Ainda a propósito dos prodígios científicos a que vamos assistindo, entre as viagens espaciais e a utilização das células estaminais de origem humana de que nos fala o post do Prof. Massano Cardoso, não podemos deixar de pensar que é a capacidade de imaginar, de querer ver para além dos limites da realidade, que origina o progresso e rasga novos horizontes.
Mas, quando ouvimos acesas polémicas sobre até onde nos poderão conduzir essas ousadias e os perigos que daí podem surgir, muitas vezes perguntamo-nos se estaremos a falar de imaginação ou de fantasias.
E é sobre essa distinção que aqui deixo um pequeno excerto do livro “O Aroma da Goiaba”, essa fascinante entrevista/diálogo de Plínio Apuleyo Mendonza a Gabriel Garcia Márquez, em que este diz:
“Com o tempo descobri, no entanto, que (na literatura) não podemos inventar ou imaginar o que nos dá na gana, porque corremos o risco de dizer mentiras, e as mentiras são mais graves na literatura do que na vida real. Dentro da maior arbitrariedade aparente, há leis. (...) Porque acredito que a imaginação é apenas um instrumento de elaboração da realidade. Mas a fonte da criação, ao fim e ao cabo, é sempre a realidade. E a fantasia, ou seja, a invenção pura e simples(...) é o mais detestável que pode haver. (...) A diferença que há entre uma e outra é a mesma que há entre um ser humano e o boneco de um ventríloquo.”
Se olharmos muitos dos argumentos utilizados nos debates sobre os eventuais perigos do progresso à luz desta distinção, talvez seja mais fácil fazer um juízo sério do que pode estar em causa...
1 comentário:
A imaginação é fonte de progresso, enquanto a fantasia limita o mesmo. Os problemas levantados pela imaginação criadora (e são muitos) serão sempre resolvidos pela inteligência humana. O mesmo não podemos dizer sobre os medos, frutos da fantasia. O medo expulsa a inteligência.
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