Número total de visualizações de páginas

segunda-feira, 8 de agosto de 2005

“Morte do berço”


Renoir - Mãe e filho



É do conhecimento geral que as crianças de tenra idade podem, embora raramente, falecer subitamente sem causa aparente. Esta “morte do berço” tem suscitado várias investigações e especulações sobre as causas. O trauma para os pais da morte de uma criança, aparentemente saudável, é indescritível.
Também ocorrem situações de maus-tratos por parte da progenitora, os quais podem culminar na morte da criança, sendo os médicos incapazes de detectar quaisquer vestígios.
Estas observações vêm a propósito de algumas mulheres terem sido condenadas a prisão perpétua pela morte dos seus filhos. Muitas estão presas há bastante tempo. Mas, aparentemente, as autoridades judiciais do Reino Unido estão a rever cerca de três centenas de casos de assassínio de crianças de berço, porque as acusações baseavam-se nas opiniões de peritos médicos, entre os quais, alguns de renome internacional, mas que estão a ser fortemente contestadas.
Um desses peritos acabou por ser acusado de má conduta profissional. Na base estão relatórios e opiniões do mesmo, ao afirmar que a probabilidade de dois filhos terem sofrido morte súbita natural era da ordem de um num milhão. A sua regra de que “uma morte inexplicável de uma criança numa família é uma tragédia, duas são suspeitas e três significa crime” não colhe credibilidade, devido à hipótese da existência de um gene que pode estar subjacente a este fenómeno.
A revisão de alguns casos, aliada à persistência das mães em gritarem inocência, permitiu já a libertação de algumas condenadas.
É chocante, dramático e mesmo obsceno que, algumas mulheres, após terem passado pelo sofrimento da perda de filhos de uma forma inexplicável, acabassem por ser acusadas e condenadas por crimes que não cometeram. E, se lembrarmos que na base das acusações estão relatórios de peritos médicos de renome, então é de questionar, até que ponto os cientistas podem “dar” tantas certezas. De facto, não podemos esquecer que a ciência é muito mais pródiga a colocar dúvidas do que a parir uma verdade!

Sem comentários: