Ao mesmo tempo que, internamente, o Secretário de Estado do Orçamento nos tentava convencer quanto à bondade da evolução da despesa pública com uma argumentação pouco credível, o chefe da equipa das finanças, Teixeira dos Santos, em roadshow pela Ásia dizia, numa entrevista às influentes agências noticiosas Reuters e Bloomberg em Hong Kong, ter “uma certa sensação de déjà vu” quando pensa na necessidade de reduzir o défice orçamental. E sentia-se “muito confiante”, salientando a experiência e os resultados dos últimos anos. “Já vivi isso há três, quatro anos e conseguimos. Por isso, estou confiante de que o podemos fazer outra vez”. Como?!... Importa-se de repetir?... É que apesar de o défice ter sido reduzido entre 2005 e 2008, bastou a crise e… lá foi tudo por água abaixo em 2009, quando foi registado o maior défice da história da nossa democracia!... E isto porquê?... Como o Ministro das Finanças bem devia saber, porque o desequilíbrio das contas públicas foi combatido de forma não sustentável, à custa, essencialmente, de mais impostos e de cortes no investimento público. Quando ouvimos “estou muito confiante de que o podemos fazer outra vez”, nem dá para acreditar... Conhecendo os investidores a nossa experiência de (pretensa) consolidação orçamental desde 2005, algum deles poderá sentir-se tentado a apostar em Portugal com estas declarações?!...
Mas, não satisfeito, Teixeira dos Santos referiu depois, agora já em Macau, que Portugal vai ter de fazer em 2011 “um esforço muito sério e significativo” na redução da despesa pública. Aplaude-se: que bom seria que assim fosse!... Mas em que áreas, em que rubricas?... E com o track record existente (incluindo o de 2010), dá para desconfiar, e não é pouco…
… Até porque o Ministro das Finanças acrescentou que “a meta do défice só será atingida com mais receita”, deixando nas entrelinhas que um novo agravamento da carga fiscal é… inevitável. Isso, Senhor Ministro, continue a liquidar a pouca economia que nos resta e alimente ainda mais o “mons-tro”!… É a forma de (pretensa) consolidação orçamental preferida do PS – e não há volta a dar: está-lhes no sangue…
Mas, assim sendo, será de admirar que esta história acabe mal?...
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