Isto aqui é diferente. demos novos mundos aos mundos. Aqui é só políticas de nova geração! Não ouviu falar do Magalhães?
- Sim, sim! O da circum - navegação!
- Não é nada disso homem. Esse é passado! Então, homem! Suba-me mas é lá esse rating. Olhe que não fica bem visto por cá se não o fizer!
- Ah, ah, ah!
- Quem é que está aqui também na linha ...?
- Ah, sou eu sr. Engenheiro. O Teixeira!
- Ah, Teixeira, desligue lá isso, homem! Então que o deficit estava controlado, heim? 5%, heim! Ainda há quem acredite em si, homem?
- Ah, eu também fiquei surpreso! Foi a receita fiscal!
- Ah, Teixeira, tanto apertou, tanto apertou, que estrangulou a galinha! Se não fosse o nunca me engano e raramente tenho dúvidas, não sei, não. Não gosto de ser contrariado! Mas desligue lá, homem. Já não tem idade para aventuras. E aqui o amigo da Bloomberg não se vai esquecer de nós, que nós também não nos esquecemos deles! E olhe lá,Teixeira, o que é que foi aquela de diminuirmos o salário? Está louco, homem, o Constante já me telefonou a pedir explicações! Olhe que lhe lanço os tansos do BPP e do BPN! Saloio!
Caro Eduardo F.:
Patético e apatetado...
Caro Agitador:
Bem dito, como sempre. De facto, não vejo como este Orçamento pode ser aprovado. No fundo, a razão está no que escreveu no seu último parágrafo.
Caro João:
Claro que não estão. Enganar cá dentro é uma coisa; enganar lá fora, e a quem nos pode financiar, é outra.
Caro JBDias:
Pois é...no fundo a culpa é sempre dos outros...
Caro Jasl:
Pensam que assim é que são gente...
Caro Nuno:
Sempre em boa forma!...
Tem toda a razão. "O Orçamento continua a hipotecar o futuro de Portugal e mais, não vai potenciar em nada projectos empreendedores, nem criar nenhum clima de estabilidade que possa captar investimento e desenvolvimento da economia..." , como muito bem diz.
Caro Tavares Moreira:
Benevolência excessiva da minha parte...Afinal, não estou a atacar tanto o Governo como isso...
Cara Maioria Silenciosa:
Boa alegoria e ...ruidosa...
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