A propósito de um texto do Anthrax no seu blog, “PORTUGAL EM 1810 – Relato do Conde de Rosnay que serviu nos exércitos Napoleónicos”, acabei por fazer alguns comentários e, ao mesmo tempo, recordar alguns aspectos da alimentação dos portugueses praticada no século XVIII segundo os relatos dos viajantes estrangeiros. Um deles, Saussure, afirmava que “Em geral o Português é sóbrio, quer na bebida quer na comida. Um inglês, à sua conta, come mais carne de açougue e bebe mais vinho que quatro ou cinco Portugueses juntos”.
Aguçado o apetite lá andei nas prateleiras à procura da deliciosa obra de Carlos Veloso, "A Alimentação em Portugal no Século XVIII nos relatos dos viajantes estrangeiros" (Minerva, Coimbra, 1992). Revi algumas passagens segundo as quais os portugueses eram sóbrios, não bebiam praticamente bebidas alcoólicas (aliás era uma prática saudável cultivada na corte e que os cidadãos copiavam). Quando os beberrões dos britânicos "invadiram" Portugal acabaram por transmitir os seus maus hábitos, além de estimularem a produção vinícola. Os hábitos alimentares e comportamentais foram, sem dúvida, influenciados pelos corsários ingleses. Quem diria que um dos grandes flagelos que atinge muitos portugueses – o alcoolismo – tem, entre outros factores, um forte componente britânico? Claro que no caso de D. José as razões foram outras. “Antes do memorável Terramoto de 1755, era considerado abstémio, bebendo normalmente água às refeições; mas foi tal o efeito produzido no seu espírito e tão grave a depressão que o acometeu depois deste terrível castigo divino, que se receou que a sua saúde física tivesse seriamente afectada. O médico recomendou-lhe que tomasse vinho por julgar que este o faria recuperar a saúde; a prescrição foi do agrado do paciente, que se pensava que Sua Majestade se entregava demasiado ao seu uso”.
Como não havia antidepressivos utilizava-se a terapêutica do tinto…
2 comentários:
É, tenho de arranjar esse livro que deve ser bastante engraçado.
No entanto, há que a admitir que o tinto tem propriedades terapêuticas. Agora, se são antidepressivas, de facto, não sei... mas marcha muito bem com um queijito, um chouricito assado ou umas linguicitas, enfim, só imaginar todo este ritual já é uma boa terapia.
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