Escrevi esta semana aqui no AR sobre o escândalo do comportamento imoral dos executivos da AIG. De entre os vários comentários, registei a nota do Caro André Tavares Moreira, que dizia “(…) já que o sistema jurídico deles (common law) não exige que existe lei para ser julgado, não seria erróneo arranjar uma figura jurídica nova para estes casos, e criar jurisprudência." Pois foi isto que, mais ou menos, acabou por acontecer.
Com efeito, a imoralidade do pagamento da AIG de bónus aos seus executivos – os mesmos responsáveis pela sua falência - com o dinheiro dos contribuintes, que o governo americano injectou para a resgatar da falência, gerou indignação nos meios políticos e na opinião pública.
Veio agora a saber-se que o total dos bónus pagos àqueles executivos, que ascendeu a 218 milhões de dólares, superou o montante de 173 milhões de dólares de fundos públicos que evitou a falência.
Não deixa de ser espantoso como podem ser pagos prémios de desempenho a resultados catastróficos, não se vislumbra como estes gestores são merecedores de um qualquer bónus.
O argumento despudorado dos gestores de que nada na lei proibia o pagamento de bónus de uma empresa à beira da falência é o espelho da total ausência de ética. Depois da polémica instalada, e porque não seria possível consentir em comportamentos imorais e desrespeitadores dos mais elementares princípios de cidadania e responsabilidade social, o Congresso dos EUA aprovou uma lei em tempo recorde para tributar até 90% os bónus pagos a executivos de empresas que beneficiaram dos planos de intervenção, lançados pelo governo, de combate à crise financeira. Para grandes males, grandes remédios!
Esta medida é um sinal político forte de que não são toleráveis comportamentos de enriquecimento sem causa à custa dos contribuintes e de que não bastam declarações políticas bem intencionadas, sendo preciso actuar sem evasivas, legislando. Um exemplo a seguir por outros países.
Ainda assim, questiono-me como é possível que estes executivos sem formação moral, socialmente censurados e castigados por lei, que certamente não merecem a confiança dos contribuintes, podem continuar à frente dos destinos da AIG (e das "AIG" deste mundo)!?
Com efeito, a imoralidade do pagamento da AIG de bónus aos seus executivos – os mesmos responsáveis pela sua falência - com o dinheiro dos contribuintes, que o governo americano injectou para a resgatar da falência, gerou indignação nos meios políticos e na opinião pública.
Veio agora a saber-se que o total dos bónus pagos àqueles executivos, que ascendeu a 218 milhões de dólares, superou o montante de 173 milhões de dólares de fundos públicos que evitou a falência.
Não deixa de ser espantoso como podem ser pagos prémios de desempenho a resultados catastróficos, não se vislumbra como estes gestores são merecedores de um qualquer bónus.
O argumento despudorado dos gestores de que nada na lei proibia o pagamento de bónus de uma empresa à beira da falência é o espelho da total ausência de ética. Depois da polémica instalada, e porque não seria possível consentir em comportamentos imorais e desrespeitadores dos mais elementares princípios de cidadania e responsabilidade social, o Congresso dos EUA aprovou uma lei em tempo recorde para tributar até 90% os bónus pagos a executivos de empresas que beneficiaram dos planos de intervenção, lançados pelo governo, de combate à crise financeira. Para grandes males, grandes remédios!
Esta medida é um sinal político forte de que não são toleráveis comportamentos de enriquecimento sem causa à custa dos contribuintes e de que não bastam declarações políticas bem intencionadas, sendo preciso actuar sem evasivas, legislando. Um exemplo a seguir por outros países.
Ainda assim, questiono-me como é possível que estes executivos sem formação moral, socialmente censurados e castigados por lei, que certamente não merecem a confiança dos contribuintes, podem continuar à frente dos destinos da AIG (e das "AIG" deste mundo)!?
5 comentários:
Cara Margarida Corrêa de Aguiar,
Penso que esta é mais uma prova que Obama tem vindo a cumprir o papel que era esperado. Que fosse capaz de ser implacável com a justiça social. Honestamente, julgo que Bush não teria tido coragem para penalizar os gestores da AIG.
Quanto às AIG deste mundo, enfim... Resta-nos esperar pela consciência de cada um.
Em relação às "AIG deste mundo", penso que não haverá muitas outras, visto que esta era a maior seguradora que existia (daí ser "too big to fail").
Uma imprecisão que deve ser corrigida: a ajuda dada pelo Governo americano cifra-se em mais de 160 mil milhões de dólares, valor significativamente (3 ordens de grandeza!) acima dos prémios pagos aos seus gestores.
De referir ainda que Obama foi quem recebeu mais dinheiro da AIG para ajuda na recente campanha. Como se costuma dizer, não há almoços grátis...
Boa pergunta, Margarida, será que os accionistas continuam a confiar nesses gestores e tem que ser o Estado a publicar uma lei que neutralize as suas imoralidades? Ou haverá um contrato qualquer que legitima essas remunerações independentemente do resultado da Gestão? É tudo tão incompreensível que começamos a duvidar da informação que nos chega. Será caso para dizer que os gestores dessas empresas gigantes tinham (têm?) a faca e o queijo na mão...
Pois é Dra. Margarida Aguiar, se calhar o caro rxc tem razão, podem ser cumplicidades, um favor paga outro, e o resto pode ser música para os nossos ouvidos...
Embora a despropósito, deixe-me partilhar, também consigo, este pequeno texto para sorrir nesta manhã.
"Numa manhã, a professora pergunta ao aluno:
- Diz-me lá quem escreveu 'Os Lusíadas'?
O aluno, a gaguejar, responde:
- Não sei, Sra. Professora, mas eu não fui.
E começa a chorar.
A professora, furiosa, diz-lhe:
- Pois então, de tarde, quero falar com o teu pai.
Em conversa com o pai, a professora faz-lhe queixa:
- Não percebo o seu filho. Perguntei-lhe quem escreveu 'Os Lusíadas' e ele respondeu-me que não sabia, que não foi ele...
Diz o pai:
- Bem, ele não costuma ser mentiroso, se diz que não foi ele, é porque não foi. Já se fosse o irmão...
Irritada com tanta ignorância, a professora resolve ir para casa e, na passagem pelo posto local da G.N.R., diz-lhe o comandante:
- Parece que o dia não lhe correu muito bem...
- Pois não, imagine que perguntei a um aluno quem escreveu 'Os Lusíadas'...respondeu-me que não sabia, que não foi ele, e começou a chorar.
O comandante do posto:
- Não se preocupe. Chamamos cá o miúdo, damos-lhe um 'aperto' e vai ver que ele confessa tudo!
Com os cabelos em pé, a professora chega a casa e encontra o marido sentado no sofá, a ler o jornal. Pergunta-lhe este:
- Então o dia correu bem?
- Ora, deixa-me cá. Hoje perguntei a um aluno quem escreveu 'Os Lusíadas'. Começou a gaguejar, que não sabia, que não tinha sido ele, e pôs-se a chorar. O pai diz-me que ele não costuma ser mentiroso. O comandante da G.N.R. quer chamá-lo e obrigá-lo a confessar. Que hei-de eu fazer a isto?
O marido, confortando-a:
- Olha, esquece. Janta, dorme e amanhã tudo se resolve. Vais ver que se calhar foste tu e já não te lembras...! "
: )
Caro André Tavares Moreira
Esperar pela consciência de cada um não vai chegar. É preciso forçar a alteração de comportamentos, legislando se for necessário.
Caro rxc
Obrigada pela correcção. As "AIG deste mundo" foi uma força de expressão que utilizei para me referir a outras instituições financeiras com situações do mesmo tipo.
Tendo Barack Obama recebido dinheiros da AIG para financiar a sua campanha eleitoral, não deixou, ainda assim, de fazer o que tinha de fazer. Não ficou condicionado. Mais uma atitude digna de registar.
Suzana
É tudo muito esquisito. Qual é o papel dos accionistas? Mas será que aplaudiram o pagamento de bónus, quando a empresa está falida e não tem lucros para distribuir?
Caro jotaC
Tudo vem sempre a propósito! Pode crer que ainda me ri! Parece uma anedota, mas não é. Coitada da professora, como é que pode aguentar tanta ignorância, de manhã à noite? Se em vez de ter perguntado quem escreveu "Os Lusíadas" tivesse perguntado qual é o melhor clube de futebol, certamente que a resposta estaria na ponta da língua e com respostas bem variadas, para todos os feitios!
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