Hoje, graças aos meios tecnológicos, é possível controlar e analisar, em termos ambientais, os efeitos de várias substâncias. Nalgumas situações estão em jogo a segurança e o bem-estar das pessoas, noutras, podemos avaliar a importância de certos comportamentos ou actividades que podem traduzir perturbações nada desprezíveis.
Ultimamente, foram relatados dois aspectos interessantes. O primeiro diz respeito ao controlo nos aeroportos da presença de substâncias que possam indiciar a presença de tráfico radioactivo com finalidades terroristas. Atitude louvável, mas que pode provocar alguns embaraços a cidadãos normais que tenham sido sujeitos a recentes exames médicos com radioisótopos. O facto de se tornarem, episodicamente, "radioactivos" não é nada agradável, que o diga um piloto da aviação comercial que, após ter realizado um cintigrama de perfusão miocárdica, viajou para Moscovo onde foi detido, pelas forças de segurança, para interrogatório. Mais tarde libertaram-no, depois de longas explicações! Passados quatro dias, no mesmo aeroporto, de regresso, sofreu novas vicissitudes…
O Big Brother apanha tudo, até as pessoas que fazem simples e frequentes exames médicos que utilizam substâncias radioactivas!
Fiquei assustado com a notícia ao lembrar que ainda há pouco tempo fiz um exame idêntico. Ainda bem que não viajei nos dias subsequentes. O melhor é avisar os doentes, caso contrário ainda correm o risco de apanhar um susto de morte num qualquer aeroporto…
O segundo aspecto prende-se com a possibilidade de avaliar, em termos comunitários, o consumo de droga e, desta forma, ter uma percepção sobre a sua dinâmica e evolução. A possibilidade de analisar a cocaína e um seu metabolito nos esgotos é uma realidade consubstanciada num estudo efectuado em rios italianos. Os autores chegaram a calcular que, por exemplo, no rio Pó, são lançados, diariamente, através dos esgotos cerca de 4 kg por dia!
Imaginem, um dia destes, um sistema de controlo sofisticado ao longo dos esgotos da cidade, permitindo identificar os bairros mais consumidores e, quem sabe, se um dia não irão colocar verdadeiros “contadores de metabolitos de drogas” à saída das nossas residências. Já estou a pensar a colocar um dístico à entrada da casa de banho: “se for consumidor de drogas vá fazer as suas necessidades para outro lado”. Não é por nada, mas não quero que me culpem de andar a drogar os peixinhos do Mondego…
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