O velho Tio Patinhas tornou-se uma personagem bem real nos nossos dias. Saltou das esquadrias que o prendiam na banda desenhada, a ficção ganhou vida e anima agora as notícas dos jornais e das televisões, o pato sortudo, sempre vitorioso nas crises maléficas, feito carne e osso, a rir-se de quem julgava tê-lo derrotado.
Quem não se lembra do velho pato milionário e forreta, que vivia para juntar dinheiro para o aferrolhar numa caixa forte? Quem não se lembra da invariável trama daquelas histórias aos quadradinhos, o Tio Patinhas sempre preocupado em aumentar a sua fortuna com golpes de sorte, a divertir-se a mergulhar para o seu mar de moedas acumuladas, fanfarrão e egoísta, sempre a arranjar desculpas para não pagar os serviços do sobrinhos pobres, o Pato Donald e os escuteiros mirins Huguinho, Zezinho e Luisinho?
A origem da fortuna do Tio Patinhas era atribuída à misteriosa moedinha da sorte, que ele guardava a sete chaves, não era ao trabalho, nem aos negócios, mas apenas à sorte das circunstâncias. A razão pela qual a fortuna se mantinha era a sovinice, a arte que ele tinha de pôr os outros a pagar tudo o que ele necessitava e ainda por cima até parecia que era ele que lhes fazia um favor.
O Tio Patinhas era perseguido pela Maga Patalógica, uma bruxa matreira que o perseguia para lhe roubar a moeda talismã e a fortuna acumulada. Aparecia quando menos se esperava, apanhava tudo e todos de surpresa, mesmo sabendo-se que ela nunca se tinha afastado muito e que espreitava apenas o momento de distracção para agir.
A Maga Patalógica era a figura da crise em saltos altos, armava ciladas, mudava de aspecto e quando, finalmente, se apoderava da moeda e o cofre forte se esvaziava num ápice, ouviam-se as suas gargalhadas de troça enquanto voava para longe na sua vassoura mágica.
O Tio Patinhas guardava então o chapéu alto e vestia o traje de mendigo, gritava que estava à beira da falência total, assim de um dia para o outro, ora rico ora pedinte, e atirava-se para o chão, a dar bengaladas à toa, até conseguir usar indecentemente a ingenuidade e a bondade confiada dos seus solícitos e aflitos sobrinhos, que corriam riscos e tormentos para salvar o tio da derrocada.
As histórias acabavam sempre com o pato espertalhão, forreta e egoísta, a sair vencedor da bruxa má, hoje chamada crise, e com a sua fortuna a salvo. Os pobres e heróicos sobrinhos regressavam à sua velha casa, exaustos, cheios de mazelas, ainda mais pobres, dependentes e sempre desenganados quanto à sua prometida generosidade.
A Maga-crise ficava a ruminar noutra oportunidade, o Tio Patinhas voltava a mergulhar na sua piscina de moedas e ignorava olimpicamente os trouxas que tinham arriscado a vida para o salvar. Logo os chamaria de novo, quando fosse preciso.
Hoje, abrimos e jornal e encontramos tios patinhas por todos os lados. Sobrinhos, também, mesmo que voluntários à força. E receio que as histórias terminem todas da mesma maneira.
Quem não se lembra do velho pato milionário e forreta, que vivia para juntar dinheiro para o aferrolhar numa caixa forte? Quem não se lembra da invariável trama daquelas histórias aos quadradinhos, o Tio Patinhas sempre preocupado em aumentar a sua fortuna com golpes de sorte, a divertir-se a mergulhar para o seu mar de moedas acumuladas, fanfarrão e egoísta, sempre a arranjar desculpas para não pagar os serviços do sobrinhos pobres, o Pato Donald e os escuteiros mirins Huguinho, Zezinho e Luisinho?
A origem da fortuna do Tio Patinhas era atribuída à misteriosa moedinha da sorte, que ele guardava a sete chaves, não era ao trabalho, nem aos negócios, mas apenas à sorte das circunstâncias. A razão pela qual a fortuna se mantinha era a sovinice, a arte que ele tinha de pôr os outros a pagar tudo o que ele necessitava e ainda por cima até parecia que era ele que lhes fazia um favor.
O Tio Patinhas era perseguido pela Maga Patalógica, uma bruxa matreira que o perseguia para lhe roubar a moeda talismã e a fortuna acumulada. Aparecia quando menos se esperava, apanhava tudo e todos de surpresa, mesmo sabendo-se que ela nunca se tinha afastado muito e que espreitava apenas o momento de distracção para agir.
A Maga Patalógica era a figura da crise em saltos altos, armava ciladas, mudava de aspecto e quando, finalmente, se apoderava da moeda e o cofre forte se esvaziava num ápice, ouviam-se as suas gargalhadas de troça enquanto voava para longe na sua vassoura mágica.
O Tio Patinhas guardava então o chapéu alto e vestia o traje de mendigo, gritava que estava à beira da falência total, assim de um dia para o outro, ora rico ora pedinte, e atirava-se para o chão, a dar bengaladas à toa, até conseguir usar indecentemente a ingenuidade e a bondade confiada dos seus solícitos e aflitos sobrinhos, que corriam riscos e tormentos para salvar o tio da derrocada.
As histórias acabavam sempre com o pato espertalhão, forreta e egoísta, a sair vencedor da bruxa má, hoje chamada crise, e com a sua fortuna a salvo. Os pobres e heróicos sobrinhos regressavam à sua velha casa, exaustos, cheios de mazelas, ainda mais pobres, dependentes e sempre desenganados quanto à sua prometida generosidade.
A Maga-crise ficava a ruminar noutra oportunidade, o Tio Patinhas voltava a mergulhar na sua piscina de moedas e ignorava olimpicamente os trouxas que tinham arriscado a vida para o salvar. Logo os chamaria de novo, quando fosse preciso.
Hoje, abrimos e jornal e encontramos tios patinhas por todos os lados. Sobrinhos, também, mesmo que voluntários à força. E receio que as histórias terminem todas da mesma maneira.
5 comentários:
Delicioso post cara Drª Suzana Tuscano, só me desagradou que não tivesse mencionado os "Irmãos Metralha". Ainda para mais, porque são uns personagens simpáticos, trapalhões e patuscos. Talvez na próxima...
A propósito de fortunas e de crises e de roubos, de patinhas, patológicas e metralhas, lembrei-me de um artigo que faz o centro da capa do expresso de ontem "Banca salva Berardo da falência". Logo no início do desenvolvimento da notícia, na página 7, lê-se algo de muito interessante: Joe Berardo, conseguiu um acordo muito favorável (pena não se saber quão favorável)no reforço das garantias do empréstimo que contraíra para comprar acções do BCP. Este acordo, segundo noticia o Expresso, foi fechado com a CGD, o BCP(?) e o BES, ficando de fora o Santander Totta, por não concordar com os activos que estavam a ser entregues como garantia.
Será? Ou o Tio Patinhas tem um sobrinho que é mais esperto que os outros?
Dão que pensar estas histórias de ficção aos quadradinhos…saltam para a vida real e continuam a ser um grande entretenimento cá pela Patapólis, agora no país dos patootários!…
Suzana
As histórias aos quadradinhos que fazem o delírio das crianças são escritas por adultos. Para as crianças têm por vezes uma função educativa com sabor a ficção porque ainda não sabem do que gasta a realidade, mas os adultos se as lessem encontrariam nelas, como a Suzana demonstra na sua apetitosa "história aos quadradinhos", muito do que na realidade se passa.
É uma leitura que se recomenda, pois poderia ser que de tanta leitura a realidade pudesse mudar!
Caro Bartolomeu, a galeria de personagens é riquissima mas acho que teríamos que dar relevo ao Pateta, esse bonacheirão ingénuo que vivia feliz porque nunca percebia as trapaças dos outros...e acabava ileso por milagre!
Caro jotac, a avaliar pela extensão da crise e pelas notícias, a Patolãndia globalizou-se!
Margarida, os nossos pais tanto contrariavam essas leituras, eles lá sabiam que afinal aquilo era leitura para adultos, deviam ter a bolinha de aviso no canto superior direito!:)
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