Número total de visualizações de páginas

segunda-feira, 31 de outubro de 2005

Pensar deitado e enterrar na vertical



Foi noticiado que um deputado brasileiro foi enterrado na vertical, a seu pedido, para demonstrar a sua integridade. Se em vida nunca se baixou perante ninguém, também não o iria fazer uma vez morto.
Ao ler esta notícia recordei-me de Georges Clemenceau, duas vezes primeiro-ministro francês, que foi enterrado também na vertical. Ouvi pela primeira esta história quando andava no 3º ano da faculdade pela boca de um assistente, que quis desta forma ilustrar a verticalidade do carácter de um ser humano ao exigir continuar de “pé” após a morte. Confesso que fiquei surpreendido com a atitude e, ao mesmo tempo, perpassou-me pela cabeça que também era uma boa forma de poupar espaço nos cemitérios.
Claro que existem muitos rituais de enterramento e esta forma não é nova. Mas, atendendo às formas habituais, “deitado” ou cremado, que comportam riscos – não para os que morrem, como é óbvio – contrapõe-se a notícia de que num cemitério australiano os enterramentos são feitos na vertical. Tratam-se de enterros ecológicos, já que o retorno à terra é feito sem parafernália. O corpo é colocado num saco e enfiado num buraco com três metros de profundidade, permitindo, igualmente, poupar espaço. E bem precisamos face ao superpovoamento das necrópoles. A alternativa, cremação, exige o consumo de 90 kg de gás, com os respectivos inconvenientes, além da poluição atmosférica decorrente do processo de incineração.
Parece que a Austrália é pródiga nestas coisas de estar ou não em pé. De facto, um professor de Camberra, através das suas pesquisas, alertou para o facto de sermos capazes de pensar melhor quando estamos deitados, ao passo que em pé podemos correr o risco de ficarmos mentalmente baralhados. Face a estes factos, talvez não fosse má ideia por os políticos em decúbito para poderem pensar melhor (!) e enterrá-los de pé como sinónimo de verticalidade em vida. Mas, pelo andar da carruagem, vão continuar a pensar de pé e a serem sepultados deitados, baralhados e ocupando mais espaço. Cremá-los também é um risco, porque não sabemos ao certo quais os tóxicos que poderão ser libertados, além dos habituais…

5 comentários:

Arrebenta disse...

TRÊS PERGUNTAS E TRÊS RESPOSTAS

Primeira pergunta: Cavaco Silva vai ganhar à primeira volta?
.
Resposta: NÃO.
.
Para que o "professor" ganhasse seria indispensável que nunca mais aparecesse em público, até à véspera das eleições.
Ora, por óbvias razões, ele terá de aparecer inúmeras vezes, e,
de cada vez que aparecer,
o português comum relembrar-se-á do político que mais anti-corpos gerou no seu eu profundo,
daquele que o tratou abaixo de cão, daquele que viu nele o perpétuo-suspeito-até-prova-em-contrário,
daquele que usou os SEUS Fundos Comunitários, que o poderiam ter tornado num cidadão europeu de pleno direito, como mero papel de forrar paredes de bancos privados de duvidosa proveniência,
finalmente,
daquele ser autoritário deprimido e encurralado,
um Salazar menor,
sem cadeirinha,
a quem o Grande Português Sarcástico,
por fim acordado,
já não podia perdoar mais nada,
e que onde,
em efígie,
tudo terminou,
toureou vergonhosamente,
e em directo,
na Praça de Touros do Garrafão da Ponte,.
.
Segunda pergunta: Manuel Alegre pode ficar à frente de Mário Soares?
.
Resposta: NÃO.
.
Manuel Alegre é um epifenómeno dos Dias da Rádio, e hoje em dia impera a televisão, o vídeo e a Internet, e cuja projecção não ultrapassa algumas eructações internas das paredes do Largo do Rato.
A ficção da sua passagem à inevitável segunda volta faz parte da mesma propaganda orquestrada por determinados sectores da Comunicação Social,
muito bem pagos e industriados.
A Extrema Direita revanchista,
que se escondeu por detrás dos moderados do P.S.D. e do C.D.S.,
terá,
algures,
por um processo que só a História poderá mais tarde desenvolver,
apostado nesta parceria contra-natura, Cavaco/Alegre, porque sabe perfeitamente que Alegre,
numa inevitável segunda volta,
nunca lograria congregar em seu redor as tais massas afectivas de Centro e Centro-Direita
-- onde se ganham as maiorias --,
a cujo coração o Velho Leão Soares sabe tão bem falar.
.
Terceira pergunta: Francisco Louçã pode bater Jerónimo de Sousa?
.
Resposta: NÃO.
.
Francisco Louçã é um epifenómeno do Guterrismo, que pensou assim entalar a Esquerda dogmática através de um compressor,
discreta e aparentemente,
colocado mais à esquerda.
Acontece que o P.C.P. -- partido que volta não volta, pelo seu carácter de fénix, me deixa particularmente espantado -- soube tirar da cartola um surpreendente coelho,
Jerónimo de Sousa,
de todos os políticos recentemente surgidos, o único que poderá receber uma nota positiva,
pela sua eloquência,
carácter dançante do discurso e pertinência dos alvos.
A mesma velha Extrema Direita revanchista sabe bem que é contra estes homens,
que sofreram na pele as coisas A SÉRIO,
que vai ter de lutar:
já se encontraram em violentos e sangrentos frente-a-frente, pelo menos duas vezes, no último meio Século: a Longa Noite Salazarista,
e o Infindável Crepúsculo Cavaquista do THE GREAT PORTUGUESE DISASTER (1985/1995).

Virus disse...

Caro Arrebenta,

nunca vi um texto tão bem escrito sobre as presidenciais como este que acabou de escrever... pena que em substância estejamos a viver em planetas diferentes... de qualquer forma não deixa de ser um ponto de vista algo aterrador e possível...

Roberto Iza Valdés disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Roberto Iza Valdés disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.