Por mais de uma vez tive a oportunidade de manifestar o apreço pelo trabalho desenvolvido pela Ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues. Se quisermos fazer uma apreciação global da sua acção concluiremos facilmente pelo balanço positivo. Vem isto a propósito da entrevista publicada ontem pelo Público e pelas declarações proferidas em conferência de imprensa onde apresentou o OE2006 para a Educação.
O primeiro destaque vai para a prioridade atribuída ao reordenamento da rede de escolas do 1.º ciclo, precisando alguns critérios para o seu encerramento e esclarecendo as dúvidas suscitadas por uma recente entrevista do SE Valter Lemos. O que se conseguir fazer neste domínio é decisivo para, a prazo mais ou menos dilatado, conseguirmos superar os graves problemas do sistema de ensino. Isto não significa que a acção se traduza em resultados visíveis nos próximos anos, mas tem efeitos estruturantes sobre a qualificação do sistema educativo. Mais uma vez, a reacção dos sindicatos neste domínio é, no mínimo, ridícula.
O segundo destaque vai para a estratégia que tem vindo a ser seguida pelo ME. Neste sector existem três vectores fundamentais de acção política: racionalizar recursos, organizar o sistema e qualificar o processo de ensino-aprendizagem. Com maior ou menor visibilidade, os dois primeiros têm atraído o esforço de actuação do ME, o que me parece bem. Resta o terceiro, a qualificação.
Neste domínio confesso a minha preocupação preventiva. Não há forma de qualificar o sistema se não se contar com a mobilização de uma parte significativa dos professores e das escolas. Ora, aquilo que constato é o progressivo afastamento (e agastamento!) destes profissionais face ao ME. Se não bastasse já o congelamento das progressões, o aumento da idade da reforma e os limitados aumentos salariais, as últimas orientações relativas à ocupação da componente não lectiva e a sua efectiva aplicação nas escolas, estão a gerar um mal-estar que importa não desprezar.
Há ainda outros sinais que não deverão ser esquecidos. A proposta de constituição do Conselho Científico da Direcção-geral de Inovação e Desenvolvimento Curricular revela alguma cedência ao “Benaventismo”, não obstante a inegável qualidade técnica dos seus constituintes.
Por último, o plano de formação dos professores do 1.º ciclo. Não tem sentido entregar essa formação precisamente àqueles (ESE’s) que são responsáveis pela má formação inicial. Assim, dificilmente se rompe com o domínio do “romantismo pedagógico”.
Quero pensar que os indícios da minha “preocupação preventiva” não passam disso mesmo, indícios. É altura de ajudarmos a limpar a imagem da Educação como um campo de batalha, onde todos morrem e ninguém consegue sair vencedor.
30 comentários:
É absolutamente inegável (isto é um elogio genuíno!) que o senhor iniciou um trabalho muito meritório, que despertou finalmente a consciência dos portugueses para os problemas da Educação. Lembro-me particularmente de um Prós-e-Contras em que participou.
Agora, só aqui entre nós que ninguém nos ouve: Não lhe apeteceu em algum momento fazer o mesmo e afrontar a classe dos professores da forma que está a ser feita, obrigando-os a comportarem-se como qualquer outro trabalhador?
O que o impediu? Melhor: Alguém o impediu?
;)
Saudações!
Caro djustino e cmonteiro,
Só um pequena história que me contaram na última semana para ajudar:
Um amigo meu, que mora na margem sul tem dois filhos na pré-primária do estado. O ano passado esteve colocada na escola uma educadora. A senhora em causa, numa atitude incrível, organizou diversas visitas de estudo, impensáveis até nas melhores particulares, por iniciativa própria. Pois resolveu levar as crianças visitar uma esquadra de polícia, um quartel de bombeiros, um quartel de militares, etc...
A esquadra, por exemplo, foi de tal forma receptiva que organizou lanches, formaturas, bricadeiras. O quartel de bombeiros colocou os capacetes todos nas crianças e andou com elas por cima dos carros.
Custos adicionais para os pais? 2 euros, 1 para o gelado, 1 para os transportes.
Parece incrível, não é? Estou certo que a senhora deve ganhar uns 700 euros e vale mais que os outros todos juntos que nos custam 5 mil milhões por ano. E o que isto significa de educação cívica é impagável!
Em resumo, sim, existem professores que valem mais do que aquilo que lhes podemos pagar. E sim, não podemos deixar a "classe" destruí-los.
Cumprimentos,
O problema, Dr. David Justino, é que os indícios não são indícios mas factos. Na minha curta "carreira" de professora (doze anos de ensino/seis escolas) nunca vi nem senti tanto desânimo, frustração, cansaço, desgaste, tristeza, revolta como neste primeiro mês de aulas. Como refere o meu Presidente do Conselho Executivo, em Outubro os professores estão já com "cara de Julho" e não foi porque estavam mal habituados - como se pode exigir que os professores passem mais horas nas escolas se não existem condições para desenvolvermos o trabalho que fazemos em casa? Aliás, mesmo que tivéssemos condições, as "TE" agora implementadas nem sequer podem ser passadas com esse tipo de trabalhos porque se não temos projectos/clubes somos chamados para as substituições do Básico. Como preparo eu, nas 7 horas de trabalho individual que fazem parte da minha componente não lectiva de um horário de 35 horas, três níveis de ensino - 7.º, 9.º e 12.º ano - e a área de Formação Cívica e Área de Projecto; investigo para me preparar cientificamente para o novo programa de 12.º ano; elaboro fichas e outros materiais de avaliação; corrijo cinco turmas de testes; corrijo todas as semanas alguns trabalhos de casa dos alunos porque como a disciplina de História ficou reduzida a um bloco semanal, os alunos têm de levar uma pequena tarefa semanalmente para casa senão esquecem que História existe no horário; preparar caracterizações de alunos das necessidades educativas especiais, correspondentes adaptações curriculares; etc, etc, etc??... E perante este panorama ouvir constantemente, começando pelo Presidente da República e pela Ministra da Educação até aos comentadores dos blogs, que os professores há muito se deviam comportar como qualquer trabalhador! O que está a dar cabo disto tudo é isso mesmo - é penalizar-se toda uma massa humana de excelentes profissionais por causa de uma percentagem que seria perfeitamente localizável e “eliminada” do sistema - bastaria o Ministério querer - de maus profissionais (que aqui existem como em todas as profissões). Ainda hoje ouvi uma colega - depois de ter lido a referida entrevista da Ministra da Educação onde esta afirma que os professores faltam muito porque a maioria são mulheres e estas são mães, logo têm de faltar mais vezes por causa dos filhos – afirmar que jamais deixará os filhos em casa doentes entregues a outrem porque à conta da sua excelência profissional e não ter faltado quando estes estavam doentes, um dos seus miúdos já tinha ido parar ao hospital com enquistamento do inchaço da papeira… Imagina pois como nos sentimos quando ouvimos algumas destas barbaridades? Venha outra avaliação de desempenho, sempre me senti injustiçada por esta!, mas porque é que enquanto essa outra não existe nós somos penalizados??? O trabalho da Ministra da Educação nas duas primeiras áreas que refere até pode ser excelente, não o posso avaliar, mas está inquinado por todo este ambiente criado.
Peço desculpa pelo tom aqui e ali mais inflamado e peço-lhe que interprete isto mais como um comentário/desabafo que se calhar ainda o publico amanhã no meu blog.
Cara Sandra Costa,
Deixe-me dar-lhe uma opinião da minha curta história (18 anos) de contribuinte, abusando aqui do espaço alheio.
Estou enganado, ou os resultados que vemos todos os anos são o produto da "massa humana de excelentes profissionais" ? Não estou, pois não?
Então como contribuinte e pai permita-me que diga aquilo que é o meu sentimento face às 7 horas, às caras de junho, etc...Aqueles resultados que vemos todos os anos não são para se repetir. Querem, querem. Não querem, arranja-se quem queira!
Bom...
Já que está tudo a desabafar, então eu também vou aproveitar a deixa.
Eu trabalho com professores há 5 anos. É uma experiência perfeitamente alucinante. Aliás é muito mais do que isso, é um verdadeiro pesadêlo que vai desde a falta de profissionalismo até ao limiar da imbecilidade. Desde já peço desculpa pela utilização de termos menos próprios, mas estou a tentar ser o mais franco possível.
No entanto, há excepções. Ao longo destes 5 anos, tive oportunidade de conhecer professores que - trabalhando, alguns deles, em más condições - desenvolvem um trabalho, simplesmente, fenomenal. E são estes que eu costumo utilizar como ponto de referência, porque são estes que me dão esperança e que me fazem acreditar que há outros iguais a eles, é só preciso descobri-los e mostrar-lhes que se confia no trabalho que estão a desenvolver.
É, de facto, muito negativo e injusto colocá-los todos dentro do mesmo saco e rotulá-los de incompetentes. Mas é a "classe" enquanto "todo" que transmite essa imagem e uma vez criada essa 1ª impressão, é extremamente dificil desfazê-la.
Os ingleses têm uma palavra que eu acho que descreve a imagem que a "classe" está sempre a transmitir e essa palavra é «whinning". É essa ideia , eles estão sempre «whinning». Uma pessoa até pode simpatizar com eles à 1ª e à 2ª vez, mas depois começa a ser um bocado cansativo. É assim, eu quando não gosto da forma como estou a ser tratado, ou quando estou farto de alguma coisa, agarro nos meus brinquedos e vou brincar para outro lado, não fico sentadinho no meu canto a chorar porque os outros "meninos" não querem brincar comigo. Era só o que me faltava.
O Professor David Justino tem o enorme mérito de tentar ser imparcial e objectivo, atitude que não é frequente em antigos membros do governo, quando apreciam os que lhes sucedem, sobretudo se de outros partidos. Julgo, contudo, que a extrema exigência, que se auto-atribuiu de ser exemplarmente isento na apreciação que faz da acção da actual Srª ME, estará a introduzir alguma benevolência excessiva nessa mesma apreciação. O seu último comentário, contudo, permite notar já alguma inflexão nessa linha de rumo, o que enriquece o debate que aqui se faz.
Só gostaria de retomar uma questão abordada de raspão pela Sandra Costa, que considero muito importante: esta equipa governativa (e não só o ME) passou para o público a imagem que este queria ter dos professores - um bando de incompetentes, pouco honestos, faltosos e principescamente pagos. Não separou o trigo do joio, porque lhe convinha assim. Esta humilhação da classe docente é muito grave,e as consequências, a prazo, são imprevisíveis, mas nunca para melhor. Ora, o ME tem meios para actuar sobre os professores que, efectivamente,não cumprem (que os há, mas não são a totalidade), bastando-lhe pôr a IGE a cumprir o seu papel. Optando por não o fazer, lançou o caos no terreno com medidas avulsas, potenciou a desmotivação da classe docente para níveis nunca atingidos, não moralizou o sistema,como se lhe pedia, mas vergou uma parte imprescindível dos seus agentes.Entretanto, a IGE remete-se a actividades de acompanhamento, de aconselhamento e de prevenção, que cabem na esfera de competência das direcções regionais de educação.
É caso para dizer que, para tratar o ramo de uma árvore, a ministra exterminou a floresta inteira. E, como se sabe, a política de terra queimada nunca fez nascer nada.
Caro Tonibler, os resultados que vemos todos os anos são exclusivamente «o produto da "massa humana de excelentes profissionais"» que temos nas escolas? Os professores são o único factor propiciador destes resultados? As condições nas escolas, a estruturação dos programas, as sucessivas reformas de políticas educativas, a desvalorização da cultura e da escola na nossa sociedade, as famílias – nada disto conta? Se o professor mais do que professor tem de ser psicólogo, assistente social, quase um substituto da família em tantos casos, porque é que a responsabilidade dos maus resultados é só dele? Os resultados não são para se repetir? Está muito enganado, infelizmente, vão-se repetir por tantos anos quantos permanecer esta ideia na sociedade portuguesa de que a escola sozinha resolve tudo – é só lá depositar os meninos – e de que o caminho do sucesso não passa pela exigência. Estou à vontade nestas questões de resultados, sabe?, eu que durante dez anos só dei aulas ao 3.º Ciclo, nos últimos dois anos leccionei História ao 12.º ano e fui sempre “uma professora de sucesso”, tive resultados bem acima da média nacional, mesmo numa turma de Ciências Humanas e Sociais, sem hábitos de leitura e sem o gosto pela cultura. Este ano tenho um novo desafio entre mãos e hei-de tentar obter os mesmos “resultados”.
Resultados? E ver quinze alunos dos 12 aos 17 anos a representar “A Gaivota” de Tchékov, o que é? Ou dois “deputados” da nossa escola a defender medidas legislativas no jogo do “Hemiciclo” a nível distrital? Os miúdos do sétimo ano a fotografar árvores, a sentir-lhes a textura dos troncos, a desenhar as suas folhas e a pedirem para tomarem conta de uma parte do jardim da escola que está mais abandonado e numa tarde livre virem para a escola para o reabilitarem?
Caro Anthrax, penso que a palavra que queria usar era “whining” e não, eu não sou nenhum “bebé chorão” para usar uma expressão bem portuguesa. Não me vim lamuriar, vim tentar comentar um post e um comentário e as minhas palavras acabaram por se tornar num desabafo também. Quando aqui criticam a política e os políticos portugueses também se estão a lamuriar? Porque não vão viver, então, para Espanha ou para Inglaterra? Criticam, porque é assim a ordem natural das coisas, certo? Porque se não houvesse crítica, não haveria mudanças, não é assim? Eu não vim aqui chorar e os meninos com que quero “brincar” sei bem quem são: 84 alunos de sétimo ano; 21 alunos de 9.º; 16 de 12.º ano; 16 do Clube de Teatro; todos os alunos que queiram frequentar o Clube da Europa e a Biblioteca da escola. E estes, felizmente, têm brincado comigo.
Aqui e ali falam ainda em classe dos professores… Qual classe? Porventura pensaram que falava “formatada” ou sensibilizada por algum dos sindicatos de professores que temos? A resposta é um redondo “não” e mais não digo.
Caros David Justino e crack, revejo-me nos comentários que deixaram.
Um bom fim-de-semana para todos e obrigada pela troca de impressões.
Sandra Costa colocou a questão no seu devido lugar. Os meus parabéns por isso.
Eu só quero dar mais um testemunho. Espero que o Tonibler o leia, já que gosta tanto de criticar os professores sem conhecer a realidade do ensino.
Desde que foram implementadas as novas regras de horários pelo ME, eu deixei de ter tempo para preparar aulas como devia e como fazia. E sim, sempre, há mais de 20 anos, sempre trbaalhei mais de 40 horas semanais para a Escola, quando o horário é de 35.
Agora que sou forçado a estar a estar na Escola mais horas não lectivas, tenho muito menos tempo para estudar, para ler, para planificar, para avaliar. O resultado disto, para mim, é óbvio: a qualidade do meu trabalho vai diminuir. E não, não esotu a trabalhar menos.
Tenho feito a contagem diária e semanal. Desde que as aulas começaram, trbalho em média 45 a 50 horas. Cerca de 30 na Escola, das quais 20 lectivas, as outras em projectos, pois não tenho condições para preparar aulas na Escola. Não há gabinetes, nem armários, nem computadores, nem papel, nem Net, nem...para trabalharmos. Dois computadores de trablahao para 100 professores... e meia dúzia de folhas de papel, bem como uma impressora sem tinta muitos dias por mês...
Conclusão, fora das 30 horas que esotu na Escola, tenho que ir para casa fazer testes, imprimir pelo menos os originais, quando não todos, pagos por mim, fazer pesquisas, ler e estudar, avaliar trbaalhos e testes, etc. etc.
Caro Tonibler, acha mesmo que que eu trabalho pouco e que devo mudar de profissão?
E deixo na Escola os professores que pouco fazem e mal, que também os há, no meu lugar?
Eu sou profissional, e gosto do trbalho bem feito.
Para que conste.
Para além de todas as considerações acima lidas, e de índole mais ou menos corporativista, para quando a primeira de todas as revisões (e clarificações) conceptuais indispensáveis a qualquer reflexão sobre a tarefa do Ministério Educação neste momento: "educação versus instrução"? Nem que seja à custa dos conceitos de José Gil (aproveite-se pª o reler em "Acentos", pexº).
Tomar por bons, sem a necessária reserva, os nºs que a estatística oferece para 'rankear' (dava jeito que o ME tivesse usado uma palavra portuguesa, não? ah, educação, pois é...)as escolas é também uma boa pista de patinagem no cabotinismo jornalístico.
Mas, eu que nem tenho nada a ver com isto, lembro-me ainda de perguntar - porque alguns comentários anteriores me recordaram coisas lidas no Mar Salgado - se mais alguém aqui reparou que a forma como têm sido apresentadas as últimas medidas económicas, avulsas na sua maioria diga-se, aos portugueses lhes exacerbou a 'palavrinha' com que Camões termina Os Lusíadas?
A David Justino, crack e Sandra Costa: Um obrigada (meu e, decerto, de muitos professores)pelo que escreveram nos vossos comentários. Nada mais custa do que, quase no fim de uma carreira em que tanto trabalhei e me empenhei, ser metida publica e cegamente num estranho saco de incompetentes e responsáveis (únicos, segundo o que se insinua)pelo estado do nosso sistema educativo.
Aproveito para sublinhar o "indício" de preocupação referido por David Justino quanto à (re)formação dos professores do 1º Ciclo ser entregue "precisamente àqueles (ESE’s) que são responsáveis pela má formação inicial" - responsáveis também, desde há uns anos e lamentavelmente, pela formação inicial dos professores do 2º Ciclo.
P.S. Errata, peço desculpa pela gralha, onde escrevi "publica" leia-se pública)
cmonteiro
“Não lhe apeteceu em algum momento fazer o mesmo e afrontar a classe dos professores da forma que está a ser feita, obrigando-os a comportarem-se como qualquer outro trabalhador?”
Entendi o “afrontar” no sentido de enxovalhar. Bom, não é isso que leva a interpelá-lo: Creio que o seu comentário deixou claro que considera o professor um operário da educação. Presumo que desqualificado, ou não?
Dr. Justino
Tendo em conta a relevância da questão da avaliação do desempenho, estará na disposição de nos esclarecer sobre o seu modelo de avaliação, nomeadamente, a definição de critérios e rubricas de desempenho. Referiu-se exclusivamente ao Portfolio. Não é crível que a alteração que defende se restrinja à alteração do instrumento de avaliação.
PS: Uma vénia aos comentários da Sandra e Crack.
Cara Sandra Costa, qualquer trabalhador neste mundo tem de lidar todos os dias com dificuldades que não foram geradas por ele. Mas o objectivo do seu trabalho não muda por isso.
E sejam maus os programas, as reformas, as condições, as famílias, o que quer que seja, não vejo em que é que isso altera aquilo que é o seu objectivo. Torna-o mais difícil? Talvez, mas se fosse fácil não precisava (eu, contribuinte e cidadão) de pagar a ninguém para o fazer, pois não?
E, Sandra, os resultados não vão repetir-se por muitos mais anos porque, das duas uma, ou aparecem ou desaparece o sistema público de ensino, porque a destruição de valor a que se assiste hoje é insuportável por todos nós.
Caro fr, não sei bem como colocar isto de forma 'suave'. Ninguém é profissional por se esforçar muito. O trabalho do professor (ou de quem quer que seja) não é esforçar-se, é apresentar resultados. Se para isso tem de trabalhar 10, 20 ou 70 horas por semana é problema seu, da mesma forma que quando vai ao restaurante, o fr também nunca se preocupou em saber se o prato deu muito ou pouco trabalho a confeccionar. Logo, em resposta à sua questão de se deve mudar de profissão, é opção sua, sabendo que os resultados, esses, não são opção para ninguém.
Caros todos, parece-me que existe aqui um equívoco geral. O objectivo do sistema de ensino é ter alunos educados, não é ter professores. E com aquilo que hoje custa, o leque de opções que se colocam ao contribuinte é vasto, começando logo com o fecho da produção pública de ensino nos grandes centros. Se o sistema público não sabe produzir 'educação', fecha-se e paga-se a quem saiba. Isto é, que o estado providencie educação é um dado adquirido, que o produza não é. E, estranhamente, não vejo que este seja um factor de preocupação dos professores.
A minha cruzada, pessoal e profissional, é pela qualidade de ensino, seja ele privado ou público.
Já devia ter adivinhado que o que o Tonibler é o desaparecimento do ensino público, e para isso não olha a argumentos.
Pois bem, eu sou professor, não sou um operário de uma cadeia de montagem. Nem olho os meus alunos como um produto de uma linha de montagem.
Reafirmo que o facto de eu ter pouco tempo para preparar as aulas afecta a qualidade do meu trabalho e obviamente os resultados. E os resultados são a formação dos meus alunos. É com eles que eu me preocupo, não comigo. Eu não me queixo de trabalhar muito pelo trabalho em si. Eu queixo-me de ocupar demasiadas horas e trabalho em actividades que me impedem de dar o meu melhor na minha função principal: ensinar a minha disciplina.
Este, e só este, é o meu argumento.
Se sou prfoessor do público ou do privado, o que me interessam são os resultados da formação.
Não esotu em nenhuma cruzad contra o ensino público ou privado, como parece que algumas pessoas estão.
Pela lógica de que quem paga impostos merece um ensino de qualidade, com o que concordo, também quem trabalha tem que o fazer bem e receber um salário adequado.
A mim pagam-me para trabalhar 35 horas. Nem mais um minuto. O resto ofereço eu, porque quero. Se por ser professor do ensino público continuo a ser mau professor...nada mais tenho a acrescentar a esta discussão.
Comentei no referido artigo do educare-Carta aberta aos professores portugueses -, assinei a petição on-line,também atrás referida,porque estou, como sempre estive, do lado dos «humilhados e ofendidos».
Porque fui 36 anos e meio profes-
sora e gostei muito de o ser, participando nessa obra magnífica que é a de ajudar gente a crescer em carácter e em conhecimentos.E porque acho que com professores descontentes e humilhados(quão fácil é fazer demagogia!) não se melhora, com toda a certeza, a qualidade de ensino.Debates destes, como os que correm no educare e noutros locais da net, como petições, eu sei, não serão levados em conta, porque não interessam a quem manda.Se calhar nem se dão ao trabalho de os lerem...fechando-se num autismo persistente.
Mas pelo menos a infelicidade dos professores que «em outubro já têm cara de junho» não fica dentro de cada um, a ruminar - e passa a ser uma mágoa solidária em vez de solitária.E um sinal de resistência
num país em que comecei a dar aulas no tempo em que não havia liberdade de expressão e tínhamos de ter uma extraordinária sabedoria para dizer o que pensávamos sem parecer dizê-lo - e em que, felizmente, há, desde 1974, liberdade de pensamento e de expressão do mesmo.E eu não troco tal liberdade por nada deste mundo.
De resto, em muitas coisas concor-
do com a actual Ministra.
Nesta espécie de cegueira no que respeita aos professores - de perto seguida e amplificada pelos órgãos de comunicação social, porque populistas - não estou - claramente não estou.
Admito ter percebido mal algumas das intervenções feitas nos comentários de “Tonibler”, mas ressalvando, desde já, essa possibilidade, é a partir dessa leitura que faço que gostaria de me pronunciar acerca do que me parecem algumas ideias feitas, com as quais não estou, minimamente, de acordo. Parece-me centrar este comentador toda a sua argumentação na diferença entre ensino público e ensino privado, entendendo ele que os profissionais do público estão profissionalmente obrigados ao sucesso dos alunos, devendo, para esse efeito, trabalhar o número de horas que forem precisas, em que condições for, repercutindo o insucesso dos alunos na imediata má avaliação/classificação do professor, o que deverá levar à sua imediata substituição. Também assume que no privado se sabe o que se está a fazer, porque sim, que nem explica porque entende isto.
Se o que escreveu “Tonibler” é o que queria dizer, há no seu discurso vários equívocos. Primeiro, não explica porque distingue ensino público de privado ( o pagamento do ensino público pelo contribuinte não colhe em quem argumenta com os pressupostos com que “Tonibler” o faz, pelas razões que todos conhecemos), nem admite que o grau de exigência neste último tem de ser igual àquele que se estabelece para o público, sob pena de que aquilo que defende não possa ser levado a sério. Efectivamente, e pela forma como escreve “Tonibler”, o leitor tem que assumir que, para ele, o ensino privado está acima destas questões, não sendo a sua qualidade, a excelência e dedicação dos seus professores, tal como os seus resultados, questionáveis. Todos sabemos que não é assim, pelo que fazer este debate com este pressuposto, é uma questão de má-fé.
Depois, centra “Tonibler” o sucesso dos alunos, exclusivamente, na performance do professor, nem admitindo, sequer, que o sucesso dos alunos depende de muitos factores, de que o empenhamento e a competência profissional dos docentes são apenas alguns deles. Lamento trazer ao debate uma questão que os “pedagogistas” gostam de ignorar e que os professores, por pudor, evitam abordar. Os alunos trazem para a escolas as suas competências e capacidades pessoais e específicas, as suas vivências familiares e sociais, o seu estímulo e a sua vontade de aprender. Esta pessoa (e será bom que não continuemos a esquecer que o aluno é uma pessoa e não um objecto passivo do “eduquês prático”, para os pedagogos de pacotilha, e da “adopção escolar compulsiva”, tão do agrado das famílias demissionárias da sua função), vai interagir com a escola e é desta interacção que vai resultar o perfil do seu percurso escolar. Se o papel da escola, em geral, e dos professores, em particular, são fundamentais neste processo, e nunca seria eu a negá-lo, não posso é admitir que seja ao professor, e apenas a este, que podemos apontar o dedo elogioso, no caso do sucesso, ou o dedo acusador, quando há insucesso.
Pondo a coisa em termos mais simplistas: por muitas horas que o mais competente dos professores dedique a um aluno que não pode, ou não quer, aprender determinados conteúdos, o insucesso do discente será um facto. Todos os que passem pela profissão docente, até todos aqueles que acompanhem, atenta e dedicadamente, os seus jovens, sabem da razão que existe nesta simplista conclusão.
Portanto, “Tonibler”, julgo que enfermam os seus comentários de pressupostos que, no caso específico, são pressupostos de má-fé, e que hoje em dia, em qualquer área profissional, contém um de erro de base. Por muito bom que seja o profissional, por muito que trabalhe, por muito motivado que esteja, se a matéria-prima com que trabalha não for de qualidade, ou se todo o contexto em que desenvolve o seu labor não for favorável, o resultado não dependerá, exclusivamente, da qualidade da acção do trabalhador.
Depois, há ainda umas questõezinhas laterais: por exemplo, a importância, e o peso, que se reconhece hoje ao grau de satisfação do profissional para a excelência da sua performance e para os resultados obtidos. Ignora-o, totalmente, no seu discurso, ou não escreveria :« O objectivo do sistema de ensino é ter alunos educados, não é ter professores». Se é bem certo que o sistema de ensino existe porque há que formar alunos, será o “empregador” ignorante se não souber que os profissionais que contrata com esse objectivo devem ser os necessários, com a adequada formação profissional, que devem exercer as suas funções num quadro de direitos e deveres claramente definido, com as condições necessárias e suficientes, competindo-lhe (ao contratante) acompanhar, inspeccionar e avaliar o serviço prestado, para manter o sistema a funcionar, nos padrões de qualidade exigíveis. Ora, foi isto que o Estado sempre se demitiu de fazer, competentemente, não exigindo formação inicial de qualidade, não propiciando formação contínua adequada, não regulando, adequadamente, a carreira docente, nem a gestão das escolas, finalmente, não avaliando, não inspeccionando, numa frase: deixando correr. E sempre que governos tentaram acabar com este laxismo, foram impedidos por uma oposição selvagem, apenas interessada em colher dividendos eleitorais. Que se registe que os governos que tentaram fazer foram os do PSD, que a oposição que os travou foi o PS – a afirmação é isenta de alinhamento partidário, e é passível de verificação e comprovação.
“Tonibler”, é muito fácil pôr a culpa do insucesso escolar apenas nos professores, mas se não é justo, muito menos é inteligente, porque, se ficarmos apenas pelo chicote em cima dos docentes, podemos tê-los a trabalhar como escravos, de sol a sol, que o insucesso se manterá. É isso que pessoas como a actual ministra, e figuras como “Tonibler”, ainda não perceberam.
Caro fr,
Por princípio, estou-me nas tintas para quem produza a educação, desde que todos tenham acesso a ela. Agora, facto é que o que gasto em ensino não-universitário pagava 1875000 alunos de medicina dentária na U. Católica, com resultados que caiem todos os anos. Há 30 anos! É razão para se recordar que à primeira caiem todos, à segunda...à trigésima????
Entendo o seu argumento da linha de montagem, mas para a questão é irrelevante. O fr lá deve saber como o deve fazer, é para isso que é pago. Mas a forma como o faz não é um fim em si. Aliás, não ser um produto de uma linha de montagem parece-me uma fraca consolação para os semi-analfabetos que o sistema de ensino produz.
Caro Bulnes,
Se os bons profissionais são a maioria no ensino, como se justificam os resultados?
O que os resultados dizem é que há bons profissionais, mas que são uma escassa minoria. E contra factos....
Se deitar abaixo a 'floresta' melhorar os resultados, então deite-se. Injusto, injusto, são os milhares de cidadãos que todos os anos vêm o seu futuro destruído, eles que são a razão da existência do sistema, porque alguém anda preocupado em não afectar os 'bons profissionais'.
Caro crack,
Coloquei o comentário anterior antes de ler o seu, pelo que cá vai.
Repetindo aquilo que dirigi a fr, estou-me nas tintas para quem produz a educação, desde que a produza de facto e que esta se mantenha acessível a todos. E é isto que é de facto importante, TUDO o resto são questões laterais, TUDO o resto é dispensável ou alterável.
Dividindo os meus papéis neste assunto, eu tenho um papel de investidor (como contribuinte, pago para todos) e como consumidor (como pai, pago para o meus). Como investidor, falo unicamente daquilo em que invisto, isto é, no sistema de ensino público. Como consumidor, posso falar do sistema de ensino público ou privado, mas isso é problema meu(e voltarei a este papel no fim).
E, como investidor, convicto que estou na importância capital da educação na minha (nossa) vida, tenho um sistema público de ensino que não corresponde ao meu investimento. Porque é francamente mau! Porque é que é mau? Porque os resultados são maus.
Diz-me que centro o sucesso(educação, sucesso parece ser outra coisa...) dos alunos no desempenho dos professores. Mas pago a mais alguém para que a educação seja atingida? Explique-me lá, exactamente, para que mais é pago que não para a educação dos seus alunos. Eu sei que nem tudo depende dos professores mas isso serve de desculpa ou consolação para alguém?
Eu não defendo o ensino privado, enquanto investidor, porque não tenho nada a ver com isso. Ao ponto a que chegou, defendo a privatização da produção pública de ensino, mantendo um sistema público de ensino. Porquê? Porque demonstrou-se, ao fim de 30 anos, que o estado, enquanto gestor dos interesses do contribuinte, não consegue separar os objectivos dos meios. Por isso digo que o objectivo não é ter professores. Se focarmos o objectivo na educação dos alunos e olharmos para os resultados, os outros que tenham professores e nós compramos a educação. Assim, deixo de centrar o problema nos professores e, melhor, deixo de pagar se a educação não aparecer.
Isto não é mania ideológica. É o resultado de anos e anos e anos da mesma coisa.
O pior disto tudo é quando passo ao meu papel de consumidor. Como consumidor, felizmente, posso optar entre colocar os meus filhos no privado ou no público. Ao contrário da esmagadora maioria dos meus concidadãos. Isto significa que quem pode tem acesso à melhor educação, quem não pode fica com o que há. Chega-se ao absurdo do sistema público de ensino com produção pública de educação representar o maior dos factores de desigualdade entre os cidadãos porque acesso à educação é pescadinha-de-rabo-na-boca. Menos educação, menos dinheiro, vai dar menor acesso à educação, que vai dar menos dinheiro,...
Agora, com tudo isto, acha que estou preocupado se os professores estão motivados ou não? Acha que isso deve ser preocupação do contribuinte?
Sinto-me triste e perplexa por ver repetidamente uma atitude de desprezo pelos professores no espaço para comentários a um artigo do Professor David Justino escrito, como aqui também já foi referido, com objectividade e procura de isenção (pelo que, se me permite, Professor David Justino, manifesto o meu modesto apreço).
Mas, a liberdade de opinião e de expressão são coisas muito preciosas, ainda bem que a têm também as pessoas que falam de tudo mesmo pouco conhecendo, assim como as pessoas azedas, ou outras - enfim, todos os cidadãos deste país.
Caro(a) IC,
Peço desculpa se a minha preocupação neste momento vai para um milhão e tal de cidadãos que de mim dependem e não para uns quantos milhares que de mim recebem.
Caro Fer_Nan,
Como disse, a minha preocupação tem duas vertentes, a educação que pago para os meus filhos e a educação que pago para os meus concidadãos. E, como disse também, a primeira eu resolvo. Resolvo, porque posso. Há (a maioria) quem não possa.
Além de pagar impostos, paga o colégio? Essa não percebi. Eu (contribuinte) pago 1,5 mil milhões de contos para a educação, não é preciso mais dinheiro nenhum.
Deixo de pagar a uns para pagar a outros. A diferença é que passo a pagar conforme aquilo que recebo e não por uma qualquer obrigação laboral. Entende?
Ninguém disse que era mau profissional. O que eu disse foi que face aos resultados é falso que a maioria seja bom profissional.
Vou alinhar pela análise simplista e redutora. À boa maneira de Toniber: A educação (a boa e a má obviamente) é um problema multifactorial. A família e a escola concorrem com um conjunto de agentes educativos para a formação dos educandos [a comunicação social não fica de fora]. Como nem todos desempenham bem o seu papel, acontece que o produto pode sair com defeito. Há casos em que uns remedeiam a ineficácia dos outros porque alguém [e convém que seja a escola] falhou, por incompetência, por ausência, por negligência ou por tudo e mais algumas coisa.
Solução igualmente simplista e redutora: demissão dos responsáveis! Assim, se o problema for imputado à família, os educandos serão retirados compulsivamente desse ambiente nefasto e regenerados num local pretensamente mais favorável à BOA educação. Se o problema estiver na escola, demissão dos energúmenos responsáveis pelo atentado ao Bem Comum. Etc., etc. A solução como se vê é simples: detectado o problema, limpeza geral.
Querem ver que me esqueci que o educando não um mero objecto? É fácil: se se vier a comprovar que ele é o principal responsável pela sua Má educação,…
Com isto, até me esqueci que o problema gravita em torno do dinheiro dos contribuintes.
Só uma questãozinha: se numa empresa, cujos quadros gerentes não gerem ou não sabem gerir, o material de trabalho é inadequado, a matéria prima de fraca qualidade, a estrutura deficiente, são os operários os culpados da falência?
"Tonibler"
Vejo que teve a amabilidade de me responder e, na resposta, nos presentear com toda a extensão do que pensa sobre a questão que aqui nos ocupa. Poderá ter tido o meu comentário o mérito de provocar uma clarificação sua, que talvez tenha deixado alguns dos docentes que por aqui passam bem mais tranquilos – constataram que as acusações que aqui lhes faz regularmente assentam, não numa diferente opinião (e a divergência de opiniões é saudável), mas apenas numa atitude ostensivamente provocatória, inconsequente e só aparentemente fundamentada, que radicará talvez num hábito seu de projectar nos outros as próprias características.
Estando este patamar de conhecimento a seu respeito atingido, apenas lhe digo que, como consumidor dos seus comentários, não encontro nos mesmos interesse, que justifique investir neles qualquer outra argumentação.
Um debate acerca do que é efectivamente sucesso escolar é urgente ser feito, mas os políticos têm medo, porque é perigoso as pessoas se aperceberem que muito desse insucesso vem das parcas condições económicas que os portugueses vivem....e essas condições são da responsabilidade de quem governa e não de quem educa.
pois é meus amigos..
Caros professores "ofendidos",
É notável como as meus comentários afirmando coisas óbvias se apresentam a vós como provocações obtusas, ignorantes e de "má-fé".
Mas deixem-me só colocar-vos do outro lado. Suponham que a Ministra de Educação não orçamenta os vossos salários todos. E acrescento, a senhora é esforçada, trabalha 10 horas por dia, nem tudo depende dela (depende de haver dinheiro), etc.... Imagino que seja lícito ao cidadão(que colocou lá a ministra) pedir a vossa compreensão, mas vão todos passar a receber menos.
Numa perspectiva de reciprocidade da vossa relação com o cidadão, é isto. Imagino que também nesta situação sejam compreensivos face à falta de resultados. Ou vêm-me dizer agora que neste caso só vos interessa o resultados?
Caro Fer_Nan,
Respondi às perguntas que achei relevantes e esclareci o que queria dizer. Se o esclarecimento não respondeu a todas, terei todo o prazer de lhe responder.
Mas diga-me, Fer_nan, daquilo que me diz que, infelizmente, sei que acontece consigo e com muito mais gente, o que é razoável? Alguma dessas situações lhe parece minimamente aceitável? Naquilo que é a sua situação, o que é que resultou do interesse da educação dos alunos?
Deixe-me dar-lhe a minha opinião: A sua situação não é minimamente razoável, ou sequer aceitável e NADA resultou do interesse da educação dos alunos. A sua situação resulta unicamente de se ter feito de um meio, a colocação de professores, um fim. E isto só acontece porque o estado é, simultaneamente, empregador, consumidor, controlador, investidor,...Faz a festa, manda os foguetes, vai buscar as canas...
Pergunta-me se aguentaria. Claro que não. Nem eu, nem ninguém. Mas é admissível tal situação onde quer que seja? Das duas, uma. Ou o posto de trabalho existe, ou não existe. Se não existe, certamente já tinha resolvido a sua vida de qualquer forma. Em 10 anos já tinha tirado outro curso e já estava com a vida estabilizada.
Claro que a culpa é de todos nós, ou não estivessemos a falar de um sistema público de ensino. Agora, ou assumimos que 'nós' sabemos resolver o problema, ou assumimos que 'nós' somos incompetentes para o resolver. E o problema é maus resultados, não é o seu problema. Porque o 'nós' vive bem com o seu problema, senão não estava nessa situação.
O 'nós' está para resolver o problema há 30 anos. Já se aumentou os professores, já se formou professores, já se fez quadros disto e daquilo, já se refez e reformou, já se fez de tudo. Resolveu alguma coisa? Não. Os resultados são cada vez piores.
Por mim, fecha. Já chega. Está na altura de assumir que o 'nós' é incompetente para tomar conta do problema (e razões, há 10 milhões delas..) e pagar a quem o saiba resolver. Para isso, 'vendo' as escolas, com edifício e professores. Pego nos meus impostos, divido pelos número de alunos e chegos aos pais e digo: 'Escolha uma escola, a melhor que arranjar, que eu pago. Se o rapazinho não se safar eu não pago.'(no extremo) O dinheiro é o mesmo, os problemas é que são diferentes.
É claro que numa situação destas, maus professores podem dedicar-se à pesca. Problemas de colocações acabam de vez, porque quem escolhe são as escolas. Problemas de quadros disto e daquilo, fim.
Mas como o 'eu' não é o 'nós', parece que o 'nós' ainda está disposto a viver mais uns tempos como estamos. E agora diga-me, Fer_Nan, e você?
Caro ppppa,
No dia em que a escola conseguir atingir o ponto em que falarmos dela como uma fábricas de médios alunos, então falemos de fábricas de bons alunos e, depois, de fábricas de excelentes alunos. Sirvam os alunos, é para isso que existem. De resto, só confirma a minha convicção de que o estado português é incapaz de produzir educação. Mas se me puder mostrar que os resultados dos alunos com professores com o 9º ano são piores que os resultados dos alunos com professores super-ratos-da-barbatana, concordo consigo. É isto que interessa, o resto são detalhes administrativos que o cidadão não tem nada que ver com isso.
E respondendo-lhe como empresário que, por acaso, só contrata pessoas graduadas, se esses técnicos superiores estão desempregados foi porque ninguém lhes encontrou utilidade, como é óbvio. As razões para isso dava um tratado.
Caro Fer_Nan,
Eu mudei de carreira com 30 anos, voltei a fazer tudo de início e passados 5 anos tinha atingido a sociedade da empresa para onde fui trabalhar. Agora, se lhe disser quantas horas trabalhei por dia, quantos dias por semana, qual o nível de conhecimento que tive que atingir em três áreas completamente diferentes...Certa, só a morte. O resto só depende de nós.
O ensino está mau porque gastamos num aluno do secundário mais que o que gastaríamos num curso de medicina dentária na Católica e quando lhes fazemos exames temos médias de 11,12,13, 9!. Isto são factos, puros e duros.
Exmo. Sr. Professor David Justino,
Importa-se de ser mais claro na sua resposta ao Alfe?
Eu não percebi...
Porque razão me impediu de me aproximar da minha residência?
A troco de quê fui eu obrigada a deixar para trás a minha filha, de 9 anos, entregue a amigos e que passei a ver só aos fins de semana?
Que estado é este que cria "Comissões de Protecção de Menores" e permite que o seu próprio Ministério da Educação coloque estas crianças em risco?
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