O primeiro livro que li de Naguib Mahfouz foi o “Rei Herege”, que descreve a actividade “jornalística” de um jovem egípcio ao entrevistar várias personagens que conviveram com Akhenaton, o inventor da primeira religião monoteísta. Um curto período que foi seguido do retorno ao velho politeísmo. Fosse qual fosse a razão para aquela tentativa, desejo sincero de rezar a um só Deus ou combater os existentes retirando daí proventos económicos e força politica, é certo que deve ter lançado a semente para a emergência, muitos séculos depois, das religiões monoteístas.
Recordei-me desta obra ao ler um artigo de opinião de Rosa Pereda no El Pais.
O monoteísmo é considerado como uma das mais formidáveis e duradoiras concepções do mundo. Este facto leva a editorialista a fazer uma comparação com o comunismo. Viveu durante algumas décadas, o mesmo tempo que a religião de Aton. Pereceu. A outra forma de governar, o capitalismo, ficou com o caminho livre para fazer o quer. Mas fez, e continua a fazer, muitos disparates. Enquanto ouve luta entre os dois sistemas políticos, conseguiu-se, umas vezes a bem outras a mal, um certo equilíbrio. Quando se já avizinhava a queda do comunismo, era previsível que a sua falta iria sentir-se mais tarde ou mais cedo. Não perfilho a ideologia comunista, mas reconheço que na sua base e nos seus princípios há algo de positivo, como é fácil de compreender. O pior é a sua execução prática que, ao limitar as capacidades e a liberdade de pensamento, origina situações que a história recente ensina-nos a não repetir. Do outro lado, existe demasiada liberdade e confiança nos seres humanos. O que é que acontece quando estes fazem o que lhes apetece? Bom, basta ver a situação de depressão mundial, a crise económica para rapidamente ficarmos a saber que muitos, e são muitos, dos que nos cercam não passam de uns vigaristas, bandidos, pessoas sem escrúpulos. Mesmo entre nós, abundam uma catrefada de sacanas que nos fazem despertar velhos instintos. Roubam, vigarizam, iludem, de forma descarada sem que os mecanismos existentes sejam capazes de os parar ou prender. É o resultado de uma forma social que não serve, pelo menos para a quase totalidade dos cidadãos, porque para “eles” serve e de que maneira. A democracia e a liberdade são valores universais que devemos cultivar, o pior é os que se aproveitam delas para nos ludibriarem.
O mundo não pode continuar a ser governado desta forma. É impossível, porque já começou a dar provas de insuficiências graves. É necessário reviver “velhos” princípios de solidariedade e de igualdade a fim de dignificar a existência humana. Sendo assim, é provável que no futuro – espero que não seja daqui a muito tempo -, possam surgir novas concepções de governo, um pouco à semelhança do efeito do deus único de Akhenaton e o aparecimento das religiões monoteístas.
Aton assim o permita.
Recordei-me desta obra ao ler um artigo de opinião de Rosa Pereda no El Pais.
O monoteísmo é considerado como uma das mais formidáveis e duradoiras concepções do mundo. Este facto leva a editorialista a fazer uma comparação com o comunismo. Viveu durante algumas décadas, o mesmo tempo que a religião de Aton. Pereceu. A outra forma de governar, o capitalismo, ficou com o caminho livre para fazer o quer. Mas fez, e continua a fazer, muitos disparates. Enquanto ouve luta entre os dois sistemas políticos, conseguiu-se, umas vezes a bem outras a mal, um certo equilíbrio. Quando se já avizinhava a queda do comunismo, era previsível que a sua falta iria sentir-se mais tarde ou mais cedo. Não perfilho a ideologia comunista, mas reconheço que na sua base e nos seus princípios há algo de positivo, como é fácil de compreender. O pior é a sua execução prática que, ao limitar as capacidades e a liberdade de pensamento, origina situações que a história recente ensina-nos a não repetir. Do outro lado, existe demasiada liberdade e confiança nos seres humanos. O que é que acontece quando estes fazem o que lhes apetece? Bom, basta ver a situação de depressão mundial, a crise económica para rapidamente ficarmos a saber que muitos, e são muitos, dos que nos cercam não passam de uns vigaristas, bandidos, pessoas sem escrúpulos. Mesmo entre nós, abundam uma catrefada de sacanas que nos fazem despertar velhos instintos. Roubam, vigarizam, iludem, de forma descarada sem que os mecanismos existentes sejam capazes de os parar ou prender. É o resultado de uma forma social que não serve, pelo menos para a quase totalidade dos cidadãos, porque para “eles” serve e de que maneira. A democracia e a liberdade são valores universais que devemos cultivar, o pior é os que se aproveitam delas para nos ludibriarem.
O mundo não pode continuar a ser governado desta forma. É impossível, porque já começou a dar provas de insuficiências graves. É necessário reviver “velhos” princípios de solidariedade e de igualdade a fim de dignificar a existência humana. Sendo assim, é provável que no futuro – espero que não seja daqui a muito tempo -, possam surgir novas concepções de governo, um pouco à semelhança do efeito do deus único de Akhenaton e o aparecimento das religiões monoteístas.
Aton assim o permita.
2 comentários:
Se o nome de Aton surgisse na forma enigmática de um código, poderia representar outras palavras, por exemplo: nota, tona, otan, nato... Bahhh!!! mas isto sou eu a divagar.
O que eu desejo realmente comentar é o tom empolgado que denuncia um espírito inflamado, um peito onde arde ainda bem forte a chama do idealísmos. Parabens caro Professor Salvador Massano Cardoso.
Excelente post, como sempre, chamando a atenção para que é tão insensato querer governar dominando a vontade de todos, como confiar que cada um, entregue a si próprio, saberá olhar pelos interesses dos outros. Já consta dos Evangelhos, que o erro é sempre "ver o argueiro no olho do outro mas não ver a trave no seu".
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