Prós e Contras, um programa que não via há muito. Fala-se de desemprego. Uns minutos bastaram para perceber que do lado de representantes de empregadores e dos cripto-dirigentes sindicais é o discurso que se ouve há anos. O mundo mudou. A competição já não se faz no espaço regional, mas à escala global. E no entanto o discurso é o mesmo, um discurso assente em velhas receitas,caseiras, que pouco têm que ver com os problemas de hoje. Ninguém diz que a revolução tecnológica mudou radicalmente os mercados, mudou radicalmente a relação de trabalho. Não há um só daqueles personagens que diga o óbvio: que só existe mais emprego quando existirem condições para criar mais riqueza.
Valeu um senhor, de nacionalidade sueca, que se borrifou para o tema e no meio do zumbido habitual disse de sorriso aberto, que "Portugal era o melhor país do mundo!" e que "onde outros por aqui só viam problemas" ele "via oportunidades". E lá seguiu exibindo um livro que tinha escrito sobre as tais oportunidades. A intervenção do sueco otimista não me pareceu contribuir para a solução da falta de emprego. Mas creio que o homem tinha razão. Esta é mesmo uma terra de oportunidades. No caso, deram-lhe a oportunidade de vender mais uns livritos...
Aliás, o programa foi repleto de verdadeiras pérolas. Tantas, que não caberiam num só post. Mas anoto que o senhor presidente da CIP disse que "vamos sair mais velhos da crise", o que, de facto, nos confronta com a amarga realidade de que tiradas destas só ocorrem a meninges privilegiadas. E o senhor da CGTP disse que "a crise não vai acabar com o ser humano", o que, de facto, é o maior dos problemas porque na existência da humanidade está afinal a ontologia do desemprego.
4 comentários:
José Mário
Também já não via há algum tempo o programa Prós e Contras. Desta vez lá fui ouvindo alguma coisa à distância. Rapidamente me apercebi que não se justificava estar a escutar as discussões do costume que não levam a lado algum.
A única novidade foi mesmo o tal senhor sueco, penso que seria economista, que explicou que Portugal tem solução e depois lá debitou vários exemplos, alguns ligados ao aproveitamento da energia renovável.
Enfim, sempre se ouviu um dissidente do grupo dos "profetas da desgraça"!
Concordo com tudo o que o caro Dr. aqui escreve, contudo, vejo como única solução, precisamente a valorização da "competição" regional. Não é novidade, já por diversas vezes tive oportunidade de manifestar o meu apreço por um novo regime municipalista.
De todo o modo, penso que dado o estado actual do... estado, não ficaria nada mal uma missinha por rogo, desde que... ninguem se lembre de levar antúrios. Não é por nada, é que até podia dar a impressão que nos estávamos a querer... tramar, (tramar! é a palavra certa) uns aos outros.
De acordo, meu caro Bartolomeu. Aprofundar a descentralização pode ser um contributo na perspectiva de que são necessários novos poderes, sobretudo baseados no conhecimento e na inteligência. Até agora têm sido sobretudo baseados na preferência partidária o que resolvendo problema de emprego de alguns, não creio que resolva o problema de que era suposto falar-se no programa da TV de ontem.
Margarida, não sei se o senhor sueco - que julgo que já por ali tinha passado - é economista. Mas não duvido que percebe de economias...e de marketing!
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