Acho que não sonhei. Penso ter ouvido que vai ser dada primazia ao currículo ético dos gestores. A experiência e os princípios éticos são vitais para evitar a repetição dos descalabros que ocorreram por esse mundo fora e que fazem sofrer a quase totalidade dos cidadãos deste estranho mundo. Uma ideia muito bonita. E não venham dizer que só os que têm experiência como profissionais de gestão é que são capazes de tomar conta da economia e da produtividade. Qual quê! Indivíduos com a quarta classe antiga, médicos, dentistas, engenheiros, juristas, peixeiros, agricultores, só para citar alguns, e não me alongar muito, são capazes de gerir e de fomentar a riqueza. Sendo assim, não podemos considerar como indispensáveis os tais “doutos profissionais” da gestão. O que importa é que sejam respeitados certos valores e, naturalmente, os que têm a responsabilidade da gestão sejam eticamente irrepreensíveis, característica que, infelizmente, não tem sido cultivada.
Às tantas, pensei: mais uma utopia! Ato contínuo fui transportado para uma tarde chuvosa de um Verão distante, em que, impossibilitado de ir com os miúdos para a praia, acabei por ficar no átrio de um hotel a devorar a obra de Tomás Morus, “Utopia”, na qual, Rafael, um marinheiro português, relatava a existência de uma cidade, cujos habitantes, vidas e organização ultrapassavam tudo o que se conhecia e praticava. Bendita chuva! Fiquei com uma vontade louca de ir parar aquele paraíso.
Agora fico na dúvida. Não sei se foi a “utopia” da original afirmação sobre a primazia dos valores éticos a considerar no recrutamento dos gestores ou se foi o facto de a tarde desse dia persistir, teimosamente, na onda prolongada e triste de chuva que me levou a um plúmbeo dia de Agosto no barlavento algarvio.
Agora que os dias começaram a ser alegres, quentes e soalheiros, deu-me para reler a “Cidade do Sol” de Tomás Campanella. Sol exige Sol. Esta obra, utópica, encerra conceitos muito interessantes, alguns dos quais chegam a ser um pouco incompreensíveis, mas, de qualquer modo, ilustrativos da forma como deveriam comportar-se os seres humanos. A dada altura, na sequência de mais uma pergunta do Grão-mestre, o Almirante disserta “que ninguém pode receber favores particulares, porque todos obtêm da comunidade o necessário, e porque os magistrados velam para que ninguém obtenha mais do que merece (sem que o necessário lhe seja negado)". Logo de seguida realça as ocasiões em que a amizade, “grandemente sentida”, se manifesta.
O mundo está “moriático”. Moria, a deusa da loucura, tomou conta dos “gestores”. Não gosto deste tipo de loucura, prefiro a outra, aquela que faz o seu auto elogio, a produzida pelo amigo de Tomás Morus, Erasmo de Roterdão, que lha dedicou, fazendo um divertido trocadilho com o seu apelido, Morus.
Não há nada como viver “em lugar nenhum”, ou, então, num sítio onde não houvesse vigaristas e trafulhas da primeira apanha. Já me contentava com um lugar destes...
Às tantas, pensei: mais uma utopia! Ato contínuo fui transportado para uma tarde chuvosa de um Verão distante, em que, impossibilitado de ir com os miúdos para a praia, acabei por ficar no átrio de um hotel a devorar a obra de Tomás Morus, “Utopia”, na qual, Rafael, um marinheiro português, relatava a existência de uma cidade, cujos habitantes, vidas e organização ultrapassavam tudo o que se conhecia e praticava. Bendita chuva! Fiquei com uma vontade louca de ir parar aquele paraíso.
Agora fico na dúvida. Não sei se foi a “utopia” da original afirmação sobre a primazia dos valores éticos a considerar no recrutamento dos gestores ou se foi o facto de a tarde desse dia persistir, teimosamente, na onda prolongada e triste de chuva que me levou a um plúmbeo dia de Agosto no barlavento algarvio.
Agora que os dias começaram a ser alegres, quentes e soalheiros, deu-me para reler a “Cidade do Sol” de Tomás Campanella. Sol exige Sol. Esta obra, utópica, encerra conceitos muito interessantes, alguns dos quais chegam a ser um pouco incompreensíveis, mas, de qualquer modo, ilustrativos da forma como deveriam comportar-se os seres humanos. A dada altura, na sequência de mais uma pergunta do Grão-mestre, o Almirante disserta “que ninguém pode receber favores particulares, porque todos obtêm da comunidade o necessário, e porque os magistrados velam para que ninguém obtenha mais do que merece (sem que o necessário lhe seja negado)". Logo de seguida realça as ocasiões em que a amizade, “grandemente sentida”, se manifesta.
O mundo está “moriático”. Moria, a deusa da loucura, tomou conta dos “gestores”. Não gosto deste tipo de loucura, prefiro a outra, aquela que faz o seu auto elogio, a produzida pelo amigo de Tomás Morus, Erasmo de Roterdão, que lha dedicou, fazendo um divertido trocadilho com o seu apelido, Morus.
Não há nada como viver “em lugar nenhum”, ou, então, num sítio onde não houvesse vigaristas e trafulhas da primeira apanha. Já me contentava com um lugar destes...
1 comentário:
Viver "em lugar nenhum", representa um desejo de rompimento total com a sociedade e de fuga, rumo à eremitagem.
;)
Mas um lugar onde não existam vigaristas e/ou trafulhas, não existe, desde que nele esteja um homem, mesmo que seja um só.
A menos que esse homem esteja incompleto, ou seja, que lhe falte uma das partes, seja a física, ou a espiritual.
Por isso, aqueles que buscam o equilíbrio espíritual e recorrem ao isolamneto tornando-se eremitas, tentam através de exercícios de meditação, potenciar a sua dimensão espirtual, desvalorisando quase por completo a dimensão material. Caso contrário, o conflito trafulha entre as duas irá manter-se, tentando cada uma delas vigarizar a outra.
;))
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