Continua a polémica sobre a "nova" lei das armas, como aqui se relata.
A questão, mais uma vez, não é de falta de lei, mas de falta de quem a aplique, pelo que a questão de saber se fica bem ou se fica mal incluir matéria penal no regime que regula a posse e utilização de armas, é uma daquelas polémicas que só se entende no actual contexto porque é bem conhecida a inclinação dos nossos parlamentares para o que é secundário.
Polémica e objecto de um vigoroso protesto, deveria ser a passividade como as autoridades toleram as batalhas entre grupos rivais, em plena rua, com utilização de verdadeiros arsenais de armas de fogo.
Polémico deveria ser o estado a que chegou o Estado, que nem a paz, a segurança e a tranquilidade públicas consegue garantir com os nossos impostos.
Polémico deveria ser o fenómeno de, em Portugal, país de pacatos cidadãos e de brandos costumes, para vencer o medo e conviver com o clima de insegurança, ter passado a existir um maior número de seguranças privados do que de polícias.
Polémica deveria ser a manutenção no cargo do MAI, mesmo depois de considerar que se regista um animador decréscimo das cifras negras da criminalidade após ser confrontado com os números que nos dizem que no ano transacto ocorreram mais de 2 crimes violentos por hora!
A discussão parlamentar sobre a "nova" lei das armas desvia a atenção do essencial e cauciona a estratégia do governo que, quando as políticas se revelam erradas, vê sempre na falta de lei a desculpa. Neste como noutros casos não existe falta de lei, existe sim falta de autoridade do Estado, uma fraqueza progressivamente acentuada que, numa conjuntura de maior sofrimento social, é o melhor estímulo para o crescimento da criminalidade.
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