A gritaria que se ouve neste país, a vozearia por tudo e por nada, por elefantes e por formigas, uns diminuídos, outros aumentados até à deformação, deixa-nos muitas vezes perplexos quanto ao que é verdade, mentira, fingimento ou simples ficção política. A este propósito, e porque achei consolador encontrar esta explicação tão simples para os permanentes choques de opinião e perspectivas a que vamos assistindo, aqui fica um excerto da Nota Prévia do Autor do livro “Da Física e Metafísica à Boa Nova de Jesus de Nazaré – Ciência, Filosofia, História…Fé, Reflexões” de Armando Lencastre (da Academia das Ciências):
“Várias vezes relembrei a sós, ou em conversa com os amigos, a história dos ceguinhos encostados a um elefante: - um, encostado à tromba, dizia que o elefante era uma coisa húmida, mole, flexível; - outro, encostado à pata, garantia que elefante era algo de seco, rijo e firme; - outro, encostado à cauda, afirmava que o elefante era algo de peludo e móvel, etc, etc.
Perante a realidade, sobretudo perante a realidade ontológica (do ser), somos como os ceguinhos encostados ao elefante. Só ouvindo-nos uns aos outros e refletindo, nos apercebemos, ainda que muito incompletamente, do que é o elefante – da Realidade”.
5 comentários:
Pois, é nestas alturas que, os que que têm "olhinhos", deveriam refletir sobre a importância e responsabilidade acrescidas de verem o que os outros não conseguem...
Tomei a liberdade de replicar na minha página. :)
Acontece que cada um só vê o que quer ver. E nada mais existe. É o início do fundamentalismo.
Derivando um pouco, pode-se dizer que a análise do particular é o caminho por onde a sociedade vai caminhando, especialização mais especialização. Nada tende a ser visto de forma global. A realidade ontológica, que o texto refere, deixou de existir, só há partes de um todo.
E cada qual só vê e tende a compreender essa parte.
A filosofia está arredada das escolas. Os efeitos nocivos cada vez mais ficarão à vista.
Suzana
Muito oportuna esta imagem do elefante. O radicalismo tomou conta do discurso público. O consenso e a concertação dão muito trabalho. A gritaria e o alvoroço que se lançam sobre os assuntos que são do interesse colectivo facilitam a decisão. Criam o calo para a culpabilização e desculpabilização, uns e outros pensam ganhar alguma coisa com o processo, mais do que ganhariam se fosse construída uma ponte.
Um outro autor português, também ele consagrado, escreveu um dia:« O egoísmo pessoal, o comodismo, a falta de generosidade, as pequenas cobardias do quotidiano, tudo isto contribui para essa perniciosa forma de cegueira mental que consiste em estar no mundo e não ver o mundo ou só ver dele o que, em cada momento, for susceptível de servir os nossos interesses.
A vida é breve, mas cabe nela muito mais do que somos capazes de viver.»
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