Número total de visualizações de páginas

domingo, 12 de setembro de 2010

O candidato certo


Ouvindo o discurso de arranque da pré-campanha de Manuel Alegre, fico convencido: ele é mesmo o candidato certo das forças que o apoiam. O proclamatório-vazio, a insistência em habitar num edifício que ameaça ruir a cada momento, são as marcas de uma esquerda incapaz de perceber que este modelo social é insustentável, que este Estado absorve quase toda a energia da sociedade, consome boa parte da pouca riqueza criada, é incapaz de perceber que quem sofre mais com o retardamento das reformas necessárias são exactamente os mais desfavorecidos, os descamisados que Alegre, BE e uma parte do PS se dizem representantes. 
No fundo, ninguém melhor do que Alegre corporiza o estado dessa esquerda tão palavrosa como vaidosa. Que teme a mudança e é por isso conservadora. Profundamente conservadora.


13 comentários:

Fartíssimo do Silva disse...

Pois, pois, caro Ferreira de Almeida. Percebe-se a estratégia dos apoiantes do candidato, que não o sendo formalmente, anda em campanha há demasiado tempo. E a estratégia é colar Alegre ao BE e, em último recurso, ao PS. Porque não o colam também ao Partido Democrático do Atlântico? Ou à Refundação comunista, ou, ainda, ao MIC - Movimentdo de Intervenção e Cidadania? Percebe-se.
Mas muita água vai passar por debaixo das pontes.
Esperemos pelo tiro de partida do locatário de Belém, um homem cheio de convicções e inteiramente alheio à crise que nos assola. Sempre, sempre disponível para a cooperação estratégica.
Ninguém duvida que o presidente quer fugir ao debate e marcar as presidencias lá mais para diante. Mas não pode fugir...

Pinho Cardão disse...

Bem dito, caro Ferreira de Almeida.
A candidatura de Alegre é um conjunto vazio de ideias para o presente e o futuro. Ao contrário, cheio das ideias velhas que levaram à actual situação.

Fartíssimo do Silva disse...

Só por ironia, caro Pinho Cardão! Quais são as ideias do candidato escondido nas vestes de PR, que assistiu passivamente à deterioração da situação económica e finaceira do País? ZERO!
Foram as ideias dele, Alegre, que levaram à actual situação? Dito deste modo, sem qualquer fundamentação, não passa de um palpite! Ou de uma questão de fé ou de crença...

Anónimo disse...

Ó meu caro Fartinho do Silva, e eu que pensei que o post merecia a concordância de todos os fartinhos do silva!
Então dizer que a escolha das forças que apoiam Alegre é coerente, e mais do que coerente, é consequente, não merece a sua concordância?
Estratégia de colar Alegre ao BE? Estratégia de quem? Só se for do próprio Alegre e do BE que desde sempre se "colaram" nas atitudes políticas mas sobretudo no discurso.
O meu caro não deve ter escutado Alegre na intervenção a que me refiro. Nem certamente tem ouvido as prédicas de Louçã destes últimos dias- Se tivesse escutado um e outro, certamente concordaria comigo que a coincidência de pontos de vista, sobretudo quanto à conservação do que mais negativo temos no sistema, torna inquestionável o acerto da escolha.
Pode o meu caro discordar desta leitura no que respeita à escolha do PS, sem margem para deixar de apoiar o candidato que cedo soube condicionar o partido. Mas neste caso, meu caro, este PS e Alegre coincidem no quadro de ilusões. Ambos pensam que nada mudando, tudo acabará por mudar. Que os pobres deixarão de ser pobres, que o deficite desaparecerá, que as empresas públicas serão produtivas, que os serviços públicos serão eficazes, as exportações crescerão, a riqueza nacional disparará e despertaremos de repente do pesadelo do desemprego. Tudo isto à custa dos impostos e do aumento da despesa, isto é, as receitas recorrentes da governação PS.
Por isso também se me afigura ajustada a aposta do PS, apesar do amargo de boca dos seus principais dirigentes.

Quanto ao putativo candidato de que o meu caro está fartíssimo, cá estaremos para ver que responsabilidades o povo lhe vai atribuir na crise que, como bem diz, nos assola. Mas suspeito que o meu caro vai ter que mudar de nick daqui as uns tempos para qualquer coisa como hipersuperfartodosilva, ou coisa que se lhe equivalha ;)

Fartíssimo do Silva disse...

Meu caro Ferreira de Almeida
A candidatura de Alegre, como é suposto com a generalidade das candidaturas presidenciais, surge por vontade e iniciativa do candidato.
Alegre não pediu licença a ninguém para se candidatar: apresentou-se.
Se foi apoiada pelo BE, pelo PS, pelo PDA, pela Renovação Comunista, pelo MIC, por voluntários independentes não pertenecentes a qualquer partido político, isso só prova que a candidatura é transversal. Não falo já de alguns monárquicos que a apoiam.
Sendo transversal, a candidatura de Alegre não é neutra, tem conteúdo ideológico. E este conteúdo ideológico radica no socialismo democrático (se preferir, na social democracia). Ele defende a escola pública, o Estado social, o SNS e a Constituição da República. É sempre pouco avisado deitar os foguetes antes da festa.

Pedro disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Pinho Cardão disse...

Oh Fartíssimo do Silva, fiquei sem palavras!...

Anónimo disse...

Este blogue está a especializar-se na superior arte da ironia. Esta de considerar que Alegre, BE, PDA, MIC, comunistas renovados, monárquicos e independentes estão unidos pela causa da social-democracia é ironia do mais fino que por aqui tenho lido. Parabéns, caro Fartinho. Uma autêntica lição.

Fartíssimo do Silva disse...

JM Ferreira de Almeida fez de conta que não entendeu. É lá com ele. Deixo-lhe apenas uma pergunta: como foi possível a vitória de Soares em 1986?

Anónimo disse...

Todos entendemos, caro Fartinho.
Quanto a 1986 tenho a minha leitura. Mario Soares, se não o fez, deve agradecer a vitória a António de Almeida Santos que se sacrificou para atrair sobre si as consequências da impopularidade da governação candidatando-se a 1o ministro e assim fazendo esquecer quem tinha sido o responsável pelo IX governo constitucional. Não foi certamente em nome da social-democracia ou do socialismo democrático que Soares venceu essas eleições pois, se se recorda, meses antes tinha declarado solenemente que o arrumara numa gaveta.

Fartíssimo do Silva disse...

Eu nunca disse que Sores ganhara em nome da social democracia nem que Alegre, se ganhar, seja também em nome do socialismo democrático. Que esta é a matriz ideológica do seu pensamento (Alegre), tenho isso como indiscutível. O que quis dizer - e julgo que fui claro - é que várias correntes de pensamento que não se identificam com o socialismo democrático/social democracia convergem ou podem convergir em um apoio (votos) do candidato em questão (como foi o caso de Soares). Por outros palavras: o voto pressupõe uma escolha racional. Se a opção for entre um candidato que é suposto ser portador de um perfil conservador e outro candidato de perfil menos conservador, que defenda o Estado Social, o Serviço Nacional de Saúde, a Escola Pública e a Constituição da República, além da dimensão cultural que separa de forma abissal os dois candidatos em condições de disputar a vitória, é perfeitamente lógico que diversas correntes de pensamento, que não só a social democracia/socialismo democrático, convirjam nessa candidatura como forma de escolher, entre ambas, aquela que lhes ofereça maior grau de fiabilidade.

Pinho Cardão disse...

Caro Fartísimo do Silva:
O que é preciso é defender que todos tenham o mesmo direito à educação e que a escola não seja discriminatória. Logo, o direito à livre escolha. Pobre ou rico deve ter livre escolha da escola. Assim, defender escola pública é um anacronismo nos nossos dias.

Fartíssimo do Silva disse...

Caro Pinho Cardão
Defender a escola pública não é anacronismo nenhum. Anacronismo seria, por exemplo, proibir a escola privada. Estudei sempre em escolas públicas e não estou arrependido disso. Vou terminar pois está a falar na SIC N o Senhor da Causa Monárquica, aposentado aos quarenta e poucos anos com 37.500 dele, mensais.