Volto a confessar hoje, aqui no 4R, que nada percebo de economia. Algo vou aprendendo com os distintos economistas que aqui escrevem, ficando feliz porque o seu pessimismo não é tão tremendista como o de alguns que por aí ouço vaticinar o apocalipse para breve.
Esta minha falta de cultura será seguramente o motivo porque não percebo a razão adiantada hoje pelo sr. Dr. Vitor Constâncio quando aconselha o governo e o parlamento a não baixarem os impostos.
Julgava - na minha santa ignorância! - que o governador do BdP iria explicar que baixar impostos não seria bom porque o momento é de ter mais Estado, não de o Estado se obnubilar. E que a redução da carga fiscal geraria uma maior disponibilidade para o consumo e a poupança pelas famílias, ou constituiria reserva de investimento para as empresas.
Mais. O pouco que a minha inteligência atinge dos meandros desta complexa e algo enigmática ciência, permitir-me-ia ainda compreender que esse efeito não seria do agrado do Dr. Constâncio porque contrário à sua fé nas vantagens de um maior peso do Estado na economia.
Afinal o Dr. Vitor Constâncio veio dizer que não recomenda o alívio fiscal porque "as descidas de impostos são sempre difíceis de inverter". Se bem entendo o que quer dizer, em Portugal é dificil subir impostos.
Concluo que a minha ignorância deve também ser fruto de muita distracção. Porque no País em que vivo sempre me pareceu que a coisa mais fácil (e menos ponderada) que um governo consegue fazer é justamente subir todos os impostos...
12 comentários:
O coitado deve ter os óculos obnibulados...
Caro Ferreira de Almeida:
O episódio retrata fielmente o manicómio em que nos encontramos.
Atinge a loucura esta predisposição para ver os impostos aumentados, em vez de diminuídos.
E a loucura de continuar uma política fiscal que só tem trazido contracção de investimento em benefício de desperdício em maior consumo público.
Fosse a despesa pública virtuosa e esraríamos ricos e florescentes.
Realmente, o argumento da dificuldade de subir os impostos só pode ser um elogio a este governo, que foi a primeira coisa que fez quando tomou posse e tem continuado todos os anos a fazer essa coisa tão difícil. E ainda por cima, certamente por modéstia, afirma repetidamente que não o faz. Na verdade a modéstia é a marca distintiva de José Sócrates, como se tem visto abundantemente e ainda hoje na entrevista que deu na SIC-notícias.
As previsões do Dr. Vitor Constâncio, são as mais pessimistas dos últimos anos.
Apesar da crise, estes dados deixam-me intrigado porque contrastam em muito com as previsões “irrealistas” do governo. O problema está na dimensão pois, na minha opinião, estas previsões vem em boa hora para o governo pois suportam a tese de que a governação nada tem a ver com a situação do país. A fonte de todos os males é a CRISE INTERNACIONAL. Quase que apostava que na altura das eleições não se prevêem números tão negros e se atribua mérito à acção do governo.
Duvida: Não deveria aparecer um número para o défice previsto para 2009? Achei estranho não o ouvir!
Só mais uma nota, à parte deste post. Fiquei chocado ao ver na sic a capa do Jornal Público que vai sair hoje e refere que o PM José Sócrates, passou no teste na entrevista à SIC pois deu 9 informações certas, 4 erradas e 4 duvidosas.
Eu até posso dar crédito a um político quando ele diz a verdade. Mas não é essa a sua obrigação?
Não posso, é admitir que ele minta! Pior é quando mente conscientemente, não sei se é este o caso. Amanhã veremos!
Eu não entendo muito bem esta intervenção de Vitor Constâncio. Nos seus comentários e conselhos, pareceu-me que ele entrou por caminhos que cabem ao governo.
A princípio pensei que era manobra concertada com o governo para lhe reabilitar a chamuscada imagem, mas depois vi a mal contida fúria de Teixeira dos Santos, que se recusou a comentar as palavras de Constâncio.
Não surpreende que Constâncio se tenha posto em bicos dos pés por sua iniciativa, para tentar fazer esquecer o seu execrável papel em matéria de regulação.
Terá sido pelo mesmo motivo que ainda há dias publicou umas regras que procuram disciplinar os bancos relativamente aos serviços que cobram aos clientes? Ao fim de tantos anos à frente do BdP, só agora é que se lembrou disso?
O que lamento é não ver da parte do PSD um sopro de ânimo combativo para vir a terreiro de imediato fazer as críticas que são necessárias. Será porque a actual líder do PSD, que andou ligada ao BdP, também se sente comprometida com a falta de controlo do BdP relativamente ao regabofe em que viveram os banqueiros? Com líderes comprometidos não vamos a lado nenhum.
Creio, caro Dr. José Mário, que o conselho dado pelo Dr. Vitor Constâncio, não é em minha opinião desajustado. Desajustada, considero que é a justificação, mas isso é outro assunto.
Vejamos. Se o nosso 1º ministro nos afiança que o governo tudo fará para que o desemprego não aumente no próximo ano, prevendo ainda que as nossas exportações irão retomar no ano seguinte, só tem uma forma de poder concretizar esse anúncio. E essa forma como todos sabem, é dinamizar o investimento do estado estimulando o consumo interno, ou seja, fazendo com que o Zé gaste, para que o António e o Manuel produzam e por aí adiante. Neste momento de crise ressessiva, é fundamental que o estado não baixe os impostos e que utilize o dinheiro dos contribuintes em investimento, que até pode ser de obras públicas: de pontes, de auto-estradas de aeroportos. Agora, é imperativo que essas obras não utilizem materiais nem tecnologias importados, senão mais vale retirar a válvula do esgoto e deixar ir tudo pelo cano abaixo.
Se o meu amigo Dr. Ferreira de Almeida, afirma que nada percebe de economia, depois de ter confessado que frequentou aulas de Economia Política na época do PREC, mas que "fala com eles" eu tenho de confessar, que "eles nem sequer falam comigo" (ahahah).
Mas, tal como tive oportunidade de comentar no post " Depois da casa roubada trancas à porta" colocado pela Drª Margarida Corrêa de Aguiar: (A verdade cara Drª. Margarida, é que foram muitas Misses Jones com os seus porquinhos e o seu espírito apuradíssimo de economizar que alisaram o terreno onde foram edificados os edifícios da mais recente e sofisticada economia). Creio, caro Dr. que é importantíssimo recorrer às regras mais simples de economia, a racionalização das despesas, a produção sem desperdícios e a especialização da mão-de-obra, é utilizando estes conceitos-base que o projecto do governo poderá ser consistente e os portugueses verão minimizados os efeitos desta crise.
Meu caro Bartolomeu, ironias à parte, e sem prejuizo do respeito que me merecem todas as opiniões, a verdade é que as soluções que vejo implementadas noutros Estados - aliás, insuspeitos porque governados por partidos irmãos daquele em que o sr. governador do BdP é filiado - não servem para nós. A descida dos impostos é uma delas.
Mais curioso é verificar que apesar de o Governador aconselhar e o Governo aceitar o conselho, a verdade é que ouvi o Ministro Santos Silva, no Prós & Contras de 2ª feira, afirmar, como já o tinha feito o PM, que afinal se baixaram os impostos! Paradoxos? Só para quem não entendeu o que o PR quis dizer quando falou na necessidade de políticas de verdade e da venda de ilusões...
Quanto à aplicação da receita fiscal, esse é um problema crónico da nossa Administração, que, entendo eu, não deve ser analisado nesta conjuntura que oxalá seja efectivamente excepcional e passageira. Não sendo dos que estão em desacordo com o reforço do investimento público, sou absolutamente contrário a aplicação de dinheiros públicos em projectos sem demonstrado retorno ou valia. Nem sequer reclamo, como contribuinte, que o retorno ou a valia tenham natureza económica (reconheço a dificuldade de demonstrar o retorno económico de certos investimentos). Muitos há que visam satisfazer interesses gerais de natureza social ou cultural de 1ª ordem, e esses devem ter lugar.
Agora, posso apontar vários dos que o governo tem anunciado, designadamente concessões rodoviárias, cuja utilidade se não é nula é duvidosa, e muitos outros cuja oportunidade de realização não é seguramente esta...
Remeto os interessados para mais um interessante artigo de opinião de Paulo Morais, no DN: É só fazer as contas.
...Caríssimo Dr. José Mário, os estados socialistas a que se refere, encontram-se em situação muitíssimo mais favorável para aplicar uma descida de impostos, do que este a que o Sr. Professor Doutor Vitor Constâncio pertence.
Por variadíssimas razões, porem, considero que a primordial e incontestável, é a de uma maior garantia da gestão adequada da reserva de investimento que essa redução da carga fiscal proporciona. Temos exemplo recente da forma como foram geridos e aplicados os milhões de euros que a UE enviou para o nosso país e que deveriam ter sido aplicados na modernização da nossa agricultura e das nossas indústrias. E não me refiro somente aos critérios de atribuição desses subsídios, refiro-me tambem à quase inexistência de fiscalização da sua aplicação, resultando na prática uma quase inexistência agricula e talvez não exagere se disser uma total inexistência industrial. Diga-me sinceramente caríssimo Dr. José Mário se em sua opinião, uma economia no estado em que a nossa se encontra, poderá revitalizar-se ou até simplesmente manter-se viva, se o governo decidir aplicar como medida, uma redução de impostos?
Caro Drº Ferreira de Almeida:
O Drº Vítor Constâncio, ultimamente, está muito activo, talvez pretenda redimir-se do “regabofe” que foi a desregulação dos Bancos.
Quanto a aconselhar o Gov. a não baixar os impostos baseia-se (digo eu), no facto do BCE prever que não há perigo de deflação na zona euro, e nos finais de 2009 as coisas se recompõem…ou então acreditar no PM quando diz que o Gov. vai dar a mão às empresas…
Oxalá ele tenha razão mas, por via das dúvidas, o melhor era mesmo animar a economia baixando os impostos, injectando desta forma liquidez directa sem endividamento, naquelas empresas que ainda têm algum “pulmão”para resistir.
Mas enfim o homem é que sabe da poda(!?).
Meu caro Bartolomeu, sem qualquer dúvida, acho mesmo que a moderação do apetite fiscal do Estado é uma condição (não digo que é a condição!) para estimular a economia.
Um outra é o combate ao desperdício que consome aquilo que não deveria ser retirado às empresas e às famílias.
Caro Dr. José Mário, 100% de acordo com estas duas opiniões!
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