O Dr. Pinho Cardão suscitou o problema aqui, no Sábado passado. Os dados publicados pelo Expresso deste Sábado mostram que há uma perversão do sistema (link ao IOL Diário).
Uma coisa é criar vias que possibilitem aos jovens que não estudaram novas oportunidades de se qualificarem para se valorizarem e melhorarem a sua inserção no mercado de trabalho e outra coisa é transformarem-se as “novas oportunidades” em trampolim para o acesso ao ensino superior dispensando a frequência do ensino secundário, o estudo e os exames que são exigidos aos alunos que querem ingressar na universidade.
Num país fustigado por elevadas taxas de abandono e insucesso escolar, não discuto a valia e a necessidade das segundas oportunidades de aprendizagem que são dadas a quem, normalmente por motivos de desigualdade de oportunidades, foi excluído precocemente do sistema de ensino e penalizado pelo mercado de trabalho.
Uma coisa é criar vias que possibilitem aos jovens que não estudaram novas oportunidades de se qualificarem para se valorizarem e melhorarem a sua inserção no mercado de trabalho e outra coisa é transformarem-se as “novas oportunidades” em trampolim para o acesso ao ensino superior dispensando a frequência do ensino secundário, o estudo e os exames que são exigidos aos alunos que querem ingressar na universidade.
Num país fustigado por elevadas taxas de abandono e insucesso escolar, não discuto a valia e a necessidade das segundas oportunidades de aprendizagem que são dadas a quem, normalmente por motivos de desigualdade de oportunidades, foi excluído precocemente do sistema de ensino e penalizado pelo mercado de trabalho.
Mas as preocupações do sistema de ensino devem centrar-se, cada vez mais, na necessidade de cuidar de garantir a efectiva igualdade de acesso e o aproveitamento de um número crescente de crianças e jovens, melhorando a qualidade do ensino e ajudando em particular as famílias com carências económicas e sociais de modo a permitir a inclusão bem sucedida dos seus filhos na comunidade escolar.
20 comentários:
Drª Margarida,
Eu gostaria de ter apenas um BOM ENSINO.
Na minha opinião, as oportunidade não se repetem nem se criam. É assim com a escola, os amores, os empregos e os negócios. A questão das famílias carênciadas também deveria ser um assunto a tratar fora do ensino. É um pouco como nas Câmara Municipais -tratam do urbanismo, mas também das creches, do leite das crianças, do transporte dos idosos.... Dá a impressão que andamos todos e em simultâneo a tratar de todos os assuntos que afligem a sociedade, subvertendo e passando até para segundo plano, os objectivos principais dos serviços. O caso do ensino é claro, as carências socio-económicas justificam a baixa do nível de exigência na escola, que por sua vez cria mais desigualdades no momento do mercado de trabalho e assim sucessivamente na gerações seguintes.
Resumindo, estaremos de acordo mas quanto ao ensino ajudar as famílias carênciadas é bonito mas não é o papel do ensino.
Caro Agitador
Também concordo que não é uma competência da escola resolver os problemas das famílias desestruturadas e com carências económicas. Mas a melhoria da educação das crianças mais pobres e a prevenção do seu abandono escolar passam pelo apoio às famílias. Não tenhamos ilusões de que sem esse apoio muitas dessas famílias não têm capacidade para apoiar, valorizar, disciplinar e acarinhar o ensino dos seus filhos. A escola não pode alhear-se desta situação e deve estar preparada para dar uma maior atenção a estas crianças.
O papel da escola (nos seus vários níveis de ensino) e o dos educadores tem-se vindo a expandir gradualmente. Por deficiência do Estado (e dos seus ministérios), os professores começaram a observar e a registar tudo o que se relaciona com o aluno para além do seu desempenho académico, para além das suas necessidades educativas. Será isto uma sobrecarga para os docentes? Claro que é. Mas ser docente é isso mesmo. Educar o aluno, revelar e expandir os seus horizontes, mostrar-lhe o que ele poderá ser capaz de fazer. Nem sempre as boas práticas de ensino e a boa vontade do aluno são suficientes. Há que se lhe proporcionar oportunidades, uma igualdade de oportunidades... E a quem cabe este papel? E esse “quem” está a cumprir as suas funções para que isso aconteça? Alguém deverá preencher essa lacuna de contrário teremos estudantes de grande potencial absolutamente à deriva.
Cara Margarida,
"a quem, normalmente por motivos de desigualdade de oportunidades, foi excluído precocemente do sistema de ensino e penalizado pelo mercado de trabalho. "
Pela experiência que tive quando fui professor no ensino secundário na "escola" pública, posso garantir-lhe que não é isto o que se passava. A grande maioria dos alunos que chumbava, chumbava porque:
- não prestava atenção nas aulas;
- não estudava rigorosamente nada de coisa nenhuma;
- perturbava constantemente quem queria aprender.
As questões sociais (nas quais eu acreditava antes de começar a leccionar) não têm praticamente nada a ver com o insucesso. O insucesso deve-se a duas questões fundamentais:
1º - o Ministério da "Educação" protege a preguiça e a indisciplina, tornando os preguiçosos e os indisciplinados no centro da actividade docente e no modelo a seguir pelos restantes alunos;
2º - a formação de professores centrou-se muito na psicologia, sociologia e ideologia da esquerda caviar, doutrinando uma boa parte dos docentes na fé das "ciências" da educação. Se tem dúvidas, faça um inquérito a quem defende este modelo com uma única questão: "onde tem os seus filhos matriculados?". Normalmente quem defende este modelo "progressista" e "democrático", defendo-o para os filhos dos outros..., uma vez que tem os rebentos a estudar numa instituição séria, exigente e disciplinadora.
Eu estou como o Agitador, Portugal necessita apenas de um bom ensino. Tudo o resto é acessório, extremamente caro e completamente ineficaz. E tenho imensa pena que tanta gente inteligente ainda não tenha percebido o que se passa realmente dentro das salas de "aula" nas "escolas" públicas portuguesas actualmente, é que basta entrar numa "escola" do 3º Ciclo e percorrer os corredores durante as "aulas". Quem o fizer, perceberá que o barulho dentro da maioria das salas é semelhante ao encontrado numa esplanada e nalgumas até se ouvem estrondos, que nos deixam intrigados e com receio pela nossa própria segurança.
A "escola" pública que imaginamos ainda existir, é apenas uma recordação dos nossos tempos de Liceu. Hoje, esses espaços pagos com o dinheiro do contribuinte são lugares perigosos e que não aconselho a ninguém.
Quem duvidar, por favor, entre num desses espaços e percorra os corredores durante as "aulas", tal como referi mais atrás.
Cara Catarina,
"Será isto uma sobrecarga para os docentes? Claro que é. Mas ser docente é isso mesmo."
Esta sua expressão é reveladora da impossibilidade operacional da ideologia dominante imposta na "escola" pública!!
Já uma vez a desafiei a leccionar (ou a educar, ou as duas coisas) com o modelo por si defendido nas escolas por si defendidas. Não sei se já o fez, mas se sim, indique por favor, os seus resultados.
Caro Fartinho da Silva
Vamos por partes em relação aos comentários que me merecem o seu texto. Leio sempre com muito interesse as suas opiniões sobre o sistema de ensino.
Estamos de acordo - os vários relatórios europeus e internacionais disso mesmo dão conta - que é fraca a qualidade do ensino em Portugal. Entendo por qualidade a capacidade de gerar elevados níveis de aquisição de conhecimento e desenvolvimento de aptidões com tradução em baixas taxas de insucesso escolar. Esses relatórios também mostram que o nosso país é um dos países europeus em que o sistema de ensino mais reproduz desigualdades sociais. Um sistema de ensino sem qualidade é gerador de grande injustiça social. A responsabilidade deste nível de qualidade é do Estado que insiste numa escola de modelo único e massificada, com uma gestão assente numa estrutura centralizadora.
Estamos de acordo que precisamos, como refere também o Caro Agitador, de um bom ensino, fundamental para elevar os níveis de educação e quebrar o ciclo de vulnerabilidades económicas que atingem muitas famílias, as quais dificultam o acesso normal das crianças ao sistema escolar.
Mas não pode o Caro Fartinho da Silva negar que há uma forte relação entre o nível de escolaridade atingido pelos pobres e a idade em que começam a trabalhar e que há também uma forte relação entre a incidência do abandono escolar e as vulnerabilidades económicas e baixos níveis de escolaridade das famílias. É uma realidade que não podemos negar nem esconder. Em Portugal ter um pai licenciado ainda é a melhor garantia de acesso à universidade.
Enquanto não formos capazes de ter um ensino de qualidade e de elevar os níveis de escolaridade vamos ter de cuidar de assegurar o acesso normal das crianças pobres ao sistema escolar e, ainda, apoiar as famílias, permitindo que libertem as crianças da função de contribuir para o rendimento familiar. Ainda é assim em Portugal.
Não é uma competência do sistema de ensino assegurar o acesso e o apoio à família, mas a escola não pode estar divorciada da comunidade em que está inserida e que a condiciona. É também por isso que defendo que cada escola deve ter o seu projecto educativo e que este deve ser perspectivado e realizado numa lógica em que a escola pode e deve relacionar-se com outras entidades locais, para que, de forma complementar, ajudem na integração bem sucedida dos alunos na escola.
Cara Margarida, Agitador e Fartinho da Silva:
Pois eu, cara Margarida, embora as suas considerações sejam, como sempre, muito pertinentes, alinho mais pelo olhar do Agitador e do Fartinho.
A Escola deve proporcionar um bom ensino. E proporcionar que quem o queira aproveitar o aproveite bem. O que pressupões que quem não o quer aproveitar não prejudique quem queira.
Cara Catarina
A lacuna de que fala é ainda um grande problema. Veja-se, por exemplo, o que se está a passar com muitos estudantes do ensino universitário que não conseguem continuar os seus estudos por falta de dinheiro. É uma situação inaceitável. Ninguém deveria deixar de estudar por não ter apoio económico.
Absolutamente de acordo, cara Margarida.
Não me posso pronunciar sobre a acessibilidade a empréstimos que os estudantes universitários têm ou não têm (em Portugal) para prosseguir os seus estudos. Um assunto que deverei pesquisar na primeira oportunidade que tiver.
Há oportunidades que se perdem irrevogável e irremediavelmente. O tempo ainda não volta para trás. Mas há outras que podem surgir de outra forma, com outros contornos, com outras vertentes, talvez até mais esclarecedoras e motivadoras, mais intensas e românticas, mais recompensadoras, e mais lucrativas... como “a escola, os amores, os empregos, os negócios”... respectivamente! : )
Não, caro Fartinho, ainda não leccionei em nenhuma escola pública portuguesa. Costuma-se dizer que da teoria à prática vai uma grande distância. Eu compreendo. Permita-me, não obstante, discordar quando diz que as questões sociais nada têm a ver com o insucesso escolar. Os extensos estudos realizados em vários países sobre o insucesso e o abandono escolar desmentem essa teoria. Evidentemente, sempre existiram e continuam a existir jovens para quem os estudos não interessam a partir de certa altura. Concordo que o ME é, de facto, uma entidade disfuncional, centralizadora de poderes, que não atinou ainda com o percurso a seguir no sentido de facultar um bom ensino, que não valoriza os docentes como deveria, que distribui Magalhães ao desbarato como se isso fosse a ferramenta que faltava para a engrenagem educativa funcionar plenamente e eficazmente.
Apesar de tudo, e embora seja de opinião que num país evoluído, num país onde o Estado não reduz o investimento em educação, o papel fundamental do docente é ensinar, transmitir conhecimentos, formar e preparar os seus alunos de forma a que estes se desenvolvam nos diversos aspectos que compõem o seu ser, estes docentes, num país como Portugal, não se podem abstrair, tal como a cara Margarida menciona, da situação socio-economica – e eu acrescentarei -afectiva-cultural dos seus alunos.
Agora pergunto, caro Fartinho da Silva (acredito que o senhor tivesse ficado fartinho do ensino público e de todos os silvas que lhe fizeram a vida negra) que sugere? Num caos destes o que fazer para que se chegue a um ponto onde o ensino é valorizado pelo Estado e por todos os membros da sociedade, para que comecem a aparecer nas escolas alunos como, por exemplo, os vietnamitas, os filipinos, os japoneses que são tudo menos baldas? Por onde se deve começar? No pressuposto que o ME continua a ser um organismo que atrapalha.
Cara Margarida,
Eu, depois das noticias sobre o caso Tomás Barcelos,tentei perceber o sentido de injustiça da situação, refrido por muitos e que agora traz novamente à colação.
Sinceramente, não consegui.
Primeiro eram as críticas às Novas Oprtunidades porque davam diplomas sem que as pessoas aprendessem nada. E estas críticas todos sabemos serem justas em muitos casos. Mas não é porque uma macieira dá maçãs podres e bichadas que eu a corto. O que devo é cuidar de a tratar convenientemente para que melhore a qualidade da produção.
Mas agora, estes casos vêm mostrar as situações de sucesso do modelo. Alunos que passaaram por ele e que afinal demonstraram ter aprendido o suficiente para que, colocados a par dos outros do ensino "normal", fazendo os mesmos exames, mostrassem sabiam tanto como eles.
E agora já são muitos estes casos, 530 segundo a notícia. Afinal O programa Novas Oportunidades tem muitos casos de sucesso. Eu fico feliz e espero que o programa melhore e para o ano sejam 1000.
Invocar a palavra "justiça" a propósito de um aluno do ensino regular, certinho, que CONSEGUIU "ficar a trás" de um que passou pelo programa novas oportunidades parece-me completamente desadequado.
Não é para isso que serve a palavra justiça.
Justiça é dar novas oportunidades às pessoas e não abandoná-las depois de terem falhado uma vez.
Desde que essas pessoas as aproveitem com competência eu fico contente com o seu sucesso futuro.
Caras Margarida e Catarina,
Vou tentar explicar um pouco melhor.
Qualquer professor com sentido crítico fica de boca aberta com o que se passa dentro das "escolas" públicas e, muito especialmente, dentro das salas de "aula".
A escola pública está refém de um sistema político-ideológico-burocrático que a torna num alvo demasiado fácil para a demagogia e o populismo. O partido socialista levou este ponto ao extremo. Sabendo que a escola está imersa numa enorme quantidade de missões, objectivos e tarefas que se contradizem entre si e que tornam absolutamente impossível a qualquer professor e à grande maioria dos alunos fazer um trabalho sério na transmissão e aquisição do conhecimento e da cultura conquistas pelas gerações anteriores, tem vendido ilusões.
Aquilo que proponho é muito simples:
- recentrar a missão da escola naquilo que sabe fazer bem: a transmissão do conhecimento e da cultura conquistas pelas gerações anteriores;
- recentrar o trabalho do professor naquilo que sabe fazer bem: estudar e ensinar;
- recentrar o trabalho do aluno: estudar e aprender;
- recentrar o trabalho do encarregado de educação: responsabilizar-se pela educação do seu educando;
- exames nacionais a todas as disciplinas de dois em dois anos;
- segmentar o mercado.
Simples, simples, simples.
Sem isto, podem-se fazer as reformas que se quiser, podem-se oferecer todos os magalhães do mundo, podem-se colocar na escola todos os professores catedráticos do país, podem-se oferecer livros e cadernos a todos, pode-se oferecer educação sexual, educação para a saúde, para a cidadania, para a poupança, educação rodoviária, ambiental, etc., etc.. que nada de muito significativo acontecerá.
Aquilo que senti na "escola" pública depois de perceber que passava a vida em reuniões inúteis, a elaborar relatórios idiotas, a produzir formulários estúpidos, a leccionar matérias que transformavam os alunos em cobaias para terceiros, a elaborar testes facílimos por obrigação, a não poder disciplinar os "alunos" que não permitiam que os restantes aprendessem, etc., etc. percebi uma coisa: tinha que sair dali o mais depressa possível. E tinha que abandonar tal sistema pelas seguintes razões:
- a minha produtividade fazia-me corar de vergonha, ao ponto de ter insónias a pensar nisso;
- mais de três quartos das actividades a que estava obrigado por Lei, eram motivo para despedimento por justa causa em qualquer empresa;
- o enorme desperdício de recursos a proteger a preguiça e a indisciplina era algo que me corroía o estômago.
Isto é o que sente qualquer professor que passe pouco tempo na "escola" pública.
Por isso, peço-vos, por favor, visitem as escolas actuais de forma discreta, passem nos corredores, nos recreios, refeitório, biblioteca, assistam ou promovam a uma conferência. Em suma, vejam com os vossos olhos o resultado do sistema romântico implementado em Portugal.
Caro SC
Quando falamos de justiça e injustiça temos que ter, estou de acordo, algum cuidado.
Se voltar a ler o meu texto, se assim o entender, verifica que não sou contra a possibilidade de dar aos jovens e aos adultos uma segunda oportunidade, já que o país não foi capaz de assegurar plenamente o acesso à primeira oportunidade e bons níveis de aproveitamento.
A segunda oportunidade não pode perverter o sistema porque é na primeira oportunidade que temos que investir os nossos esforços. A segunda oportunidade pode constituir um incentivo para que muitos jovens não levem a sério a primeira oportunidade.
O verdadeiro sucesso do ensino joga-se, em meu entender, na primeira oportunidade.
As críticas às Novas Oportuniddaes são muitas e para lhe dizer muito francamente não conheço, com efeito, os resultados qualitativos do programa, ou seja, a capacidade de desenvolvimento de qualificações e aptidões em termos efectivos e as repercursões em termos de inserção no mercado de trabalho. Fiquei muito satisfeita com a notícia do jovem Tomás Barcelos. É um caso que mostra bem que alguma coisa correu muito mal na primeira oportunidade. Vale a pena ler o seu testemunho.
Cara Margarida,
No meu comentário não pretendia qualquer crítica às ideias expressas no seu. Quiz apenas, aproveitando o seu post, comentar a utilização da palavra justiça "à volta" deste caso.
Porque comungo inteiramente do que diz sobre a 1ª oportunidade. Temos TODOS que fazer todos os esforças para que ela resulte cada vez mais. A nossa ambição (utopia?) deve ser a de a prazo não ser mais necessário um programa de 2ªs oprtunidades.
Mas não podemos misturar a discussão das duas coisas.
Usar a premissa de que um programa de 2ªs oportunidades pode ser negativo para a 1ª só conduz a falácias (ou sofismas).
E voltando à questão da justiça, mantendo o princípio de que deve haver 2ª oportunidade, para entrar na universidade só há dois modelos possíveis: através do contingente especial, como actualmente, tendo que realizar as provas específicas a par dos outros, ou criando um contingente especial (e neste caso já nem seria necessária a realização das provas específicas!)
Por isso, este modelo parece-me o mais justo.
Será que os detractores querem a mudança para terem ainda mais argumentos de crítica?
Quanto às palavras do jovem tomás Barcelos, humildes se sinceras, claro que não concordo quando refere que tirou o lugar a "outro". O "outro" não conseguiu chegar lá, ponto final.
Assim como me deixaram triste as declarações dos dirigentes estudantis universitários. Não eram estes os valores que conduziam as minhas preocupações e sentido de justiça quando andei por lá.
Caro SC
Já agora uma precisão. Nos meus comentários fui utilizando as expressões "primeira oportunidade" e "segunda oportunidade". A "primeira oportunidade" é utilizada pelo facto de existir um "nova oportunidade", mas a bem dizer a "primeira oportunidade" deverá ser a oportunidade.
Não há "segunda" oportunidade de aprendizagem, pois esta (a aprendizagem) é totalmente alheia à iniciativa "Novas Oportunidades". Basicamente certifica-se com o 9º/12º ano quem quer que entre no curso (e tenha paciência para cumprir as inutilidades formais que lhe são pedidas).
Esta iniciativa consiste num dos maiores embustes e injustiças que já se fez na Escola pública: quem estuda e se esforça pela via "normal" (por vezes com extrema dificuldade e sacrifício) vê-se ultrapassado por quem pode obter o mesmo diploma sem qualquer contrapartida (que geralmente se entende por aprender EFECTIVAMENTE alguma coisa).
Quando o esforço e o conhecimento são desprezados por uma sociedade, o futuro desta não pode ser brilhante...
Caro Ruben Correia
O futuro, no sentido do bem-estar e do progresso, vai continuar a não ser brilhante, assim como não foi no passado. O problema da educação tem décadas. A massificação trouxe falta de qualidade. Não tinha que ser assim. E tivemos muito tempo para corrigir o problema.
A mentalidade do facilitismo, para a qual contribuíram a falta de trabalho sério e empenhado e a ausência de disciplina, nunca poderia trazer bons resultados. Tem-se assistido ao nivelamento por baixo, confundindo-se acesso com aproveitamento. O resultado está bem à vista.
Dr. Margarida,
Nivela-se por baixo justamente para não descriminar as famílias carênciadas. Nem sempre os propósitos aparentemente generosos são adequados.
Está estudado que a qualidade do ambiente familiar no sentido lato contribui decisivamente para o sucesso escolar. Como quer resolver as eventuais carências? Com psicólogos para as familias destruturadas? com nutricionista para os mal nutridos, etc.?!
Caro Agitador
O nivelamento por baixo não resolve as dificuldades de aprendizagem dos alunos, muito pelo contrário tende a acentuá-las. O nivelamento por baixo esconde a estatística da baixa qualidade do ensino.
Falta o BOM ENSINO que o Caro Agitador mencionou no seu primeiro comentário.
A questão da pobreza ou da vulnerabilidade económica se não quisermos ir tão longe, embora a pobreza seja uma realidade inexorável em Portugal e afecte muitas crianças e jovens, não está dissociada do nível de escolaridade. Os carenciados têm baixos níveis de educação por serem carenciados e são carenciados por terem níveis baixos de escolaridade.
Desejamos e precisamos ter um bom ensino, mas não nos podemos esquecer que é necessário apoiar os carenciados para que a sua situação de carência não seja impeditiva de frequentarem a escola e aproveitarem o bom ensino.
Bom ensino e apoio à família não são incompatíveis.
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