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quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Pérolas… Inconvenientes (III)

Mas, apesar das tiradas, a meu ver desadequadas, quer do Secretário de Estado do Orçamento, quer do Ministro das Finanças, a maior “pérola” veio mesmo da parte do Ministro da Economia que, na semana passada, à margem do seminário económico e financeiro Discover Luxembourg, em Lisboa, com a presença do Grão-Duque do Luxemburgo, achou apropriado referir, basicamente, que o Governo pouco podia fazer para impedir que o risco da dívida pública portuguesa continue a subir nos mercados internacionais (recorde-se que numa colocação de dívida pública a 10 anos na passada semana, os juros exigidos pelos investidores aproximaram-se de 6%, um máximo insustentável e já mais de 350 pontos base acima dos juros alemães – a referência na Europa –, uma diferença histórica; por exem-plo, em Março, na mesma maturidade, o juro pedido tinha sido pouco superior a 4%...).

“Para responder a essa situação, os nossos caminhos são estreitos”, disse Vieira da Silva, juntando que “este é um problema que existe em toda a Europa e com uma escala que nos ultrapassa”.

Ai sim?!... Este é um problema de toda a Europa?!... Claro que não: é um problema que afecta toda a Europa – mas que é específico de 4 países: Grécia, Espanha, Irlanda… e Portugal. Por razões diversas em cada um deles. No nosso caso, por défice de competitividade (veja-se o gigantesco défice externo anual desde há mais de 10 anos) e porque, desde que a democracia foi implantada, as contas públicas nunca foram colocadas em ordem.

“Caminhos estreitos”?!... “Uma escala que nos ultrapassa”?!...Ora, salvo melhor opinião, quem, senão o Governo tem capacidade para efectuar uma real consolidação orçamental (sempre adiada)?...

Quem, senão quem nos governa, pode cortar – como há muito o devia estar a fazer – na despesa pública e, nomeadamente, na despesa corrente primária?...

Quem, senão quem comanda os destinos do País, pode optar por não tornar a aumentar impostos (e, assim, não prejudicar mais a economia) – e actuar antes do lado da despesa como se impõe, e como Espanha, Grécia e Irlanda estão a fazer?...
Ou o Ministro da Economia – tal como o Governo – ainda não percebeu nada do que se está a passar (e isso é gravíssimo porque podemos estar a dirigir-nos de forma totalmente desgovernada em direc-ção ao abismo financeiro e a uma crise económica e social com poucos precedentes) ou então… já resolveu atirar a toalha ao chão (o que significa que não deveria continuar a governar).

Seja de que maneira for, será de admirar que esta história acabe mal para Portugal?!...

9 comentários:

Manuel Brás disse...

Afinal,...

Quem conseguirá perceber
tais frases desconcertantes?!
Não há forma de embeber
tantas asneiras gritantes!

Entre termos disparatados
de quem nos deixa definhando,
seguimos trilhos apertados
e assim vamos caminhando…

tempus fugit à pressa disse...

e a uma crise económica e social com poucos precedentes?

ora Soares anos 80

1975...há tantos precedentes

agora há menos gente para emigrar

os velhos não emigram

ignorar foi o que a sociedade fez desde 1986

e os governos são parte da sociedade
se não olharmos tudo correrrá bem

são crenças...que quer
se calhar lucidez
quarta quinta ou sexta
ou sétima dinastia é igual

(c) P.A.S. Pedro Almeida Sande disse...

Ainda ontem me debruçava sobre um manual que dizia: uma das grandes conquistas desenvolvimentistas no século XVII foi a criação das sociedades de responsabilidade limitada, que limitavam o risco aos investidores relativamente à criação de empresas e negócios.
Cá, os inteligentes de serviço, com a ajuda do seu braço famigerada e esfaimado, DGCI, resolveram atacar um princípio básico dos negócios, cilindrando no "ovo" a criação de riqueza.
A construção de uma classe média com espírito empresarial demora décadas a fazer, a sua destruição é rápida.
E este é sem dúvida, na sua cátedra de muita ignorância e arrogância, um dos maiores erros do actual governo!

Anónimo disse...

هل تسمعون الشعب سينغ comentou que "os velhos não emigram". Eis uma evidência sobre a qual não tinha refletido. Problemático, porém, é que emigram os jovens, em especial os jovens quadros que despovoam o País da massa crítica sem a qual não há hipótese de dar a volta por cima.

Anónimo disse...

Num tom bem mais ligeiro, ainda bem que os velhos não emigram! Era o fim da macacada para a indústria farmacêutica em Portugal. Quem é que iria encher as farmácias, os postos médicos e os hospitais deste país? Quem é que iria dar trabalho aos médicos, aos enfermeiros, aos fisioterapeutas e tantos outros profissionais dedicados aos cuidados da população mais madura? Quem passariam a ser os clientes das modernas residências medicalizadas?

Já é suficientemente mau os outros todos estarem a fugir, ao menos que não fujam estes também.

Suzana Toscano disse...

Anthrax? Mudou o "visual" ou é apenas coincidência de "nicks"?

Anónimo disse...

Cara Dra. Suzana :))

Mudei de visual. Agora sou um "gnomo" de tótós e cabelo cor-de-rosa que tem apelido e já vai dizendo qualquer coisita em finlandês :)... Tomara eu convencer a minha nova cara-metade a mudarmo-nos para a Finlândia... até para a Lapónia eu já estava disposta a ir.

Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anónimo disse...
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