O título deste post é uma frase da brilhante conferência "A Confiança",proferida no dia 31 de Outubro pelo Prof. Raul Diniz, " na AESE – Escola de Direcção e Negócios, em boa hora publicada na revista dedicada à XI Assembleia de Alumni, subordinada ao tema “A Economia, as Pessoas e as Confiança”.
É difícil encontrar alguém com um tão completo dom de comunicar, de transmitir e de ensinar como tem o Prof. Raul Diniz, que nos deixa suspensos logo às primeiras palavras e nos prende até à última, num fascínio permanente. Não estou a exagerar, acreditem, mas já que não posso trazer aqui o som e a imagem que dão vida e carisma às suas intervenções, trago ao menos algumas das palavras que pude relembrar ao ler a revista:
“A maior parte dos economistas privilegia as explicações de tipo material – capital, trabalho, recursos naturais, etc. E se as mentalidades e os comportamentos constituíssem o principal factor de desenvolvimento ou subdesenvolvimento? Algumas das coisas mais importantes do mundo não se podem medir: são intangíveis.”
“Há muito quem defenda que não se deve confiar nas pessoas, que não se deve confiar que as pessoas vão fazer as coisas certas e que é preferível desenhar sistemas que as ajudem a proceder bem. (…)Todos desejaríamos sistemas de tal modo perfeitos que já ninguém precisasse de ser bom.(…) Numa cultura saudável baseada na confiança, esta e o controlo são duas faces da mesma moeda”.
“Vivemos simultaneamente uma crise de confiança e uma cultura de suspeita (…) as plantas crescem mal quando estamos sempre a auditar as raízes”, “os homens constroem demasiados muros e poucas pontes (…) a confiança reduz a complexidade social”, “se não há confiança mútua, diminui o sentido de responsabilidade e inibe-se a liberdade. A perda de confiança tem exigido uma regulação mais invasiva e, paradoxalmente, ou não, o aumento dos níveis de controlo e sancionamento reduzem mais a confiança do que a restauram”.
“Confiar no outro significa que acredito que não me prejudicará ou explorará, especialmente quando esse risco existe.”
“Muitas vezes aparece aquela dicotomia difícil – eu perdoo, mas não esqueço – que tem uma certa razão de ser, porque o perdão tem a ver com a vontade – eu posso querer perdoar, mas a desconfiança entrou pelo conhecimento de alguma coisas que cai no campo da memória e tenho dificuldade em esquecer”.
“Qualquer dirigente sensato teria uma forte motivação para investir no desenvolvimento da confiança, se esta se pudesse comprar no mercado, pois o seu retorno seria muito superior ao de qualquer outro negócio”, mas “a confiança dá-se fundamentalmente entre pessoas e exprime uma relação muito mais profunda e complexa que chega à confiança nas intenções, ou seja, aquilo que cada um tenta conseguir dos outros”.
“Quem mantém uma relação com uma pessoa, com um grupo, sem confiar nele? Ou, se preferirem, quanto tempo dura uma relação se a confiança acabou? É que a confiança não é estática, tem que ser ganha e reforçada ao longo do tempo pela aderência constante aos valores que estão no seu fundamento. Exige esforço e vontade para manter”.
É tão difícil seleccionar apenas pequenos excertos desta conferência, que amanhã continuo este meu esforço para vos dar uma pálida ideia do seu todo.
É difícil encontrar alguém com um tão completo dom de comunicar, de transmitir e de ensinar como tem o Prof. Raul Diniz, que nos deixa suspensos logo às primeiras palavras e nos prende até à última, num fascínio permanente. Não estou a exagerar, acreditem, mas já que não posso trazer aqui o som e a imagem que dão vida e carisma às suas intervenções, trago ao menos algumas das palavras que pude relembrar ao ler a revista:
“A maior parte dos economistas privilegia as explicações de tipo material – capital, trabalho, recursos naturais, etc. E se as mentalidades e os comportamentos constituíssem o principal factor de desenvolvimento ou subdesenvolvimento? Algumas das coisas mais importantes do mundo não se podem medir: são intangíveis.”
“Há muito quem defenda que não se deve confiar nas pessoas, que não se deve confiar que as pessoas vão fazer as coisas certas e que é preferível desenhar sistemas que as ajudem a proceder bem. (…)Todos desejaríamos sistemas de tal modo perfeitos que já ninguém precisasse de ser bom.(…) Numa cultura saudável baseada na confiança, esta e o controlo são duas faces da mesma moeda”.
“Vivemos simultaneamente uma crise de confiança e uma cultura de suspeita (…) as plantas crescem mal quando estamos sempre a auditar as raízes”, “os homens constroem demasiados muros e poucas pontes (…) a confiança reduz a complexidade social”, “se não há confiança mútua, diminui o sentido de responsabilidade e inibe-se a liberdade. A perda de confiança tem exigido uma regulação mais invasiva e, paradoxalmente, ou não, o aumento dos níveis de controlo e sancionamento reduzem mais a confiança do que a restauram”.
“Confiar no outro significa que acredito que não me prejudicará ou explorará, especialmente quando esse risco existe.”
“Muitas vezes aparece aquela dicotomia difícil – eu perdoo, mas não esqueço – que tem uma certa razão de ser, porque o perdão tem a ver com a vontade – eu posso querer perdoar, mas a desconfiança entrou pelo conhecimento de alguma coisas que cai no campo da memória e tenho dificuldade em esquecer”.
“Qualquer dirigente sensato teria uma forte motivação para investir no desenvolvimento da confiança, se esta se pudesse comprar no mercado, pois o seu retorno seria muito superior ao de qualquer outro negócio”, mas “a confiança dá-se fundamentalmente entre pessoas e exprime uma relação muito mais profunda e complexa que chega à confiança nas intenções, ou seja, aquilo que cada um tenta conseguir dos outros”.
“Quem mantém uma relação com uma pessoa, com um grupo, sem confiar nele? Ou, se preferirem, quanto tempo dura uma relação se a confiança acabou? É que a confiança não é estática, tem que ser ganha e reforçada ao longo do tempo pela aderência constante aos valores que estão no seu fundamento. Exige esforço e vontade para manter”.
É tão difícil seleccionar apenas pequenos excertos desta conferência, que amanhã continuo este meu esforço para vos dar uma pálida ideia do seu todo.
3 comentários:
Suzana
Também li a intervenção e em tempos tive a sorte de muitas vezes ouvir o Professor Raul Diniz, que para além de ser um excelente comunicador é um homem extremamente sabedor, com um pensamento muito profundo, que dá gosto conhecer.
Falar sobre o tema "confiança" não é tarefa fácil. Mas ao ler a intervenção, encontro muitas verdades e sentimentos que partilho totalmente, mas que não tinha tido a oportunidade de ver escritos de uma forma tão lúcida e cristalina.
Sem dúvida que a confiança é um dos principais pilares do relacionamento humano. Os equilíbrios fundam-se na confiança. É por isso que as quebras de confiança são tão nocivas e estão na origem das crises, nos diversos planos em que o relacionamento se estrutura. Por isso vale a pena investir na confiança, alimentando-a e gerando interesses que a preservem e reforcem.
“A alma não tem segredos que o comportamento não revele”
É, dá que pensar...
Ele disse que essa frase é atribuída a Lao-Tsé?
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