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quarta-feira, 10 de agosto de 2005

A importância das PPP


Quando se comparam os PIB´s per capita dos diversos países, há a tendência imediata de retirar daí conclusões quanto ao nível de vida das populações.
Não é assim.
Para comparar o rendimento das famílias, para o qual, é óbvio, o PIB é determinante, contribuem também as transferências do Estado e o peso relativo do poder de compra em cada país.
Isto é, tendo dois países precisamente o mesmo PIB, por exemplo, 1000, se num deles é possível adquirir determinado pacote de artigos básicos pré-definidos por 800 unidades de moeda, e se, no outro, é possível adquirir esse mesmo pacote por 400 unidades, neste último o nível de vida é o dobro do do primeiro.
Esta realidade levou à determinação do que os Economistas chamam o PIB em PPP, isto é, em paridade de poder de compra.
Num texto anterior referi que a Índia era a 12ª economia mundial, com um PIB de 535 mil milhões de euros, enquanto Portugal era a 36ª economia, com um PIB de 123 milhões de euros.
Todavia, em paridade de poder de compra, a economia indiana é a 4ª economia mundial, com um PIB equivalente a 3282 mil milhões de euros, ao passo que a economia portuguesa é a 39ª, com um PIB de 204 mil milhões de euros.
Tal significa que o PIB per capita indiano em PPP passa a ser de 3200 euros, em vez dos 526 euros, ao passo que o português passa a ser de 20400 euros, em vez dos 12300 euros.
Assim, a relação da produção per capita entre Portugal e a Índia deixa de ser 23 e passa a ser cerca de 6,5.
Abstraindo de outros factores, e tomando só este índice como medida, o nível de vida português seria 6,5 vezes superior ao da Índia, o que significa, mesmo assim, que o nível de vida da região mais desfavorecida, em Portugal, a do Tâmega, é mais de 3 vezes superior ao da índia, bem longe das 12 vezes que resulta das contas do “post” anterior!...
Comparando os PIB,s per capita das duas economias com a dos Estados Unidos: para um índice 100 dos Estados Unidos, Portugal tem oíndice de 51,7 e a Índia 8,2 !...
Sem PPP, os números seriam 31 para Portugal e 1,3 para a Índia!...
Para além das cautelas a ter com o fosso da riqueza entre países, também devemos ter muito cuidado com a leitura das estatísticas!…

3 comentários:

Suzana Toscano disse...

Caro Pinho Cardão, as estatísticas deviam vir todas com um índice explicativo destes, mesmo que não fosse tão detalhado como o seu. Evitavam-se erros de palmatória e muitas notícias bombásticas ficavam vazias.
Lembro-me do caso bem recente em que o Primeiro Ministro, com um ar indignado de moral ofendida, falava nas médias das pensões na CGA e na Segurança Social, omitindo grosseiramente a realidade subjacente a cada uma quanto ao sistema contributivo. Por essas e por outras é que ninguém confia nos números que nos vão apresentando.

Anónimo disse...

Lembro-me bem dessa tirada do nosso PM que aliás na altura aqui assinalei. Espantoso foi o facto de ninguém, que eu tivesse dado conta, tenha denunciado tão barata demagogia.
Bem, ninguém, virgula. Os meus Amigos, como é evidente e já se esperava do vosso saber e espírito crítico, não deixaram passar. Só que a repercursão que as vossas críticas tiveram foi no espaço da IV República, sem efeitos retroactivos à III!
Esperemos pelo regresso do Miguel, excelso embaixador das posições da IV na III.

Suzana Toscano disse...

Pois é, Ferreira d'Almeida, todas as vozes são poucas, mas estou certa de que a generalidade dos funcionários públicos percebeu bem a dimensão e objectivo da mentira. No aneriores Governos socialistas o discurso era de "coitadinhos" e de falta de cpacidade para atrair os melhores, quando se tomaram as medidas de aumentos de salários e pensões que conduziram à situação desastrosa do orçamento. Agora, de repsnte, e depois de ter sido necessário 2 anos de congelamento de salários, os mesmos funcionários passaram a privilegiados e os aposentados a muito bem pagos! É lamentável, porque esta óbvia demagogia cria desconfiança e indigna os visados. Não seia preferível apresentar as razões que impõem essas medidas em vez de tratar as pessoas como incapazes de as compreender? Talvez fosse mais fácil mobilizá-las...