O Expresso traz hoje uma pequena notícia que dá conta que uma empresa de calçado despediu os trabalhadores por SMS, que diz o seguinte:
“Os 18 funcionários de uma empresa de calçado de Arouca foram despedidos através de uma mensagem de telemóvel. No SMS foram informados que a Pinhosil falira e que, mais tarde, receberiam a carta para o subsídio de desemprego. A Autoridade para as Condições de Trabalho diz que o encerramento é ilícito e apresentou queixa no Ministério Público”.
Li, há tempos, um artigo sobre o fenómeno do despedimento por e-mail. É algo que seria impensável há uns anos atrás, mas que parece estar a ganhar terreno nos EUA. O despedimento por SMS não é muito diferente. Não estava à espera que chegasse tão rapidamente a Portugal.
Mas agora aqui tão perto, é difícil imaginar uma situação em que uma pessoa seja despedida através de uma mensagem electrónica, em que se deixa alguém ir embora de uma forma tão descartável.
“Os 18 funcionários de uma empresa de calçado de Arouca foram despedidos através de uma mensagem de telemóvel. No SMS foram informados que a Pinhosil falira e que, mais tarde, receberiam a carta para o subsídio de desemprego. A Autoridade para as Condições de Trabalho diz que o encerramento é ilícito e apresentou queixa no Ministério Público”.
Li, há tempos, um artigo sobre o fenómeno do despedimento por e-mail. É algo que seria impensável há uns anos atrás, mas que parece estar a ganhar terreno nos EUA. O despedimento por SMS não é muito diferente. Não estava à espera que chegasse tão rapidamente a Portugal.
Mas agora aqui tão perto, é difícil imaginar uma situação em que uma pessoa seja despedida através de uma mensagem electrónica, em que se deixa alguém ir embora de uma forma tão descartável.
Quem o faz, fá-lo, presumo, por razões de conveniência, porque assim é mais cómodo e rápido e evita-se um frente-a-frente, as perguntas incómodas e as respostas difíceis, o confronto com os sentimentos e as emoções da pessoa visada perante a notícia não desejada. Mas é também um acto de egoísmo e cobardia, uma atitude de desconsideração e desprezo por alguém que esteve presente e se envolveu numa relação que sendo de trabalho tem também uma dimensão afectiva que não deveria ser ignorada. Não será dificil advinhar o que sentem as pessoas desclassificadas com este tratamento...
5 comentários:
Esse artigo faz-me lembrar o filme “Up in the Air”.
O patronato, de uma maneira geral, deixou de se interessar pelos seus funcionários como pessoas. Preferem olhá-los como elementos produtivos das suas empresas. E se não produzem, são, como a cara Margarida muito bem diz, descartáveis tal como máquinas absoletas. Enquanto o funcionário respeitar uma deontologia e uma qualidade de trabalho rigorosas e enquanto der o seu máximo para o bom funcionamento da empresa, tudo bem, mas a sua dedicação, o seu empenho não são certezas de nada. O incentivo, a motivação vão desvanecendo. E com ela a tal produtividade.
Olhamos para os jovens de agora que procuram o seu primeiro emprego pela internet. O curriculum vitae é enviado por email. A primeira “entrevista” informal é conduzida através do email. Talvez para os que iniciam a sua carreira agora os sms sejam mais aceitáveis e até uma forma natural de comunicação mesmo a nível profissional.
"obsoletas", evidentemente!
Também me lembrei logo do mesmo filme, Catarina, de facto por cá as modas chegam tarde mas chegam na modalidade mais avançada! O que é mais incrível é que nunca como hoje houve tantas teorias, cursos de formação e gurus a falar da importância das pessoas como elemento determinante do sucesso das empresas. se calhar, uma empresa que é capaz de despedir por sms é porque não tinha mesmo condições nenhumas para sobreviver, e não terá sido só uma questão de mercado. Hoje, as empresas mais avançadas já não falam em "recuros humanos" mas em 2pessoas" exactamente para dar a dimensão devida à parte humana de uma organização produtiva.
Sinais dos tempos. Vejam-se, por exemplo, os tumultos em Moçambique.
Quando me dei conta desta notícia, não pude deixar de reflectir em tantos e tantos outros casos onde os funcionários, quando chegaram às instalações à segunda-feira de manhã, viram os portões fechados com cadeados, sem qualquer outro aviso. Será moralmente pior, este caso dos SMS?
Suzana
É verdade que nunca se falou tanto das pessoas, enquanto chave da excelência e do sucesso das organizações. Quando há uma verdadeira responsabilidade social, a vertente humana não desaparece perante os momentos mais difíceis da vida das empresas. Mas quando não há, qualquer meio é utilizado para descartar os trabalhadores, ignorando as pessoas.
Cara Catarina
A internet é hoje um meio de comunicação extraordinário, que, entre outras coisas, alarga o leque de oportunidades e opções. É claro que este aumento de acessibilidade e escolha faz-se num ambiente muito competitivo no qual os jovens têm que aprender a movimentar-se. Contudo, não me parece que depois de estabelecida uma relação de trabalho enriquecida pela dimensão humana, os letreiros de encerramento ou despedimento pendurados num e-mail ou num SMS ou na porta das instalações da empresa sejam uma forma correcta de lidar com pessoas. Na verdade, mais não são do que meios sofisticados do tempo da "revolução industrial" em que os trabalhadores eram simples máquinas de trabalho inseridas numa qualquer linha de produção. Tenho esperança que não se avance por este caminho.
Caro Eduardo F.
Não sei se é melhor ou pior. Sei que são moralmente condenáveis estes comportamentos e que devemos olhar para a responsabilidade social como algo de muito sério, sancionando socialmente, e não apenas por via da lei, quem tem comportamentos que ferem a dignidade humana. Ainda ontem num telejornal foi dada a notícia do SMS e de um portão fechado a cadiado, em que a tónica foi colocada na violação da lei (o despedimento tem que ser comunicado por escrito e obedecer a determinados requisitos formais). A outra parte, que aqui estamos a tratar, não mereceu qualquer atenção especial.
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