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segunda-feira, 15 de agosto de 2005

Contrastes

Acabaram há pouco os foguetes que ecoavam por todos os lados vindos das festas que há pelas aldeias em redor. Ontem foi a festa na Ericeira, saíram as traineiras em procissão, todas engalanadas, a última mais enfeitada porque transportava a imagem de Nossa Senhora da Boa Viagem. Milhares de pessoas apinhavam-se ao longo do muro da arriba, num meio silêncio respeitoso quebrado pelos apitos estridentes dos barcos.-São 23!, dizia um miúdo, para logo recomeçar a contagem das luzinhas que se moviam no mar.As senhoras da terra tinham instalado cadeirinhas nos lugares estratégicos desde o princípio da tarde e era fácil encontrar os grupinhos dos que marcam encontro para festa no meio da multidão de veraneantes.A certa altura, um burburinho de protestos e um automóvel descapotável, com duas raparigas em pé e cantando ao som do rádio, a tentar abrir caminho onde obviamente não estava previsto passar nenhum automóvel. Quando perceberam em que consistia a festa e perante os protestos dos que tinham ficado só com vista para o carro, decidiram continuar a romper o magote de gente. - Vamos embora, isto aqui é só uns barcos...E lá devem ter ido levar para outras festas a sua forma de se divertirem.Por todo o país as aldeias animam-se em festas de Verão, feiras e música popular. Encontrei no Coentral, em Castanheira de Pêra, tudo preparado para o concerto da noite. Na véspera, a animação tinha acabado já rompia o dia e o calor intenso ainda não convidava a folias. O recinto estava muito bem organizado em tendas com produtos regionais, cheios de grinaldas em flores de papel e a comissão organizadora -"Tudo gente da terra que vive em Lisboa...", não escondia o seu orgulho pelo êxito conseguido. Mas o que me deixou verdadeiramente pasmada foi a magnifica "piscina fluvial" bem no centro de Castanheira, um verdadeiro "resort" com ilha artificial, dois barcos em forma de cisne, uns pequenos veleiros para passeios na baía que forma um dos lados da piscina, restaurante e um hotel na margem da "aqualândia". Muitas centenas de pessoas gozavam as delícias daquele oásis perdido no meio das aldeias despovoadas da Lousã, sabendo que, de hora a hora, seria o momento das ondas artificiais romperem a calmaria da piscina, para então o divertimento atingir o seu auge.
Festas na aldeia, bailaricos, febras na brasa, aldeias despovoadas, descapotáveis, procissões, incêndios, crise, piscinas à maneira de Hollywood. ..País de contrastes, este nosso Portugal.

1 comentário:

Anónimo disse...

É por isso que não me canso de ouvir a "Lusitana Paixão"...