Acabei de percorrer algumas das áreas florestais ardidas nos últimos dias na região centro.
É impressionante o rasto de destruição.
O pior de tudo são, sem dúvida nenhuma, as tragédias pessoais. Os dramas vividos por quem sempre se contentou com o pouco que amealhou durante uma vida inteira de sacrifícios e que vê, em poucas horas, transformar-se em cinza esse pouco de seu. A casa. O gado. A pequena courela...
Acresce a fatalidade de mais um factor de empobrecimento do País. Não só por causa dos prejuizos materiais resultantes da perda do que a floresta dá à economia. Já não seria de menos se fosse somente isso. Mas há a perda de acervos biológicos que demorarão décadas e décadas a reconstituir-se como é o caso da parte o Parque Natural da Serra da Estrela classificada como reserva biogenética. Esses não são contabilizáveis, constituíam um património infungível.
Furto-me nestes casos ao comentário fácil porque, como se vê pelo teor dos que são feitos pelos omnipresentes e omniscientes analistas da nossa praça, de comum se cai na mais absoluta mas dispensável demagogia quando se procuram à viva força culpados e responsáveis e se brada pelas condenações mais terríveis.
Gostaria, de todo o modo, de expressar o seguinte. Estou sinceramente convencido que este governo, como qualquer governo, está a fazer o que pode e o que sabe para combater esta desgraça. Mas continuo sem perceber porque é que, ao menos para a prevenção e vigilância, se não mobilizam as forças armadas. Os meios materiais e humanos das forças armadas não permitem cobrir todo o território? Que o façam então nas áreas florestais mais significativas, designadamente as das áreas protegidas. Essa mobilização foi experimentada no verão de 2002, com resultados a meu ver positivos, naturalmente sujeita a aperfeiçomentos e a uma mais cuidada articulação com os outros meios que nessa altura não houve oportunidade de pensar uma vez que o governo de então tinha acabado de tomar posse.
Uma outra coisa. Talvez porque estivesse particularmente sensível pelas imagens dantescas da floresta em cinzas, revoltaram-me as declarações de alguns dos senhores governadores civis que em coro e afinados se pronunciaram contra a declaração de calamidade pública. Não está sequer em causa saber-se se a situação justifica ou não essa declaração. O que me chocou foi o tom de um discurso que soou a um condenável desprezo pelos dramas de muitas famílias e pela ruína de muitos empresários. Caberia, ao menos, uma palavra de esperança para quem perdeu tudo ou quase tudo, em vez de declarações absurdas que chegaram ponto de defenderem que as situações de excepção e as medidas de auxilio previstas para estes casos só se devem verificar quando ocorre a perda de muitas vidas, o que não foi o caso.
Que significado terá para esta gente a palavra vida?
Todos são militantes do partido que faz da solidariedade a sua principal bandeira. Pelos vistos também esta se desfez em fumo!
Estou convencido que a exigida obediência à voz do dono não justificava tanto empenho. O dono por certo que o não exigiu em tamanha medida...
É impressionante o rasto de destruição.
O pior de tudo são, sem dúvida nenhuma, as tragédias pessoais. Os dramas vividos por quem sempre se contentou com o pouco que amealhou durante uma vida inteira de sacrifícios e que vê, em poucas horas, transformar-se em cinza esse pouco de seu. A casa. O gado. A pequena courela...
Acresce a fatalidade de mais um factor de empobrecimento do País. Não só por causa dos prejuizos materiais resultantes da perda do que a floresta dá à economia. Já não seria de menos se fosse somente isso. Mas há a perda de acervos biológicos que demorarão décadas e décadas a reconstituir-se como é o caso da parte o Parque Natural da Serra da Estrela classificada como reserva biogenética. Esses não são contabilizáveis, constituíam um património infungível.
Furto-me nestes casos ao comentário fácil porque, como se vê pelo teor dos que são feitos pelos omnipresentes e omniscientes analistas da nossa praça, de comum se cai na mais absoluta mas dispensável demagogia quando se procuram à viva força culpados e responsáveis e se brada pelas condenações mais terríveis.
Gostaria, de todo o modo, de expressar o seguinte. Estou sinceramente convencido que este governo, como qualquer governo, está a fazer o que pode e o que sabe para combater esta desgraça. Mas continuo sem perceber porque é que, ao menos para a prevenção e vigilância, se não mobilizam as forças armadas. Os meios materiais e humanos das forças armadas não permitem cobrir todo o território? Que o façam então nas áreas florestais mais significativas, designadamente as das áreas protegidas. Essa mobilização foi experimentada no verão de 2002, com resultados a meu ver positivos, naturalmente sujeita a aperfeiçomentos e a uma mais cuidada articulação com os outros meios que nessa altura não houve oportunidade de pensar uma vez que o governo de então tinha acabado de tomar posse.
Uma outra coisa. Talvez porque estivesse particularmente sensível pelas imagens dantescas da floresta em cinzas, revoltaram-me as declarações de alguns dos senhores governadores civis que em coro e afinados se pronunciaram contra a declaração de calamidade pública. Não está sequer em causa saber-se se a situação justifica ou não essa declaração. O que me chocou foi o tom de um discurso que soou a um condenável desprezo pelos dramas de muitas famílias e pela ruína de muitos empresários. Caberia, ao menos, uma palavra de esperança para quem perdeu tudo ou quase tudo, em vez de declarações absurdas que chegaram ponto de defenderem que as situações de excepção e as medidas de auxilio previstas para estes casos só se devem verificar quando ocorre a perda de muitas vidas, o que não foi o caso.
Que significado terá para esta gente a palavra vida?
Todos são militantes do partido que faz da solidariedade a sua principal bandeira. Pelos vistos também esta se desfez em fumo!
Estou convencido que a exigida obediência à voz do dono não justificava tanto empenho. O dono por certo que o não exigiu em tamanha medida...
2 comentários:
Uma correcção. Tenho aqui escrito que não entendia como o governo não tinha ainda mobilizado as forças armadas para a prevenção e vigilância das florestas. O EXPRESSO divulga que estão no terreno não sei quantos pelotões do exército português que foram já responsáveis não só por inúmeras detecções de ignições, como procederam a primeiras intervenções de combate.
Ainda bem.
Faço votos para que em breve o mesmo se possa dizer da força aérea.
Permitam-me uma pequena comparação:
- Um helicóptero militar espanhol despenhou-se no Afeganistão causando a morte de 17 militares espanhóis. O Primeiro-Ministro Zapatero interrompe de imediato as suas férias nas Canárias (penso eu de que...) e regressa a Madrid para acompanhar a situação;
- Em Portugal mais de uma dezena de bombeiros e civis perde a vida durante os fogos que dizimam o país durante as férias do Sr. Primeiro-Ministro Sócrates no Quénia, e este fica-se pelo telefonema e volta para o seu safari (fotográfico diga-se...).
PERGUNTA: Valerão as vidas de 17 militares espanhóis perdidas num acidente mais para Zapatero do que as vidas perdidas de dezenas de portugueses em actos criminosos e de desleixo para Sócrates????
ALGUÉM SABE RESPONDER????
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